Oncologia

Resumo de Neoplasias: epidemiologia, fisiopatologia, classificação, metástase

Resumo de Neoplasias: epidemiologia, fisiopatologia, classificação, metástase

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Neoplasias são crescimentos anormais no numero de células. Neoplasia significa “novo crescimento”. Apesar do conhecimento sobre o que se trata um neoplasma, ainda não obteve-se uma definição adequada para o termo.

O que mais se aceita, segundo Robbins & Cotran, é a definição estabelecida pelo oncologista britânico Willis: “O neoplasma é uma massa anormal de tecido, cujo crescimento é excessivo e não coordenado com aquele dos tecidos normais, e persiste da mesma maneira excessiva após a interrupção do estímulo que originou as alterações”.

Toda as neoplasias dentro de um tumor individual surgem de uma única célula que sofreu alterações genéticas e, portanto, se diz que os tumores são clonais. Os neoplasmas podem ser considerados benignos e malignos.

Independente de sua classificação, todos as neoplasias apresentam dois componentes básicos: células neoplásicas clonais que constituem seu parênquima e o estroma que é composto de tecido conjuntivo, vasos sanguíneos e quantidade variável de macrófagos e linfócitos. 

Conceitos importantes sobre neoplasias

Oferece o termo de diferenciação à semelhança que as células do parênquima neoplásico possuem com as células parenquimatosas normais, tanto morfológica quanto funcionalmente.

A total falta de diferenciação é denominada anaplasia. Os tumores benignos geralmente são bem diferenciados, diferente dos tumores malignos que podem ir de tumores bem diferenciados a anaplásicos. 

Pleomorfismo é o nome dado à variação no tamanho e na forma celular. Além disso, o núcleo apresenta uma morfologia anormal, com núcleo desproporcionalmente grande contendo grande quantidade de cromatina e se corando de forma intensa.

A metaplasia é definida como a substituição de um tipo celular por outro tipo celular. Já a displasia significa crescimento desordenado – pode ser encontrada com frequência, mas nem todo epitélio metaplásico também é displásico.

Epidemiologia das neoplasias

As neoplasias se constituem como uma das principais causas de morte no mundo inteiro. Ocorre em todos os países do mundo, divergindo apenas na predominância do tipo de câncer.

Da mesma forma, a maioria dos tumores ocorrem em homens e mulheres, com pequenas alterações, como a incidência de câncer de próstata ou de mama. Vale ressaltar que, de modo geral, a incidência é maior em homens e que em mulheres. 

A idade tem uma influência importante na probabilidade de ser atingido por câncer. A maioria dos carcinomas ocorre nos anos mais tardios da vida (>55 anos). O câncer é a principal causa de morte entre as mulheres com idade entre 40 e 79 anos e entre os homens com idades entre 60 e 79 anos.

Contudo, as crianças não são poupadas; o câncer é responsável por um pouco mais de 10% de todas as mortes em crianças menores do que 15 anos nos Estados Unidos, perdendo somente para os acidentes. Existem ainda condições genéticas que podem predispor ao desenvolvimento de câncer. 

Nos Estados Unidos, estima-se que sejam responsáveis por 23% dos óbitos, colocando-se como o segundo lugar no ranking, atrás apenas das doenças cardiovasculares. 

O número de pessoas com câncer tem aumentado ano após ano, em decorrência do crescimento e envelhecimento da população, aliado a hábitos não saudáveis, como dieta e uso de substâncias tóxicas, como tabagismo, álcool e outras drogas. Associa-se também a esse aumento de casos a maior capacidade de detecção desta condição. 

Fisiopatologia das neoplasias

Sabe-se que as neoplasias, mesmo depois de cessado o estímulo inicial, resultam em alterações genéticas que são passadas adiante para a prole das células tumorais.

Tais alterações genéticas permitem a proliferação excessiva e desregulada que se torna autônoma, independendo de estímulo fisiológico para o crescimento. Outro ponto importante é que essas células possuem capacidade de escapar do sistema imune. 

Grande parte do comportamento tumoral é determinado pelas células neoplásicas, entretanto, seu crescimento e evolução estão intimamente vinculados ao estroma. O suprimento sanguíneo adequado é fundamental para a proliferação celular. 

Sete alterações da fisiologia celular determinam o fenótico maligno do tumor: 

  • Autossuficiência nos sinais de crescimento: as neoplasias apresentam a capacidade de proliferação sem estímulos externos, como consequência da ativação de oncogenes. 
  • Insensibilidade aos sinais inibidores do crescimento: Os tumores podem não reagir às moléculas que são inibidoras da proliferação de células normais, como o fator de crescimento transformador β (TGF-β) e inibidores diretos das cinases dependentes de ciclina (CDKI).
  • Evasão da apoptose: Os tumores costumam ser resistentes à morte celular programada, como consequência da inativação do p53 ou de ativação de genes antiapoptóticos.
  • Potencial de replicação ilimitado: As neoplasias apresentam capacidade de proliferação sem restrições, evitando a senescência celular e a catástrofe mitótica.
  • Angiogênese mantida: As células tumorais, assim como as células normais, necessitam de amplo suprimento vascular para oferta de nutrientes e oxigênio e remover os produtos do catabolismo. Para garantir seu crescimento e desenvolvimento, os tumores induzem a angiogênese. 
  • Capacidade de invadir e metastatizar
  • Defeitos no reparo do DNA: Os tumores podem falhar em reparar ao dano ao DNA causado por carcinógenos ou causado durante a proliferação celular desregulada, levando à instabilidade genômica e a mutações em proto-oncogenes ou genes supressores de tumor.

Neoplasia Benigna

Diz-se que um tumor é benigno quando suas características micro e macroscópicas inspiram menos preocupação e poder invasivo. Isso significa dizer que ele permanece localizado, não consegue se disseminar para outros sítios e geralmente pode ser removido por cirurgia local; o paciente normalmente sobrevive.

A nomenclatura dos tumores benignos, de forma bem resumida, são designadas pela ligação do sufixo -oma à célula de origem.

Neoplasia Maligna

Os tumores malignos são referidos coletivamente como cânceres, um derivado da palavra latina caranguejo, pois se aderem a qualquer região em que estejam, de maneira obstinada. Dizer que um neoplasma é maligno, significa dizer que a lesão pode invadir e destruir as estruturas adjacentes e se disseminar para sítios distantes (metastatizar) e causar a morte. 

A nomenclatura desses tumores segue essencialmente o mesmo esquema usado para as neoplasias benignas, com adição de algumas expressões. Os tumores malignos que surgem do tecido mesenquimal geralmente são denominados de sarcomas. Já os que tem origem em células epiteliais são denominados carcinomas.

Teratomas

Os teratomas se originam de células totipotentes, que são células que possuem a capacidade de se diferenciar em qualquer um dos tipos celulares encontrados no corpo adulto. Por isso, podem originar neoplasmas que mimetizam, de maneira desordenada, pedaços de osso, epitélio, músculo, gordura, nervo e outros tecidos. 

Quando todas as partes que compõem o tumor são bem diferenciadas, ele é um teratoma benigno (maduro). Por outro lado, quando menos diferenciado, ele é um potencial teratoma maligno (imaturo). 

O que é metástase?

As metástases são formações tumorais descontínuas com o tumor primário. Sua identificação indica de forma inequívoca um tumor maligno porque os neoplasmas benignos não metastatizam. A invasividade dos tumores malignos permite que eles penetrem nos vasos sanguíneos, linfáticos e cavidades corpóreas, e possibilite a sua disseminação. A disseminação metastática reduz fortemente a possibilidade de cura.

A disseminação dos cânceres pode ocorrer através de três vias: 

  • Implante direto das cavidades ou superfícies corpóreas, 
  • Disseminação linfática 
  • Disseminação hematológica.

O transporte através dos vasos linfáticos é a via mais comum para a disseminação dos carcinomas Já a disseminação hematogênica é típica dos sarcomas, mas também é vista nos carcinomas. As artérias, com suas paredes mais espessas, são mais difíceis de serem penetradas do que as veias.

O fígado e os pulmões são os órgãos mais envolvidos na disseminação hematogênica. Isso se deve porque a drenagem da área portal flui para o fígado, enquanto que todo o sangue da cava flui para os pulmões.

Famosos que faleceram devido a metástase

Diversos artistas já foram diagnosticados com metástase. Alguns deles lutaram contra a doença e viveram por anos. Contudo, no geral do desfecho é o falecimento. Entre os famoso falecidos por metástase estão:

  • Gl´ória Maria: câncer de pulmão em metástase
  • Léo Rosa: câncer no testiculo
  • Betty Lago: câncer na vesícula
  • Marília Pêra: câncer no pulmão

Paciente com câncer há 13 anos tem remissão completa

Um protocolo inovador implementado pela Universidade de São Paulo (USP), em colaboração com o Instituto Butantan e o Hemocentro de Ribeirão Preto, está introduzindo uma técnica considerada revolucionária no combate ao câncer na rede pública de saúde. Essa técnica tem sido aplicada em apenas alguns países até o momento.

Até o momento, 14 pacientes receberam tratamento com a terapia celular CAR-T, financiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Todos esses pacientes alcançaram uma redução de pelo menos 60% no tamanho dos tumores. É importante destacar que esses tratamentos foram realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Um exemplo de sucesso é o caso de Paulo Peregrino, de 61 anos, que lutava contra o câncer há 13 anos e estava prestes a iniciar cuidados paliativos. No entanto, em abril, ele foi submetido a esse novo tratamento e, surpreendentemente, em apenas um mês, obteve uma remissão completa de seu linfoma.

Esses resultados promissores demonstram a eficácia e o potencial dessa terapia inovadora no combate ao câncer.

Sugestão de leitura complementar

Referências

  • GOLDMAN, Lee; AUSIELLO, Dennis. Cecil Medicina Interna. 24. ed. Saunders Elsevier, 2012
  • KUMAR, V.; ABBAS, A.; FAUSTO, N. Robbins e Cotran – Patologia –. Bases Patológicas das Doenças. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010