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Resumo de Balística Forense: interna, de efeitos e externa

Índice

Balística forense é a área da balística que estuda os efeitos das armas de fogo e das diferentes munições, quando associadas a crimes em investigação. Já a balística é uma ciência que faz parte da Física Aplicada e que estuda, de maneira integral, as armas de fogo. É tarefa da balística Desta forma, a balística forense analisa desde o alcance e a trajetória dos projéteis expelidos por armas, até os efeitos produzidos por elas. É dividida em:

  • Balística Interna (a arma, os seus mecanismos e seus funcionamentos);
  • Balística Externa (a trajetória do projétil ao ser expelido);
  • Balística de Efeitos – Terminal (os efeitos que são causados no alvo, perfurações, lesões externas e internas, etc).

Balística Forense é o ramo da criminalística que analisa a balística relacionando-a de maneira direta ou indireta às infrações penais, com o intuito de esclarecer o que ocorre e provar essa ocorrência. A análise direta diz respeito a própria arma, ao passo que a análise indireta diz respeito ao estudo comparativo de características deixadas pela arma nos elementos de sua munição.

Balística Interna

As armas de maneira ampla podem ser entendidas como objetos que possam aumentar a capacidade de defesa ou ataque, de modo mais restrito, é possível afirmar que arma é “é todo objeto concebido e executado com a finalidade específica ou predominante de ser utilizado pelo homem para o ataque ou defesa” (RABELLO, 1995, p.27).

Existem as armas manuais, que são uma extensão do membro (facas, espadas, punhais )  e as armas de arremesso que podem ser:

  • Simples – lançamentos direto da mão do atirador (lanças, granadas)
  • Complexas – utilizam um aparelho arremessador (arcos, bestas, armas de fogo).

As armas de fogo e suas classificações

Estriações (alma) do cano: as almas são a parte interna do cano e podem ser lisas ou estriadas (raiadas). Os raiamentos permitem que o projétil se movimente rotacionalmente no sentido dextrogiro (direita) ou no sentido sinistrogiro (esquerda).

Raiamento. Raia para direita e para a esquerda.
Raiamento. Raia para direita/para a esquerda
FONTE: Franklin

Sistema de carregamento: Podem ser de antecarga – o carregamento ocorre pela boca do cano – ou podem ser de retrocarga – o carregamento é feito pela inserção de um cartucho de munição na parte posterior (é o mais usado em armas de fogo modernas, sendo assim, mais comum atualmente)

Sistema de inflamação: pode ser por mecha (a pólvora é inflamada por meio de um pavil), atrito (a pólvora é inflamada por meio de uma faísca), percussão (o percussor incide na parte da munição que contém o misto detonante) ou elétrico.

Funcionamento: podem ser de tiro unitário (a sua retrocarga é manual e há a necessidade de colocar munição a cada disparo) ou de repetição( possuem carga para dois ou mais tiros, possui um sistema mecânico de alimentação que faz com que haja o transporte da munição íntegra para a câmara de combustão, após expelir a munição deflagrada). As armas de repetição podem ser :

  • Automáticas (tiros contínuos ou em rajada apenas segurando o gatilho. Ex. metralhadoras)
  • Semi-automáticas (tiros intermitentes, movimento completo no gatilho a cada disparo. Ex. pistolas)

Mobilidade: podem ser móveis, fixas, semiportáteis ou portáteis.

Munição

O cartucho é a unidade que comporta a munição de uma arma. Existem cartuchos com múltiplos projéteis (cartuchos de caça) ou com apenas um (fogo central, possuia mistura iniciadora na espoleta e fogo circular, a mistura iniciadora fica na periferia)

É dividido em estojo (componente externo e inerte, receptáculo de latão, cilíndrico que comporta os outros elementos); projétil (é o elemento perfurocontundente que será expelido do cano em direção ao alvo); carga/propelente (a pólvora, componente estável até ser ativada pelo ponto de ignição – explode por combustão) e espoleta (recipiente metálico onde há a mistura iniciadora – o que faz a pólvora explodir – pode ter em sua composição estifnato de chumbo, tetrazeno, nitrato de bário, trissulfeto de antimônio e alumínio).

Munição
Munição
FONTE: https://bit.ly/2SGzI9w

Exame Microcomparativo

O cano da arma raiado dispara o projétil em espiral e assim o mesmo raspa as paredes do cano e sofre ressaltos com movimento rotatório (seja ele dextrogiro ou sinistrogiro). As marcas (estrias) deixadas no projétil são analisadas por um microcomparador balístico que poderá examinar microcomparações entre estojos ou projéteis incriminados, padrões para individualização da arma, etc.

Balística de Efeitos

Feridas perfurocontusas

Na balística forense, as feridas causadas pelos projéteis ao encontrar o alvo são chamadas de feridas perfurocontusas, pois além de atuarem por pressão sobre um ponto e assim penetrar a superfície também  contundem, gerando traumas no organismo.

Penetração do Projétil.
Penetração do Projétil
FONTE: E. Rabello

O orifício de entrada possui elementos primários (ação direta do projétil)  e secundários (deflagração do tiro).Depende muito do tipo de projétil , da distância do tiro, do sitio anatômico atingido e como penetrou (frente, lado, deformado, ricocheteado).

  • Os elementos primários são: bordas invertidas na ferida de entrada com formato arredondado ou ovalar e proporcional ao projétil; orlas de enxugo, equimose e escoriação;
  • Os elementos secundários são: zonas de chamuscamento, tatuagem e esfumaçamento.

As características do orifício de entrada podem variar de acordo com a distância do tiro, que pode ser:

  • Encostado: caracterizado pela Câmara de Mina de Hoffman – durante o disparo, além do projétil, gases e fumaças adentram o corpo e isso provoca descolamento da pele com o plano ósseo. Quando a arma se afasta da superfície corpórea, os gases retidos saem e arrebitam a entrada.
  • A curta distância (ou à queima-roupa): Geralmente entre 10 a 50 cm. Os grânulos da pólvora (resíduos de combustão ou semicombustão) deixam marca na pele e há a zona de esfumaçamento (que sai com lavagem), zona de queimadura, aréola equimótica e zona de compressão de gases.
  • A distância: o diâmetro do ferimento costuma ser menor que o do projétil, forma arredondada ou elíptica, orla de escoriação, halo de enxugo, aréola equimótica e bordas reviradas para dentro e não apresenta efeitos secundários. Pode ser a média distância se até 50cm ou de longa distância se maior que 70cm.

O orifício de saída é caracterizado por possuir forma irregular, bordas evertidas, desproporcionalidade ao projétil (pois esquenta e dilata) e não possuir orlas ou zonas.

Balística Externa

O trajeto é o caminho que o projétil percorre no interior do corpo. Em teoria, há um túnel de ligação entre o os orifícios (entrada e saída) mas o trajeto é muito variável, pois depende muito da distância do tiro, a região corporal atingida e as estruturas ósseas (que normalmente provocam desvios no trajeto dos projéteis).

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Referências:

RABELLO, E. Balística Forense. 3. ed. Porto Alegre, RS: Sagra Luzatto, 1995.

Croce, Delton. Croce Jr, Delton. Manual de medicina legal. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.

França, Genival Veloso de. Medicina legal. 11. ed. [Reimpr.]. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019.

França, Genival Veloso de. Fundamentos de medicina legal. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.

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