Carreira em Medicina

Resumo de leucemia mieloide aguda: diagnóstico, tratamento e mais!

Resumo de leucemia mieloide aguda: diagnóstico, tratamento e mais!

Compartilhar
Imagem de perfil de Residência Médica

A leucemia mieloide aguda (LMA) é uma neoplasia maligna hematopoiética caracterizada por uma proliferação clonal de precursores mieloides com capacidade reduzida de se diferenciar em elementos celulares mais maduros.

Como resultado, há um acúmulo de blastos leucêmicos ou formas imaturas na medula óssea, sangue periférico e, ocasionalmente, em outros tecidos, com uma redução variável na produção de glóbulos vermelhos normais, plaquetas e granulócitos maduros. É o principal tipo de leucemia que acomete adultos. 

Epidemiologia da leucemia mieloide aguda

A LMA é a leucemia aguda mais comum em adultos e é responsável por aproximadamente 80 por cento dos casos nessa faixa etária, mas acomete cerca de 15% das leucemias em crianças. No Brasil, tem-se uma estimativa de incidência de 1,11 caso de LMA a cada 100 mil habitantes. 

Em adultos, a idade média para o diagnóstico é de aproximadamente 65 anos. Isso porque a incidência aumenta com a idade, pois idosos parecem ser envolvidos por alterações genéticas afetando o processo de transcrição e os receptores de tiroquinase.

A incidência aumenta aproximadamente 2 e 20 casos por 100.000 habitantes para aqueles com menos ou mais de 65 anos, respectivamente. 

Fisiopatologia

Sabe-se que a leucemia mieloide aguda é resultado de inúmeras alterações genéticas que se relacionam de forma cumulativa. Quando as mutações acabam por afetar genes que codificam fatores de transcrição importantes para a hematopoiese, pode haver descontrole desse processo, gerando uma LMA. 

A causa da LMA não é conhecida, mas sabe-se de alguns fatores predisponentes a uma chance mais elevada de desenvolvimento da doença. Entre eles, temos a exposição à radiação ionizante e a derivados de benzeno.

A leucemia mieloide aguda também foi associada a fatores ambientais, como exposição a produtos químicos, tabaco, quimioterapia, e anormalidades genéticas, por exemplo, trissomia do 21, anemia de Fanconi, síndrome de Bloom e mutações familiares.

É importante conhecer as alterações genéticas mais frequentes que influenciam as classificações. Entre elas temos as mutações NPM1, as duplicações internas em Tandem do gene FLT3 e duplicações parciais em Tandem do gene MLL. 

Helman R, Santos FPS, Simões B, Atta EH, Callera F, Dobbin JA, Mattos ÉR, Atalla A, Maiolino A, Zanichelli MA, Diefenbach CF, Delamain MT, Hamerschlak N

Quadro clínico da leucemia mieloide aguda

O quadro clínico da LMA incluirá sintomas decorrentes da falência da medula óssea em produzir os elementos sanguíneos. Sinais e sintomas sugestivos de anemia (por exemplo, falta de ar, dispneia aos esforços, palidez), sangramento ou hematomas em excesso.

O paciente também pode apresentar leucopenia, que faz com que haja predisposição a infecções e a quadros de febre, tanto pela própria leucemia ou em decorrência dos quadros infecciosos.

Ao hemograma, há uma redução acentuada de glóbulos vermelhos, plaquetas e neutrófilos maduros. Há acúmulo de formas leucêmicas no sangue periférico, medula óssea e/ou outros tecidos. 

Diagnóstico da leucemia mieloide aguda

A leucemia mieloide aguda (LMA) é diagnosticada por biópsia da medula óssea usando análise morfológica, citoquímica, imunofenotípica e citogenética / molecular. 

De forma simplificada, o diagnóstico de LMA é dado quando é encontrado mais de 20% de mieloblastos leucêmicos no sangue periférico ou no mielograma.

Deve haver diminuição de células das outras linhagens (menor número de hemácias, plaquetas e leucócitos normais sendo produzidos). Em alguns casos, há atipias e displasias das células.

Um achado patognomônico da LMA é a visualização de Bastones de Auer, vistos como pequenas linhas dentro do citoplasma celular.

Bastonestes de Auer, patognomônico de LMA.

Em 2016, a OMS fez uma nova classificação, incluindo as alterações citogenéticas e moleculares. Nessa atualização, há divisão das leucemias em sete categorias principais::

  1. Leucemia mieloide aguda com anormalidades genéticas 
  2. Leucemia mieloide aguda com alterações relacionadas à mielodisplasia
  3. Leucemia mieloide aguda relacionada à quimioterapia ou radioterapia prévia
  4. Leucemia mieloide aguda não especificada 
  5. Sarcoma mieloide ou sarcoma granulocítico ou cloroma 
  6. Proliferações mieloides relacionadas com a síndrome de Down 
  7. Leucemias agudas indiferenciadas e bifenotípica

Tratamento da leucemia mieloide aguda

O tratamento da LMA é feito pelo uso de quimioterápicos. Primeiramente, é realizada a indução da remissão. Essa etapa é feita em um ou dois ciclos de um esquema  quimioterápico chamado de 3+7, isto é, por 3 dias é usado um agente antracíclico, seguido por 7 dias de uso de citarabina.

Posteriormente, é feita a etapa de consolidação da remissão. Ela é composta por 2 a 4 ciclos de citarabina em altas doses ou pelo transplante de medula óssea alogênico caso haja fatores de mau prognóstico, falha na indução, fator de risco intermediário ou cariótipo adverso.

O curso clínico do tratamento da LMA é complexo e a anemia, a infecção e o sangramento são quase universais durante a terapia de indução da remissão. 

Fatores de mau prognóstico incluem idade avançada, acima de 60 anos, a baixa contagem de leucócitos ao diagnóstico, quando a doença evoluiu a partir de uma síndrome mielodisplásica preexistente e quando o paciente já fez uso de terapia citotóxica anteriormente. Alteração cariotípica é um sinal de mau prognóstico independentemente da existência de outras comorbidades. 

Sugestão de leitura

Referências:

  1. GALDINO, Marcus Vinicius de Melo. MORAIS, Alanna Michely Batista. Caracterização de leucemia mielóide aguda em adultos: uma revisão bibliográfica. Temas em Saúde. Volume 16, Número 3 ISSN 2447-2131 João Pessoa, 2016.
  2. HELMAN, Ricardo et al . Leucemia mieloide aguda: atualidade brasileira de diagnóstico e tratamento. Einstein (São Paulo),  São Paulo ,  v. 9, n. 2, p. 179-183,  June  2011 . access on  26  Apr.  2021.
  3. HOFFBRAND, A. VICTOR; MOSS, PAUL A. H. Fundamentos em Hematologia de Hoffbrand. 7 ed. – Porto Alegre: Editora Artmed, 2018.
  4. INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER (INCA), Ministério da Saúde. Leucemia. Acesso em 26/04/2021.
  5. INSTITUTO ONCOGUIA. Estadiamento da Leucemia Mieloide Aguda (LMA), Acesso em 26/04/2021.
  6. MELO, MÁRCIO. Leucemias e Linfomas. 1 ed – São Paulo: Livraria Médica Paulista Editora,2008.
  7. SCHIFFER, Charles A, GURBUXANI, Sandeep. Clinical manifestations, pathologic features, and diagnosis of acute myeloid leukemia. UpToDate, Inc., 2021.  Acesso em:  23 abril. 2021.