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Resumo sobre Escherichia coli: da definição ao tratamento, passando pela fisopatologia, epidemiologia, quadro clínico e diagnóstico. Confira!
Definição
A Escherichia coli é uma bactéria gram-negativa pertencente à família Enterobacteriaceae. Esta bactéria coloniza o intestino de humanos poucas horas após o nascimento, permanecendo como comensal durante toda a vida.
Quando as cepas de E. coli adquirem certo material genético adicional, elas podem se tornar patogênicas ao trato gastrointestinal (TGI). Além disso, a infecção do trato urinário (ITU) tem como principal patógeno a E. coli, acometendo principalmente mulheres.
A doença sistêmica é rara em adultos, mas tem certa importância em recém-nascidos e em adultos que adquiriram em meio hospitalar.
Patogênese da Escherichia coli
ITU: A patogênese da ITU começa com a colonização do intróito vaginal ou meato uretral por E. coli da flora fecal, seguida pela ascensão pela uretra até a bexiga. A proximidade anatômica de do ânus com o meato uretral nas mulheres, tornam elas mais susceptíveis a infecção. A pielonefrite se desenvolve quando os patógenos sobem para os rins através dos ureteres.
Infecção no TGI: Escherichia coli são habitantes normais do trato gastrointestinal humano e estão entre as espécies bacterianas mais freqüentemente isoladas de culturas de fezes. Existem pas de E. coli que circulam amplamente com material genético adicional diarreiogênica, transformando essa bactéria em um dos patógenos entéricos mais virulentos. A E. coli diarreiogênica estão entre as causas mais frequentes de bacterianas em todo o mundo gastroenterite. As cepas diarreiogênicas são:
- E. coli enterotoxigênica: Esse grupo tem produz várias citotoxinas, neurotoxinas e enterotoxinas, incluindo a toxina de Shiga e provocam diarreia bastante sanguinolenta. O principal sorotipo desse grupo é o O157:H7. Em alguns casos, uma síndrome hemolítico urêmica (SHU) pode ocorrer (principalmente em crianças), caracterizada por anemia hemolítica microangiopática, trombocitopenia e lesão renal aguda. A E. coli produtora de toxina Shiga é responsável por mais de 90 por cento dos casos de SHU em crianças.
- E. coli enteropatogênica: As cepas de E. coli enteropatogênica são definidas pelo efeito característico de “anexação e apagamento” que induzem na interação com células epiteliais e pelo fato de não produzirem toxina Shiga. A diarréia geralmente é aquosa, sem sangue ou pus. associada a essa cepa em crianças pode ser grave, com vômitos e desidratação concomitantes.
- Enteroinvasiva E. coli: Está intimamente relacionada à Shigella e causa colite semelhante à shigelose. A doença clínica começa como diarreia aquosa e pode ou não evoluir para diarreia com sangue e disenteria franca. A infecção pode resultar em doença grave.
- E. coli enteroagregativa: Fimbrias de adesão (variantes AAF / 1 – AAF / V) estão presentes em quase todas as cepas típicas enteroinvasivas. Pacientes com infecção sintomática geralmente apresentam diarreia aquosa sem sangue nas fezes. Este grupo foi associado diarreia persistente entre crianças estudadas e adultos com infecção por HIV, particularmente aqueles com imunossupressão avançada.
Bacteremia: A E. coli é frequente como patógeno causador de sepse no meio intra hospitalar, sendo a primeira causa em estudos realizados em unidades não intensivas e a quarta causa em UTI nos Estados unidos. Em relação a sepse neonatal, a Escherichia coli é o germe mais frequente entre os gram negativos, 7% do total. No entanto, é rara em bebês nascidos a termo e mais comum em recém-nascidos em unidades de terapia intensiva.
Diagnóstico de Escherichia coli
O diagnóstico de ITU não complicada é clínico e feito em um paciente com sinais e sintomas clássicos, ou seja, disúria, frequência urinária, urgência e/ou dor suprapúbica. Se solicitado urinálise, a referência habitual para o diagnóstico de ITU pode ser o isolamento de pelo menos 100.000 unidades formadoras de colônia (UFC) por mililitro de urina de um único E. coli.
A E. coli pode ser cultivada prontamente a partir das fezes em condições aeróbias. No entanto, as E. coli patogênicas não são distinguíveis das cepas não patogênicas ou umas das outras por sua aparência em placas de cultura ou pelos resultados dos testes bioquímicos usuais. Por esse motivo, testes moleculares são necessários para diferenciar as cepas diarreiogênicas.
Tratamento da Escherichia coli
ITU: Os agentes antimicrobianos de primeira linha incluem:
- Nitrofurantoína mono-hidratada/macrocristais 100 mg- duas vezes ao dia, durante cinco dias.
- Trimetoprim-sulfametoxazol [160/800 mg]- Dois comprimidos, duas vezes ao dia, durante três dias.
- Fosfomicina – 3 gramas de pó misturado em água como uma dose única
- Pivmecilinam 400 mg – duas vezes ao dia, durante cinco a sete dias.
Antes do início da terapia, a cultura de urina e o teste de suscetibilidade são importantes quando disponíveis, devendo ser coletadas antes de iniciar a terapia antimicrobiana, mas sem necessidade de esperar o resultado para início da terapia.
Está indicado principalmente para pacientes com fatores de risco para resistência antimicrobiana ou para infecção mais grave como aqueles com anormalidades urológicas subjacentes, condições de imunossupressão e diabetes mellitus mal controlado. Essa atitude é importante, pois taxas crescentes de resistência da E.coli, incluindo as cefalosporinas e Trimetoprim-sulfametoxazol, foram relatadas globalmente.
Infecção do TGI: Os cuidados de suporte com fluidos, eletrólitos e gerenciamento nutricional são a base do tratamento das doenças diarreicas por qualquer etiologia. Para pacientes com diarreia que têm uma E. coli patogênica identificada no teste de fezes, sugerimos não administrar antibioticoterapia de rotina. A antibioticoterapia com azitromicina ou ciprofloxacina é razoável em pacientes com diarreia grave, com sangue ou persistente, particularmente em crianças ou hospedeiros imunocomprometidos.