Dermatologia

Resumo sobre erisipela (completo) – Sanarflix

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Resumo sobre erisipela: da definição ao tratamento, passando pela classificação, diagnóstico e quadro clínico. Confira!

A Erisipela é uma infecção bacteriana da pele que acomete predominantemente a derme e o tecido celular subcutâneo superior, um exemplo de infecção cutânea bastante comum.

A erisipela pode ocorrer em pessoas de qualquer idade, mas é mais comum nos diabéticos, obesos e nos portadores de deficiência da circulação das veias dos membros inferiores. Não é contagiosa e seus nomes populares são: esipra, mal-da-praia, mal-do-monte, maldita, febre-de-santo-antônio.

Etiologia e fisiopatologia da erisipela

A erisipela pode ser decorrente de traumas e soluções de continuidade da pele, causada por infecções fúngicas superficiais, como a:

  • Tinha do pé (Tinea pedis)
  • Úlceras de perna
  • Outros processos inflamatórios ou infecciosos locais.

A pele mais favorável são as pernas inchadas, principalmente nos pacientes diabéticos, obesos e idosos. Quando ocorre uma solução de continuidade da pele, com ruptura da barreira de proteção cutânea, uma bactéria geralmente considerada não patogênica pode tornar-se um patógeno oportunista, levando à infecção cutânea. Alterações do estado imunológico do indivíduo também podem contribuir para que bactérias não patogênicas tornem-se causadoras de infecções cutâneas.

No geral, a erisipela é causada por Streptococcus pyogenes do grupo A de Lancefield , e, raramente, pelos estreptococcus hemolíticos do ghupo B, C e D.

Flora aeróbica na infecção por erisipela

A pele humana normal é colonizada por microrganismos, incluindo bactérias e fungos, que permanecem na superfície cutânea como comensais. Há variações da flora normal residente da pele, de indivíduo a indivíduo, de acordo com a idade, a raça e a topografia cutânea.

A flora aeróbica residente da pele consiste de:

  • Cocos Gram-positivos de Staphylococcus spp.
  • Micrococcus spp.
  • Bastonetes Gram-positivos
  • Corynebacterium spp.
  • Brevibacterium spp.
  • Gram-negativos Acinetobacter spp.

No folículo piloso, há anaeróbicos Propionebacterium spp., além de fungos Pityrosporum spp. Eventualmente, estes organismos residentes podem causar uma infecção localizada na pele ou nos anexos. Outras bactérias não residentes da pele podem colonizar a epiderme, com o desenvolvimento também de infecções bacterianas cutâneas.

Fatores predisponentes da erisipela

Os fatores predisponentes mais importantes para o desenvolvimento dessas infecções são o rompimento da barreira cutânea devido a trauma (mordida de inseto, abrasão, cortes), inflamação (eczema, radioterapia), infecção de pele preexistente (impetigo, tinea pedis), varicela ou insuficiência venosa.

Obstruções linfáticas decorrentes de procedimentos cirúrgicos como safenectomia e dissecção de nódulos axilares e pélvicos, também são causas de infecção. O intertrigo é o principal sítio de infecção para entrada do patógeno. O fato de muitas vezes ele ser de pequeno tamanho dificulta o diagnóstico precoce e a prevenção do quadro infeccioso.

Quadro clínico de erisipela

Na erisipela o doente apresenta início abrupto de febre elevada, em geral 39 a 40°C, acompanhada de mal-estar e astenia. Após poucas horas, observa-se graus variáveis de sintomas sistêmicos e sinais como:

  • Eritema
  • Edema
  • Calor
  • Rubor no local afetado, habitualmente um membro ou a face.

Na erisipela, a margem da lesão é bem delimitada e elevada (Figura 1). Nesse contexto, é possível marcar a borda da lesão com uma caneta, observando a progressão ou regressão da lesão.

Erisipela - sinais clínicos de diagnóstico
Figura 1. Placa eritematosa e edemaciada em região de MMII sugerindo Erisipela.

Por vezes, é difícil esta diferenciação com um importante diagnóstico diferencial, a celulite. Isso ocorre pois a erisipela pode acometer o tecido celular subcutâneo mais profundo e a celulite pode comprometer a derme, além do tecido celular subcutâneo.

Na erisipela, é comum haver bolhas de conteúdo seroso e hemorrágico no local afetado (Figura 2). Além disso, a linfangite e adenomegalia regional também podem estar presentes.

MMII evidenciando Erisipela Bolhosa em região maleolar medial.
Figura 2. MMII com Erisipela Bolhosa em região maleolar medial.

Além dos locais mais comuns já citados, a erisipela também pode ocorrer no braço, especialmente nas doentes de câncer de mama, submetidas à mastectomia com esvaziamento ganglionar e que evoluem com linfedema no braço.

Como descrever a lesão da erisipela?

Podemos definir a lesão como uma placa eritematosa, edemaciada, infiltrada e dolorosa, com bordas que crescem centrifugamente.

Além disso, é uma lesão bem delimitadas que tem a capacidade de avançar rapidamente sobre a pele circunvizinha.

Principais complicações

Quando o paciente é tratado logo no início da doença, as complicações não são tão evidentes ou graves.

No entanto, os casos não tratados a tempo podem progredir com:

  • Abscessos
  • Ulcerações (feridas) superficiais ou profundas
  • Trombose de veias

Além disso, o linfedema pode ocorrer como sequela, especialmente quando há erisipela de repetição (elefantíase nostra).

Como fazer o diagnóstico de erisipela?

O diagnóstico da erisipela baseia-se nos achados clínicos, característicos. O diagnóstico definitivo só é confirmado pelo resultado das culturas. No entanto, isso não deve atrasar o início da terapia em pacientes com sinais e sintomas clássicos.

Medidas auxiliares no diagnóstico como hemocultura, aspirados e biópsias não se mostram úteis em casos leves de infecções. Contudo, mostram-se importantes ferramentas diagnósticas quando os pacientes apresentam:

  • Toxicidade sistêmica
  • Envolvimento extenso da pele
  • Comorbidades como linfedema
  • Câncer
  • Neutropenia
  • Diabetes
  • Esplenectomia
  • Imunodeficiência
  • História de celulite recorrente ou persistente
  • Casos de exposição a mordeduras de animais.

Diagnóstico diferencial

O diagnóstico diferencial entre as infecções cutâneas inclui patologias infecciosas e não infecciosas. Entre as infecciosas, doenças como a fasceíte necrosante, gangrena gasosa, síndrome do choque tóxico, osteomielite devem ser afastadas na avaliação inicial do paciente pelas suas importantes implicações terapêuticas.

Quadros não infecciosos como dermatite de contato, trombose venosa profunda, gota, mordidas de insetos e reações a drogas, também podem confundir o diagnóstico.

Celulite e erisipela

O principal diagnóstico diferencial é com a Celulite, que é uma infecção cutânea que compromete uma parte maior dos tecidos moles, estendendo-se profundamente através da derme e tecido subcutâneo, podendo-se iniciar com erisipela.

Em geral, a lesão é extremamente dolorosa e infiltrativa, com bordas mal delimitadas que se estendem ao tecido subcutâneo. Sua demarcação com pele sã é indistinguível e não cresce centrifugamente.

Tratamento da erisipela

Medidas de controle e tratamento da possível porta de entrada para erisipela ou celulite, como tratamento de tinha do pé e lesões ulceradas, devem ser tomadas para evitar a repetição destes quadros infecciosos bacterianos.

O tratamento da erisipela inclui repouso e, quando pertinente e elevação do membro afetado. Além disse, deve ser estimulada movimentação do membro afetado, para evitar a possibilidade de TVP. Se houve tromboflebite associada, deve-se considerar a possibilidade de tratamento com anticoagulantes.

Os medicamento mais utilizados são:

  • Penicilina procaína 400.000 UI IM a cada 12 horas por 10 dias
  • Cefalexina VO 500 a 1.000 mg a cada 6 horas
  • Eritromicina VO 500 mg a cada 6 horas por 10 dias são indicados para as formas leves da doença.

A duração do tratamento deve ser individualizada de acordo com a resposta clínica do paciente, podendo se estender de 5 a 10 dias.

É esperada melhora do quadro cerca de 24-48 horas após início do antibiótico. Em caso de aumento da extensão do eritema e piora dos sintomas sistêmicos após esse período, deve-se pensar em resistência ou cogitar outro diagnóstico.

Prevenção

As crises repetidas de erisipela podem ser evitadas através de cuidados higiênicos locais, mantendo os espaços entre os dedos sempre bem limpos e secos, tratando adequadamente as “frieiras”. Nesse contexto, é necessário evitar e tratar os ferimentos das pernas. Além disso, deve-se evitar o ganho de peso, bem como permanecer muito tempo sem se movimentar, em pé ou sentado.

O uso constante de meia elástica é uma grande arma no combate ao edema, bem como fazer repouso com as pernas elevadas sempre que possível.

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