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Pneumonia de repetição: o que preciso saber para a prática médica?

Pneumonia de repetição

Índice

Pneumonia de repetição: tudo o que você precisa saber para sua prática clínica!

A pneumonia de repetição é uma das inúmeras possíveis etiologias de infecções respiratórias de repetição. Embora também ocorra em adultos, essa é uma condição que atinge muitas crianças abaixo dos 6 anos de idade.

Antes de compreendermos o que é uma pneumonia de repetição, é preciso entender os critérios que são mais utilizados para definir as infecções respiratórias de repetição. Isso ajuda a nortear o diagnóstico e elencar possíveis diagnósticos diferenciais.

Preparamos esse resumo para auxiliar você a compreender como deve-se proceder a partir da suspeita diagnóstica de pneumonia de repetição em relação a diagnóstico e tratamento.

Vem com a gente!

Quais os critérios de uma pneumonia de repetição?

Esses critérios incluem:

  • A ausência de doença de base que justifique a infecção de repetição, tais quais deficiências imunológicas, fibrose cística ou malformações conhecidas das vias aéreas, por exemplo;
  • A presença de pelo menos uma das seguintes condições: uma infecção respiratória mensal (ou mais); seis ou mais infecções respiratórias dentro de 12 meses; três ou mais infecções do trato respiratório inferior.

Para definir a pneumonia de repetição, entretanto, é preciso que ocorram dois ou mais episódios dentro de 12 meses OU mais de três episódios em algum momento da vida e que tenha ocorrido a melhora dos achados radiológicos entre os episódios.

Pneumonia de repetição: causas e fatores predisponentes

A pneumonia de repetição é mais associada a exposição de entes infecciosos. Sobretudo nas estações do outono e do inverno, onde as condições climáticas variam bastante.

Por acometer principalmente crianças nos primeiros anos de vida, essa é uma condição que deve ser observada de perto. Principalmente porque as características e a duração podem se apresentar em crianças que tenham um episódio único.

A imaturidade do sistema imunológico desse público é um dos motivos pelo qual esse tipo de infecção pode ocorrer repetidamente. À medida que a criança vai envelhecendo, o sistema imunológico vai amadurecendo e a ocorrência dessas infecções reduz significamente.

Devido a isso, colher uma boa anamnese é fundamental para traçar a linha temporal de início dos sintomas. Não se deve deixar de questionar sobre a recorrência de episódios semelhantes e o período em que ocorreram.

São alguns fatores de risco que favorecem o desenvolvimento de infecções respiratórias de repetição em crianças:

  • Exposição passiva ao tabagismo;
  • Poluição atmosférica;
  • Baixo nível socioeconômico;
  • Frequentar locais fechados que possuam pessoas potencialmente doentes (como escolas ou creches);
  • Má higiene.

Dentre as causas possíveis de pneumonia de repetição em criança temos:

  • Asma;
  • Síndromes aspirativas;
  • Doença metabólica hereditária (como fibrose cística ou deficiência de alfa 1 anti-tripsina);
  • Compressão de vias aéreas;
  • Imunodeficiências;
  • Prematuridade;
  • Ventilação mecânica.

Avaliação clínica de pacientes com pneumonia de repetição

A pneumonia, como sabemos, é o termo que se refere a infecção do parênquima pulmonar. Ela é originada pela multiplicação de microrganismos patogênicos nos espaços alveolares, desencadeando a resposta do organismo hospedeiro a esses agentes. 

A entrada dos microrganismos nas vias aéreas inferiores ocorre por meio de diversos mecanismos, sendo a aspiração das secreções orofaríngeas o mais frequente.

Os fatores mecânicos desempenham um papel crucial na defesa do organismo e os pelos e as conchas nasais atuam retendo partículas maiores inaladas, impedindo que alcancem as vias aéreas inferiores.

As ramificações da árvore traqueobrônquica retêm microrganismos no revestimento das vias aéreas, onde a atividade mucociliar e os fatores antibacterianos locais eliminam ou neutralizam os patógenos potenciais. 

Além disso, os reflexos de vômito e tosse conferem uma proteção essencial contra a aspiração.

Esses mecanismos que podem provocar a pneumonia são importantes de serem conhecidos. Pois, a partir deles, você consegue nortear a sua anamnese e o seu exame físico.

Descrição dos sinais e sintomas comuns

Os sintomas podem várias conforme a etiologia da pneumonia, porém, os mais comuns são:

  • Tosse produtiva, com expectoração;
  • Febre, que pode ser acompanhada por calafrio;
  • Dispneia;
  • Dor ou desconforto torácico

Métodos de avaliação diagnóstica

A avaliação clínica incluindo um exame físico bem realizado é de suma importância para o diagnóstico. Mas é preciso considerar a importância do exame radiológico no contexto da pneumonia de repetição.

Os pacientes podem apresentar pneumonia recorrente limitada a uma região anatômica específica ou que se relacione com múltiplas regiões pulmonares. Por isso, as manifestações sistêmicas podem ser subjacentes.

É importante destacar a avalição do histórico médico. É preciso avaliar o paciente apresenta condições como sinusite, otite média, bronquite ou qualquer outra que possa indicar uma imunossupressão.

Abordagem diagnóstica 

A abordagem diagnóstica de pneumonia de repetição inclui a solicitação de radiografia de tórax para verificar achados que corroborem com pneumonia.

É necessário que o paciente seja radiografado tanto no momento da crise quanto depois do episódio, principalmente se não houve controle de acompanhamento durante os períodos assintomáticos.

A radiografia, em conjunto com o histórico clínico, deve afastar quaisquer causas que poderiam explicar os sintomas, tais quais:

  • Lesões anatômicas;
  • Malformações;
  • Obstrução brônquica por lesão intrínseca ou extrínseca.

Infiltrados encontrados no exame devem ser avaliados periodicamente de 1 a 3 meses até que desapareçam. Caso permaneçam, é recomendado investigar se o quadro se refere a pneumonia persistente.

Além dos exames de imagem, não podemos esquecer que a determinação do agente etiológico que está provocando a infecção é indispensável. 

Embora o tratamento possa ser iniciado de forma empírica, a determinação do agente é fundamental para garantir que a terapêutica adotada seja a correta.

Estratégias para diagnosticar corretamente as causas subjacentes

É necessário considerar que sintomas da rinite alérgica podem se confundir com os sintomas da pneumonia, sendo importante realizar o diagnóstico correto para prosseguir com o tratamento que cessa a infecção.

Além disso, um outro diagnóstico diferencial importante é o de asma brônquica. A Sociedade Brasileira de Pediatria alerta que crises asmáticas podem ser confundidas com episódios de pneumonia de repetição.

Em pacientes adultos com suspeita de pneumonia de repetição, é válido solicitar também exames que possam eliminar imunossupressões primárias ou secundárias. Dessa forma, alguns exames podem ser solicitados:

  • Níveis séricos de imunoglobulina G, imunoglobulina A, imunoglobulina M e imunoglobulina E como testes de triagem para defeitos relacionados a anticorpos.

Esses exames podem identificar alguma imunodeficiência comum variável ou um dos vários outros defeitos de anticorpos, ou uma variante mais branda da doença granulomatosa crônica que pode explicar os sintomas.

Tratamento e manejo de casos de pneumonia de repetição

A identificação do agente etiológico é um dos passos mais importantes para a escolha do tratamento, embora no momento inicial do diagnóstico seja adotada a terapia empírica.

Como sabemos, cada agente etiológico tende a responder apropriadamente a uma classe específica de antibióticos e é necessário estar atento a possibilidade de resistência antimicrobiana.

Diante de quadros de pneumonia adquirida na comunidade, por exemplo, é conhecido que as infecções por S. pneumoniae e MRSA-AC podem apresentar resistência ao tratamento aos antibióticos beta lactâmicos. 

Sendo assim, a solicitação da hemocultura, da coloração de gram e da cultura de escarro são fundamentais para a determinação do agente.

Como fazer o acompanhamento do paciente?

O acompanhamento do paciente consiste na reavaliação do quadro clínico após o início do tratamento com o antibiótico escolhido, além do seguimento com exame de imagem para avaliar a melhora da infiltração possivelmente identificada na radiografia de tórax.

Um fator muito importante no processo de acompanhamento é garantir que o paciente tenha compreendido como o esquema terapêutico funciona e que ele possa aderir aos combinados realizados junto com o médico.

Medidas como tomar os medicamentos indicados no horário correto, manter a higiene das vias aéreas e seguir com hábitos que incluam se afastar dos ambientes e comportamentos de risco para o desenvolvimento de pneumonia são importantes.

O retorno com os exames dentro do prazo acordado é outro elemento muito fundamental. Para isso, é importante que você enquanto médico desenvolva uma relação de confiança com seu paciente e utilize de suas habilidades interpessoais.

Conclusão

A pneumonia de repetição é uma condição que ocorre mais em crianças devido a imaturidade do sistema imunológico nessa faixa etária. Ela se caracteriza pela repetição frequente de episódios de pneumonia. 

O diagnóstico é estabelecido a partir da avaliação clínica em associação com exames de imagem. Em alguns casos, testes laboratoriais para identificar possíveis causas subjacentes, como problemas imunológicos ou anatômicos.

O tratamento adequado considera a etiologia da infecção e inclui a antibioticoterapia combinada com outros medicamentos sintomáticos. Além da abordagem de fatores de risco, como exposição a ambientes poluídos ou ajustes no estilo de vida.

A conduta diante desses quadros deve considerar a prevenção de futuros episódios. Isso inclui acompanhamento regular e colaboração entre paciente e médico.

Quando necessário, deve-se encaminhar o paciente para especialistas, como pneumologistas, infectologista ou imunologistas para otimizar o manejo da pneumonia de repetição e identificar possíveis causas subjacentes.

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