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Resumo sobre transtorno de ansiedade generalizada | Ligas

Resumo sobre transtorno de ansiedade generalizada | Ligas

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Definição e Epidemiologia

O Transtorno de Ansiedade Generalizada é caracterizado por uma preocupação persistente e excessiva, que causa emoções desconfortáveis e uma situação emocional desagradável, frente a eventos presentes ou futuros. Além disso, têm-se sintomas físicos associados, sobretudo autonômicos, devido à liberação de mediadores químicos importantes.

A ansiedade é um instinto inato a todos os seres vivos e importante para sua sobrevivência, porque faz o indivíduo estar mais atento e preparado para lidar com situações adversas. Entretanto, quando passa a ser frequente e em excesso, passa a ser patológica, cursando então com o Transtorno de Ansiedade Generalizada.

A Ansiedade Generalizada é frequente, sua prevalência é de 4,5 a 12% durante a vida, afetando mais mulheres em relação aos homens e pessoas que já têm algum tipo de transtorno psiquiátrico.  Além disso, a Organização Mundial da Saúde afirma que o Brasil é o país que mais possui pessoas com ansiedade no mundo, sendo 18,6 milhões de brasileiros, ou seja, 9,3% da população vivendo com o transtorno.

 Fisiopatologia do transtorno de ansiedade generalizada

Não há estudos conclusivos sobre a questão da hereditariedade relacionada com os tipos de ansiedade e o Transtorno de Ansiedade Generalizada, embora exista uma predisposição herdada para desenvolver o quadro. Há também uma relação com fatores ambientais e psicológicos, mas a fisiopatologia se baseia na liberação de mediadores neuroquímicos em excesso, sendo a noradrenalina o mais importante deles.

O paciente ansioso e com Transtorno de Ansiedade Generalizada possui uma atividade cerebral exacerbada, então interfere na mente e reflete no corpo. A noradrenalina é liberada em excesso, gerando a tensão muscular característica do quadro, ocorrendo muito em região de cervical, pescoço, ombros e até cabeça. Além disso, têm-se a liberação de epinefrina, causando aumento da frequência cardíaca, cursando com taquicardia, dilatação dos brônquios, dilatação das pupilas, redução da motilidade intestinal, extremidades frias do esqueleto apendicular e liberação de glicose no sangue.

O cortisol é outro mediador liberado, o chamado hormônio do estresse, causando no paciente cansaço, insônia, dores no corpo, sensação de fadiga mental e até mesmo queda da imunidade.

Quadro Clínico

O Transtorno de Ansiedade Generalizada se manifesta no paciente por meio de uma inquietação mental e preocupação excessiva com acontecimentos presentes ou futuros, o paciente passa a ter dificuldades de interação no âmbito acadêmico, profissional e relações interpesssoais. Reage de forma exacerbada a acontecimentos pouco relevantes, não tem controle da reação no momento em que acontece, o que inviabiliza muito a relação com outras pessoas, culminando em isolamento muitas vezes.

Além disso, têm-se ainda sintomas físicos, como:

  • Tensão muscular intensa, principalmente em região de cervical
  • Cefaleia e fadiga mental
  • Taquicardia e sensação de aperto no peito
  • Extremidades de mãos e pés frias
  • Insônia
  • Sudorese
  • Tremores
  • Dores musculares
  • Apetite aumentado

Diagnóstico do transtorno de ansiedade generalizada

Segundo o DSM-V, para diagnosticar o transtorno de ansiedade generalizada, o quadro deve durar pelo menos seis meses e ser acompanhado de pelo menos três dos seguintes sintomas: inquietação, irritabilidade, fatigabilidade, perturbação do sono, tensão muscular e/ou dificuldade de concentração.

O diagnóstico então é preponderantemente clínico, baseado também na história do paciente e uma anamnese bem detalhada.

Não há exames complementares a serem feitos para confirmar o diagnóstico de Transtorno de Ansiedade Generalizada, mas podem ser feitos alguns exames para avaliar a situação cardíaca do paciente, como o eletrocardiograma ou ecocardiograma, visto que o quadro causa taquicardia e outras manifestações cardiovasculares em virtude da liberação excessiva de noradrenalina e adrenalina, podendo predispor repercussões cardíacas importantes, então os exames supracitados podem auxiliar a investigar como está a situação do paciente nesse quesito.

Além disso, dosagem de hormônios tireodianos e de vitamina B-12 por exemplo, pode ser importante para excluir diagnósticos diferenciais do transtorno que cursam com um quadro clínico semelhante.

Tratamento do transtorno de ansiedade generalizada

Como o componente psicológico e ambiental têm ampla relação com o Transtorno de Ansiedade Generalizada, o tratamento psicoterápico é de excelência e deve ser priorizado tanto neste transtorno, quanto nos outros tipos de ansiedade, deve ser a opção de escolha em todos os casos, sendo a Terapia Cognitivo-comportamental muito eficiente nesses casos.

O tratamento farmacológico também pode ser usado em algumas situações, porém não deve ser visto como única opção e deve ser combinado com a abordagem psicoterápica, dependendo do grau de sofrimento mental do paciente e de como o quadro está interferindo em suas atividades cotidianas. O médico, portanto, deve avaliar se o tratamento farmacológico se dará por período curto ou prolongado. Se for curto (até 12 semanas), o uso de benzodiazepínicos é efetivo, mas se for mais prolongado, é preciso buscar outras opções terapêuticas, como antidepressivos inibidores da recaptação de serotonina, sendo drogas de primeira escolha para tratamento prolongado de Transtorno de Ansiedade Generalizada.

Outras formas de tratamento plausíveis podem ser pautadas na medicina integrativa, como meditação e técnica de mindfulness, yoga, reiki, musicoterapia, acupuntura. Além disso, prática de exercícios físicos regulares ajudam muito a reduzir as crises de ansiedade, bem como uma alimentação mais equilibrada, rica em frutas, vegetais, grãos, chás e ervas, ajudam muito a amenizar a ansiedade devido às propriedades calmantes e estabilizadoras.

O tratamento deve ser feito o mais precocemente possível, para garantir uma maior qualidade de vida a esses pacientes e uma melhor relação com o círculo social e a vida profissional.

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Autores, revisores e orientadores:

  • Autoria: Gabriella Mares Duro
  • Orientador: André Lopes Ferreira
  • Liga: Liga Acadêmica de Medicina de Família e Comunidade Dr. Hesio Cordeiro – Universidade Estácio de Sá, campus Cittá. – (LAMFEC)
  • Instagram: @lamfechc

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