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Saiba quais os exames de rastreio indicados ao paciente idoso

Saiba quais os exames de rastreio indicados ao paciente idoso

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Confira agora quais exames de rastreio de doenças não oncológicas e oncológicas você deve solicitar ao paciente idoso.

O perfil da população brasileira tem se tornado cada vez mais envelhecido. Os idosos tem como características epidemiológicas a presença de doenças crônicas, suas agudizações e elevada morbimortalidade decorrente de causas externas.

O médico, tanto o geriatra, como o quem irá trabalhar na atenção básica e no atendimento ambulatorial, deve ser capaz de atender com qualidade o paciente idoso que, assim como criança e gestante, tem muitas particularidades.

Para saber mais sobre quais exames de rastreio são necessários solicitar ao paciente geriatra, continue a leitura do nosso texto.

O paciente idoso

O idoso é considerado a pessoa que tenha 60 anos ou mais. Em 2022, segundos dados divulgados pela Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio Contínua (PNAD Contínua) que pertence ao IBGE, esse grupo etário passou a representar 14,7% da população, o que representa 31,2 milhões de pessoas.

Com isso, surge a necessidade de se voltar ainda mais atenção à saúde dos idosos. Desde 2014, o Ministério da Saúde recomenda que esse grupo de paciente faça uma avaliação multidimensional e multissetorial, que deve ser realizada por uma equipe multidisciplinar.

O processo de senescência

O paciente idoso começa a lidar com a perda da sua capacidade funcional. Aos poucos as habilidades físicas e mentais vão sendo diminuídas, o que decorre do seu processo fisiológico de envelhecimento, chamado de senescência.  

Apesar disso, o envelhecimento de cada indivíduo é único. Alguns fatores influenciam nesse processo. O estilo de vida que esse paciente teve ao longo dos anos vai colaborar para que se tenha uma qualidade ou não no envelhecimento. O álcool, tabagismo, excesso de peso, sedentarismo, nutrição inadequada podem ser fatores que interfiram diretamente a saúde que esse paciente chegue a velhice e nas doenças que ele corre o risco de desenvolver.

Doenças mais prevalentes em idosos

É preciso lembrar que além dessas questões próprias do processo de envelhecimento, existem algumas doenças e patologias que são prevalentes nessa faixa etária, tornando-os grupo de risco.

Doenças não-oncológicas

Dentre as doenças não oncológicas mais prevalente nesse grupo etário temos:

  • Doenças cardiovasculares
  • Doenças pulmonares
  • Osteoporose
  • Diabetes mellitus tipo II
  • Dislipidemias
  • Obesidade
  • Desnutrição
  • Incontinência urinária e problemas renais.

Doenças oncológicas

No caso dos cânceres, os mais comuns são:

  • Câncer de pele não-melanoma
  • Câncer de próstata
  • Neoplasia de pulmão
  • Câncer de mama
  • Tumor de cólon e reto
  • Câncer de estômago

Segundos dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), em 2022, em homens o câncer de próstata era o mais incidente seguido de cólon e reto. Em terceiro lugar estava o de traqueia, brônquio e pulmão e em quarto, o câncer de estômago.

Já em mulheres, de acordo com a mesma fonte, o câncer de mama se encontra disparado ocupando o primeiro lugar. Em segundo temos o de cólon e reto. Terceiro é o de colo de útero. O quarto lugar é o de traqueia, brônquio e pulmão.

Exames de rastreio

Primeiramente é importante lembrar que, em toda consulta clínica é necessário realizar uma anamnese bem feita e um exame físico completo, principalmente em se tratando de pacientes idosos.

O médico deve estar atento aos sinais e sintomas desse paciente e, diante das queixas e suspeitas direcionar as suas solicitações de exames de rastreio.

Esses exames servem para excluir ou ajudar a confirmar suspeitas diagnósticas. Serve ainda para acompanhar a evolução de uma determinada patologia e controle do uso de alguns medicamentos no tratamento de doenças.

Exames de rastreio de doenças não oncológicas

Confira os exames de rastreio para as doenças não oncológicas mais prevalentes nos idosos.

1.     Exame de rastreio: Laboratoriais

Os exames laboratoriais que devem ser solicitados ao paciente idoso são:

Glicemia

É preciso ter o controle da glicemia em jejum do paciente com risco e tendência à diabetes do tipo 2. Principalmente a aqueles pacientes que possuem história familiar favorável e que estão acima do peso ou obesos. Assim, é importante dosar anualmente.

Hemograma

O hemograma é importante para avaliar se o paciente apresenta anemia. Além disso, se possui alguma alteração nas plaquetas e leucócitos, que somadas à clínica pode ser sugestivo de alguma patologia.

Perfil lipídico

As doenças cardiovasculares são as principais causas de morte no Brasil e no mundo. O risco dessas doenças aumenta com a obesidade, dislipidemia, tabagismo, sedentarismo, etc.

Diante disso, é importantíssimo solicitar exames para dosar colesterol total, HDL, LDL, triglicérides.

TSH

A tireoide tem influência em todo o organismo. Quando a mesma não está funcionando adequadamente, podemos ter sintomas em diversas partes do corpo. Pode ser refletido na perda ou ganho de peso, distúrbios do sono, entre outros.

Além da predisposição que algumas pessoas tem, o uso de alguns medicamentos pode interferir nos hormônios. Como idosos são pacientes conhecidos com sua polifarmácia, é importante solicitar o exame.

Creatinina e ureia

O uso de medicamentos, bem como da própria senescência pode levar à um comprometimento renal. Assim, visando avaliar o funcionamento dos ruins, deve-se solicitar dosagem de creatinina com estimativa da filtração glomerular e também da ureia.

Dosagem de vitamina D e cálcio

Diante do aumento do risco de osteoporose e doenças cardiovasculares, é indicado a dosagem de vitamina D e cálcio para os idosos.

Enzimas do fígado

Para avaliar o fígado, é importante solicitar TGO, TGP, Gama GT

Exame de fezes

Solicitar exame de fezes para pesquisar sangue oculto em caso de presença de anemia ou suspeita de alguma doença de intestino. Pode-se ainda ser solicitado parasitológico.

2.     Exame de rastreio: Imagens

As imagens são exames que, juntamente com a clínica, ajuda a descartar ou confirmar suspeitas diagnósticas. Veja algumas delas que podem ser solicitas em rastreio:

Radiografia de tórax

Essa deve ser uma escolha para aqueles pacientes que são fumantes ou que, na sua atividade laboral, esteve exposto à algum material inalante tóxico.

Eletrocardiograma

Geralmente é um exame que se solicita no início das consultas com o geriatra, a fim de ter controle.

Densitometria óssea

Este é um exame considerado obrigatório para homens e mulheres após os 65 anos. Esta é uma forma de ajudar a detectar fraturas espontâneas ou decorrentes de quedas.

Exames de rastreio de doenças oncológicas

Confira os exames de rastreio para as doenças não oncológicas mais prevalentes nos idosos.

1.     Exame de rastreio: Laboratoriais

Dois exames utilizados para rastreio de câncer é o PSA, que é indicado nos homens com mais de 45 anos na busca de câncer de próstata. Apesar da indicação, ele não pode ser analisado isoladamente e o toque retal é fundamental.

O outro exame que pode ser realizado é o de fazes para verificar sangue oculto, indicativo de alguma neoplasia, como a de cólon.

2.     Exame de rastreio: Imagens

No caso de suspeita de câncer, as imagens se tornam ainda mais importantes e necessária. Confira:

Mamografia

Exame de extrema importância para detectar precocemente o câncer de mama em mulheres. Este exame é indicado a partir dos 35 para as mulheres que pertencem ao grupo de risco, anualmente.

Para mulheres assintomáticas entre 50 e 69 anos, a mamografia deve ser realizada uma vez a cada 2 anos.

Colonoscopia

O exame importante no rastreio do câncer de cólon. É recomendado a partir de 50 anos.

Para aqueles que não fazem parte do grupo de risco, o exame deve ser realizado a cada 10 anos. Para aqueles que fazem parte, a cada 2 anos.

Tomografia computadorizada e radiografia

Pensando nos problemas pulmonares, principalmente em câncer de pulmão, deve-se solicitar radiografia como exame de rastreio.

A TC deve ser solicitada todo ano aos pacientes de 50 a 80 anos com história de mais de 20 anos de tabagismo.

Sugestão de Leitura Complementar

Referências

  1. BRASIL. Incidência de Câncer. Instituto Nacional de Câncer – INCA. Ministério da Saúde. Brasília, 2022.
  2. BRASIL. Saúde da pessoa idosa. Ministério da Saúde. Brasília, 2017.
  3. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Envelhecimento e saúde da pessoa idosa / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica – Brasília: Ministério da Saúde, 2006.
  4. IBGE. Síntese de Indicadores Sociais. Uma análise das condições de vida da população brasileira. 2020. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101760.pdf. Acesso em: 14 junho 2021.
  5. FRANCISCO, P. M. S. B. et al. Prevalência de diagnóstico e tipos de câncer em idosos: dados da Pesquisa Nacional de Saúde 2013. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol, 2020.
  6. SOUZA, J. G. et al. Fundamentos básicos em geriatria. Editora Sanar: 1° edição, 512 p. Salvador, 2021.