Resumo de transtorno de ansiedade | Ligas

Mapa mental de transtorno de ansiedade - Sanar
Índice

Definição

Os transtornos de
ansiedade são condições graves e de prejuízo sócio-econômico relevante. Podem
acompanhar o indivíduo por boa parte de sua vida, tendo como seu protótipo a
ansiedade idiopática aliada a sintomas psicológicos e somáticos de curso
crônico. Apresentam baixas taxas de remissão a curto e médio prazo.
Compartilham características de medo e ansiedade excessivos. A ansiedade é um
sintoma comum de acompanhamento a vários outros transtornos psiquiátricos, mas
nos transtornos de ansiedade primários não há déficits neurocognitivos,
sintomas depressivos ou maníacos ou psicose.

O medo e ansiedade fazem parte do
sistema evolucionário útil. Porém, nos transtornos de ansiedade há prejuízo
social ao paciente, observando-se como um guia geral o critério temporal (6
meses ou mais) com certa flexibilidade. Em crianças a duração pode ser mais
curta, como em casos de transtorno de ansiedade de separação ou mutismo
seletivo.

Alguns fatores de risco são comuns a
todos os transtornos de ansiedade: sexo feminino; baixa escolaridade; história
familiar de depressão; raça branca; abuso sexual na infância; número de
experiências traumáticas até os 21 anos; ambiente familiar conturbado e baixa
autoestima.3

Epidemiologia do transtorno de ansiedade

A prevalência dos
transtornos de ansiedade ao redor do mundo é de cerca de 4%, com prevalência ao
longo da vida de 29%. Predomina no sexo feminino, relação homem: mulher de
1:1,9. É mais recorrente na adolescência, entre adultos jovens, pessoas
divorciadas, desempregados e pessoas de baixa condição econômica.3
(Tabela 1)

Prevalência dos transtornos de ansiedade (fonte: Manual de Psiquiatria Clínica, 2016).
Tabela 1. Prevalência dos transtornos de ansiedade (fonte: Manual de Psiquiatria Clínica, 2016).

Fisiopatologia

A patogênese dos
transtornos de ansiedade têm como base a resposta ao sistema “luta e fuga” com
ativação do sistema nervoso simpático, mas também, respostas autonômicas,
neuroendócrinas, cognitivas e motoras. O núcleo central da tonsila capta a
entrada glutamatérgica excitatória de várias áreas corticais e do tálamo e em
resposta a tonsila projeta para muitas regiões do cérebro dos sistemas
monoaminérgicos que desencadeiam manifestações clínicas comuns de ansiedade. A
ansiedade permeia diversos aspectos da vida do indivíduo e gera prejuízo a ele,
com limitações a atividades diárias.2

Quadro clínico do transtorno de ansiedade

Os indivíduos apresentam
um ou mais sintomas somáticos da ansiedade psíquica, presentes em praticamente
todos os órgãos do sistema do corpo devido a interpretações equivocadas de
ameaças e medo levando a um círculo vicioso de pensamentos e sintomas
somáticos.2 (Tabela 2).

Manifestações somáticas comuns de ansiedade (Fonte: Goldman-Cecil Medicina Interna, 2017).
Tabela 2. Manifestações somáticas comuns de ansiedade (Fonte: Goldman-Cecil Medicina Interna, 2017).

Diagnóstico do transtorno de ansiedade

É baseado nas
características sindrômicas observadas durante entrevista e exame do estado
mental. Importante determinar se o transtorno de ansiedade é primário ou
secundário a uma condição sistêmica ou neurológica, intoxicação medicamentosa
ou devido estado de abstinência.

No Manual
Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais
– 5a edição
(DSM-5) os transtornos da ansiedade se subdividem em várias classes
especificando seu diagnóstico em: transtorno de ansiedade de separação, mutismo
seletivo, fobias específicas, transtorno de ansiedade social (fobia social),
síndrome do pânico, ataque de pânico, agorafobia, Transtorno de ansiedade
generalizada (TAG), transtorno de ansiedade induzido por medicação ou
substância, transtorno de ansiedade secundário a outra condição médica,
transtorno de ansiedade com outra especificação e transtorno de ansiedade
inespecífico. Aqui vamos especificar os diagnósticos dos mais recorrentes
transtornos de ansiedade: TAG e transtorno do pânico.

Para o Transtorno da Ansiedade Generalizada, os
critérios são: a ansiedade e preocupação excessivas (expectativa apreensiva),
ocorrendo na maioria dos dias por pelo menos seis meses, com diversos eventos
ou atividades (tais como desempenho escolar ou profissional); o indivíduo
considera difícil controlar a preocupação; a ansiedade, a preocupação ou os
sintomas físicos causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no
funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do
indivíduo; a perturbação não se deve aos efeitos fisiológicos de uma
substância; a perturbação não é mais bem explicada por outro transtorno mental.
A ansiedade e a preocupação estão associadas com três (ou mais) dos seguintes
seis sintomas (com pelo menos alguns deles presentes na maioria dos dias nos
últimos seis meses), sendo apenas um item exigido para crianças: inquietação ou
sensação de estar com os nervos à flor da pele, fatigabilidade, dificuldade de
concentrar-se ou sensações de “branco” na mente, irritabilidade, tensão
muscular ou perturbação do sono.

O transtorno do pânico
deve apresentar ataques de pânico recorrentes e inesperados (surto abrupto  de medo intenso ou desconforto intenso que
alcança um pico em minutos e durante e quatro ou mais dos seguintes sintomas:
palpitações, coração acelerado, taquicardia; sudorese; tremores ou abalos;
sensações de falta de ar ou sufocamento; sensações de asfixia; dor ou
desconforto torácico; náusea ou desconforto abdominal; sensação de tontura,
instabilidade, vertigem ou desmaio; calafrios ou ondas de calor; parestesias;
desrealização (sensações de irrealidade) ou despersonalização (sensação de
estar distanciado de si mesmo); medo de perder o controle ou “enlouquecer”;
medo de morrer.

Tratamento do transtorno de ansiedade

Mesmo com um algoritmo de diagnósticos
diversos, o tratamento dos transtornos ansiosos está pautado em terapias psicológicas e tratamento
medicamentoso. O tratamento deve continuar por pelo menos 6 a 24 meses após a
remissão dos sintomas. Não existe diferença significativa entre a terapia
medicamentosa e a não medicamentosa, apesar de resultados mais duradouros serem
obtidos quando o tratamento escolhido é a psicoterapia. Entretanto, o
tratamento mais eficaz é a combinação das duas modalidades. A terapia
psicológica mais bem estudada e com melhores resultados nos transtornos de
ansiedade é a terapia cognitivo-comportamental (TCC).3

Entre as medicações, os antidepressivos são as mais importantes, não havendo grandes diferenças de eficácia entre as classes. Entretanto, em virtude do menor perfil de efeitos colaterais, os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) e os inibidores da recaptação de serotonina e noradrenalina (IRSN) são as primeiras escolhas. Os tricíclicos e os inibidores da monoaminoxidase (IMAO), em geral, são usados como medicações de segunda linha ou para casos refratários. Os benzodiazepínicos devem ser usados por cerca de 2 a 4 semanas, em associação com os antidepressivos, com posterior retirada gradual. Alguns estudos demonstram que a pregabalina é de primeira linha no tratamento do TAG, enquanto a buspirona é uma opção terapêutica ainda com resultados controversos. Antipsicóticos, betabloqueadores e anti-histamínicos podem ser utilizados como adjuvantes. 3

Mapa mental

Mapa mental de transtorno de ansiedade - Sanar

Autores, revisores e orientadores

  • Área: Psiquiatria
  • Autora: Juliana Lucas Merida
  • Revisora: Vinícius Uler Lavorato
  • Orientadora: Dra. Lair da Silva Gonçalves 
  • Liga: Liga Acadêmica de Psiquiatria do Distrito Federal – LIPSI-DF

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