Resumo sobre anatomia do tronco encefálico

Resumo sobre anatomia do tronco encefálico - Sanar
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O tronco encefálico é a parte mais caudal do encéfalo. Composto pelo mesencéfalo, pela ponte e pelo bulbo. Interpõe-se entre a medula e o diencéfalo e localiza-se ventralmente ao cerebelo.

A importância do tronco encefálico repousa em várias de suas características, que, em conjunto, dão a ele a definição informal de centro de sobrevivência. 

Está associado a diversas funções vitais, como o ciclo sono-vigília (engloba a glândula pineal), consciência e controle respiratório e cardíaco, abrange a maioria dos núcleos dos nervos cranianos e facilita a comunicação entre cérebro, medula espinhal e cerebelo.

Tronco encefálico
Tronco encefálico 

Tronco encefálico: Bulbo  

É a porção mais inferior do tronco cerebral, tem a forma de um tronco de cone e é contínua com a medula espinhal abaixo e com a ponte acima. 

Não existe uma linha de demarcação exata entre a medula e o bulbo, mas considera-se o limite inferior uma linha imaginária horizontal logo acima do filamento radicular mais cranial do primeiro nervo cervical da medula, na altura do forame magno. O limite superior é o sulco bulbo pontino (visível no contorno ventral do tronco encefálico). 

A superfície do bulbo é percorrida por diversos sulcos contínuos com os da medula espinal: fissura mediana anterior,  sulcos laterais anteriores, sulcos laterais posteriores, sulco intermédio posterior e sulco mediano posterior. Esses sulcos delimitam estruturas no bulbo contínuas com os funículos medulares que  caracterizam as áreas anterior, lateral e posterior do bulbo.

anatomia do tronco encefálico. Fonte: NETTER, Frank H.
Fonte: NETTER, Frank H.. Atlas de Anatomia Humana. 2ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.

Região anterior

Na região anterior, ao lado da fissura mediana anterior, encontramos as pirâmides, feixes compactos de fibras nervosas descendentes derivadas do hemisfério ipsilateral do córtex cerebral que ligam as áreas motoras do cérebros aos neurônios motores da medula, o trato corticoespinhal.

A decussação das pirâmides consiste em uma estrutura na região caudal onde as fibras do trato corticoespinhal cruzam obliquamente o plano mediano, para continuar como trato corticoespinhal lateral.

A decussação das pirâmides Fonte: Gray’s, Anatomia / Susan Standring
A decussação das pirâmides Fonte: Gray’s, Anatomia / Susan Standring ; [tradução Denise Costa Rodrigues… et al.]. – Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.

 Outra estrutura importante que caracteriza a morfologia interna o bulbo é a decussação dos lemniscos (ou sensitiva). A partir dos núcleos grácil e cuneiforme, emergem as fibras arqueadas internas, que se curvam anterolateralmente, cruzam o plano mediano na área ventral, formando a decussação dos lemniscos e flete-se cranialmente para constituir de cada lado, o lemnisco medial.

Essa estrutura conduz ao tálamo os impulsos que ascenderam pelos fascículos grácil e cuneiforme contralaterais. Os fascículos grácil e cuneiforme conduzem pelo SNC impulsos relacionados a tato epicrítico, propriocepção consciente, sensibilidade vibratória e estereognosia.

Fibras que ascenderam pelos fascículos grácil e cuneiforme contralaterais até o tálamo. Fonte: Supermaterial Sanarflix
Fibras que ascenderam pelos fascículos grácil e cuneiforme contralaterais até o tálamo. Fonte: Supermaterial Sanarflix 

Emerge do bulbo os seguintes nervos cranianos:nervo hipoglosso (XII), nervo acessório (XI), nervo vago (X) e nervo glossofaríngeo (IX). 

A substância cinzenta é onde estão presentes os núcleos dos nervos cranianos. Na substância cinzenta própria do bulbo, estão núcleos somente ali encontrados, o núcleo grácil e o cuneiforme. 

A substância branca com fibras longitudinais (ascendentes, descendentes e de associação) e fibras transversais. A formação reticular do bulbo possui o centro respiratório, centro vasomotor e centro do vômito. 

Além disso, percorrido por um grande número de tratos motores e sensitivos, causando sinais e sintomas muito variados (disfagia, alteração da fonação e movimento da língua).

Lesões no bulbo

Lesões no bulbo apresentam como características mais comuns a disfagia (dificuldade de de glutição) e as alterações de fonação por lesão do núcleo ambíguo, assim como alterações do movimento da língua por lesão do núcleo hipoglosso.

Além disso, podem ocorrer paralisias e perdas de sensibilidade nos troncos e nos membros por lesão nas diversas vias ascendentes e descendentes ali presentes. 

Tronco encefálico: Ponte 

A “ponte”, no tronco encefálico, encontra-se situada entre o mesencéfalo,  cranialmente e o bulbo ( ou medula oblonga ) distalmente. Em tal situação anatômica, encontra-se localizada ventralmente ao cerebelo  e sobre a parte basilar do osso occipital. 

Na base da ponte podem ser notadas diversas estriações transversas, as quais percorrem sua superfície, sendo as mesmas, formadas por inúmeras fibras transversais que, por ali, passam. A convergência destas fibras formam, de cada lado da ponte, o “pedúnculo cerebelar médio” que, póstero-lateralmente, penetra, de cada lado, no hemisfério cerebral correspondente. 

Na ponte, em sentido longitudinal, e na região mediana de sua superfície ventral , encontramos o “sulco basilar”, no qual, se encontra alojada a “artéria basilar”. A ponte, encontra-se limitada com o bulbo (ou medula oblonga ), através do sulco bulbo-pontino.

Neste “sulco bulbo-pontino” emergem, de cada lado da linha mediana, os nervos: abducente ( VIº ), facial ( VIIº ) e vestíbulo-coclear ( VIIIº ), sendo que, o nervo abducente ( VIº nervo craniano ), emerge do tronco encefálico, entre a região final (distal) da ponte e a “elevação das pirâmides bulbares”. 

No limite entre a ponte e o pedúnculo cerebelar médio, emergem as duas raízes do nervo trigêmeo, uma raiz maior, a sensitiva e uma raiz menor, a motora. 

Apresenta o locus ceruleus, constituindo de neurônios ricos em noradrenalina, e os núcleos da rafe, ventralmente localizados na linha média e contendo neurônios ricos em serotonina.

Lesões na ponte 

Lesões na ponte costumam ser caracterizadas pela oftalmoplegia (lesão do nervo abducente), perda de sensibilidade facial e fraqueza dos músculos da mastigação (lesão do nervo trigêmeo), fraqueza dos músculos da face (lesão do nervo facial), surdez e vertigem (lesão do nervo vestibulococlear). A estes sinais podem associar-se paralisias ou perdas de sensibilidade no tronco e membros por lesão das vias ascendentes e descendentes que transitam pela ponte. 

Tronco encefálico: Mesencéfalo 

O mesencéfalo é o segmento mais curto do tronco encefálico, interpõe-se entre a ponte e o diencéfalo e sua maior parte se encontra na face posterior do crânio. Seu limite superior, que o separa do cérebro, é um plano horizontal entre os corpos mamilares, pertencentes ao diencéfalo.

O mesencéfalo pode ser dividido posteriormente em teto e anteriormente em pedúnculos cerebrais direito e esquerdo, cada um dos quais sendo subdivididos em tegmento e base por uma lâmina pigmentada, a substância negra.

No tronco encefálico, em sua visão dorsal, na área que corresponde ao teto do mesencéfalo, encontramos quatro eminências arredondadas, conhecidas pela denominação anatômica de “colículos” , sendo: dois superiores ( um para cada lado ) e dois inferiores, também, sendo um para cada lado. 

Os colículos superiores, são centros reflexos, relacionados aos estímulos visuais, enquanto os coliculos inferiores, são centros reflexos relacionados à audição.

Vista dorsal do Mesencéfalo

Em relação aos nervos cranianos, o nervo oculomotor, III par craniano, emerge do sulco medial do pedúnculo cerebral. O nervo troclear é o único dos pares cranianos que emerge dorsalmente. Desse modo, emerge caudalmente a cada colículo inferior, contorna o mesencéfalo e surge ventralmente entre a ponte e o mesencéfalo. 

Fonte: NETTER, Frank H.. Atlas de Anatomia Humana. 2ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.

Lesões no mesencéfalo

Lesões no mesencéfalo causam oftalmoplegia, dilatação pupilar e ptose (paralisia do nervo oculomotor), além de paralisias e perdas de sensibilidade de tronco e membro haja vista que todas as vias ascendentes que vão ao diencéfalo e cinco trato descendentes atrelados a motricidade atravessam o mesencéfalo.

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Referências:

  1. Gray’s, Anatomia / Susan Standring ; [tradução Denise Costa Rodrigues… et al.]. – Rio de Janeiro: Elsevier, 2010
  2. Neuroanatomia aplicada/ Murilo S. Meneses. – 3.ed. – [Reimpr.]. – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015.
  3. Neuroanatomia funcional/ Angelo B. M. Machado, Lucia Machado Haertel: 3o ed; São Paulo: Editora Atheneu, 2014.

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