Infectologia

Resumo sobre malária (completo) – Sanarflix

Resumo sobre malária (completo) – Sanarflix

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Resumo sobre malária (completo): da definição ao tratamento, passando pela fisopatologia, epidemiologia, quadro clínico e diagnóstico.

Definição

A malária é uma doença infecciosa febril aguda. Pode ser causada por quatro protozoários do gênero Plasmodium: Plasmodium vivax, P. falciparum, P. malariae e P. ovale.

No Brasil, somente os três primeiros estão presentes, sendo o P. vivax e o P. falciparum as espécies predominantes.

Transmitido pela picada de mosquitos do gênero Anopheles (anofelinos ou mosquito prego, popularmente) infectados com o Plasmodium.

Epidemiologia da malária

A malária é responsável por mais de 1 milhão de mortes no mundo. 88 países estão classificados como áreas de transmissão natural de malária, a maioria da faixa tropical do planeta. No Brasil a área endêmica é forma-
da por todos os estados da Amazônia Legal.

Em 2012, foram registrados aproximadamente 219 milhões de casos clínicos e 627.000 mortes. Entretanto, o Brasil apresentou um declínio no número absoluto de casos e uma diminuição na frequência de internações por malária. Uma redução global de casos de 25% desde o ano 2000. O declínio permaneceu até 2015, porém tem apresentado aumento de incidência, comparados 2018.

Etiopatogenia

Vetor

A malária é transmitida pelo mosquito da Família Culicidae e Gênero Anopheles. O mosquito necessita, para o seu desenvolvimento, de criadoros de porte pequeno a médio, água limpa, fria e corrente com sombra.

Ciclo de vida

O Plasmodium apresenta um ciclo de vida heteroxênico, ou seja, para completar o seu ciclo de vida precisa de dois hospedeiros diferentes: um vertebrado e outro invertebrado (Figura 1).

Ciclo biológico do parasito no homem

O ciclo assexuado do plasmódio, denominado esquizogônico, inicia-se após a picada do anofelino, com a inoculação de esporozoítos infectantes no homem. A seguir, os esporozoítos circulam na corrente sanguínea durante alguns minutos e rapidamente penetram nas células do fígado (hepatócitos), dando início ao ciclo pré-eritrocítico ou esquizogonia tecidual. A duração varia de acordo com a espécie:

  • P. falciparum = 6 dias
  • P. vivax = 8 dias
  • P. malariae = 12 a 15 dias

Ao final do ciclo tecidual, os esquizontes rompem o hepatócito, liberando milhares de elementos-filhos na corrente sanguínea, chamados merozoítos. Os merozoítos irão invadir as hemácias, dando início ao segundo ciclo de reprodução assexuada dos plasmódios: o ciclo sanguíneo ou eritrocítico. Durante um período que varia de 48 a 72 horas, o parasito se desenvolve no interior da hemácia até provocar a sua ruptura, liberando novos merozoítos que irão invadir novas hemácias.

Ciclo biológico do Plasmodium. 
Fonte: Supermaterial do Sanarflix.
Figura 1. Ciclo biológico do Plasmodium.
Fonte: Supermaterial do Sanarflix.

Quadro clínico de malária

O quadro clínico da malária pode ser leve, moderado ou grave, na dependência da espécie do parasito, da quantidade de parasitos circulantes, do tempo de doença e do nível de imunidade adquirida pelo paciente. Assim, teremos sintomas da malária gerais com diferenciações que podem determinar as variações na evolução clínica da doença, por exemplo, o P.falciparum pode resultar em forma grave e complicada, caracterizada pelo acometimento e disfunção de vários órgãos ou sistemas.

Geralmente o indivíduo apresenta a clássica tríade composta por febre, calafrios e dor de cabeça. Sintomas gerais, como mal-estar, dor muscular, sudorese, náusea e tontura, podem preceder ou acompanhar a tríade sintomática.

Existem alguns sintomas que determinam PERIGO para a malária grave:

  • Hiperpirexia (temperatura > 41ºC);
  • Convulsão;
  • Hiperparasitemia ( > 200.000/mm3);
  • Vômitos repetido;
  • Oligúria;
  • Dispneia;
  • Anemia intensa;
  • Icterícia;
  • Hemorragias;
  • Hipotensão arterial.

Diagnóstico de malária

Tradicionalmente, o diagnóstico da doença é feito pela visualização microscópica do plasmódio em exame da gota espessa de sangue, corada pela técnica de Giemsa ou de Walker.

Gota espessa

Baseia-se no encontro de parasitos no sangue. Permite a diferenciação das espécies de Plasmodium e do estágio de evolução do parasito circulante.

Questão 755178 UFMT - Observação dos gametócitos de P. falciparum
Figura 2. Observação dos gametócitos de P. falciparum.

Diagnóstico diferencial

Deve-se descartar outras causas de febre prolongada, como febre tifoide, febre amarela, leptospirose, hepatite infecciosa, leishmaniose visceral, doença de Chagas aguda e outros processos febris. Na fase inicial, principalmente na criança, pode-se fazer o diagnóstico diferencial com doenças infecciosas dos tratos respiratório, urinário e digestivo, quer de etiologia viral ou bacteriana.

No período de febre intermitente, as principais doenças que se confundem com a malária são as infecções urinárias, tuberculose miliar, salmoneloses septicêmicas, leishmaniose visceral, endocardite bacteriana e as leucoses. Todas apresentam febre e, em geral, esplenomegalia. Algumas delas apresentam anemia e hepatomegalia.

Tratamento de malária

O objetivo do tratamento consiste em atingir o parasito em pontos chaves do seu ciclo evolutivo, assim, deve-se interromper a esquizogonia sanguínea, destruir as formas latentes e interromper a transmissão. A decisão de como tratar o paciente com malária deve ser precedida de informações sobre os seguintes aspectos:

  • Espécie de plasmódio infectante,
    pela especificidade dos esquemas
    terapêuticos a serem utilizados;
  • Idade do paciente, pela maior toxicidade para crianças e idosos;
  • História de exposição anterior à infecção uma vez que indivíduos primo infectados tendem a apresentar formas mais graves da doença;
  • Condições associadas, tais como gravidez e outros problemas de saúde;
  • Gravidade da doença, pela necessidade de hospitalização e de tratamento com esquemas especiais de antimaláricos.

Malária Não Complicada

As medicações são de acordo com peso e idade do paciente. Consideramos um paciente de 70 mg para as doses expostas.

Tratamento da Malária Não Complicada. Fonte: Supermaterial do Sanarflix
Figura 3. Tratamento da Malária Não Complicada. Fonte: Supermaterial do Sanarflix

Malária Complicada

A malária grave deve ser considerada uma emergência médica. Nesses casos, o principal objetivo do tratamento é evitar que o paciente morra. Para isso, antimaláricos potentes e de ação rápida devem ser administrados, juntamente com todas as medidas de suporte à vida do paciente.

Profilaxia da malária

  • Permanecer no interior da habitação do anoitecer ao amanhecer;
  • Uso do mosquiteiro;
  • Usar roupas de mangas compridas e calças compridas;
  • Usar repelente de insetos nas áreas de pele exposta.

A quimioprofilaxia consiste no uso de drogas antimaláricas em doses subterapêuticas, a fim de reduzir formas clínicas graves e o óbito devido à infecção por P. falciparum. Entretanto, no Brasil não é realizado.

Notificação

A malária é uma doença de notificação compulsória e, portanto, todos os casos suspeitos ou confirmados devem ser, obrigatoriamente, notificados às autoridades de saúde, utilizando-se as fichas de notificação e investigação.

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