Índice
- 1 Sinais clássicos do abdome agudo: como o exame físico pode ajudar
- 2 Manobras no exame físico: quais dão os sinais clássicos de abdome agudo?
- 3 Radiografia de Abdome e as indicações na avaliação dos sinais clássicos no abdome agudo
- 4 RX de Tórax no abdome agudo perfurativo: sinais clássicos
- 5 Sinal do Empilhamento de Moedas e o abdome agudo obstrutivo
- 6 Níveis hidroaéreos escalonados e o abdome agudo
- 7 Sinal da dupla bolha gástrica no abdome agudo
- 8 Sinal do grão de café no abdome agudo
- 9 Ultrassonografia no abdome agudo inflamatório
- 10 Referências
Saiba reconhecer os sinais clássicos do abdome agudo no seu paciente! Ter esse discernimento certamente conduzirá a um manejo mais eficaz! Bons estudos!
Existem alguns sinais clássicos no abdome agudo que irão te ajudar na suspeita diagnóstica do seu paciente com dor abdominal. Não deixe de realizar um exame físico direcionado e fique bastante atento aos possíveis achados nesses pacientes.
Você também pode aprender sobre o diagnóstico do abdome agudo, abdome agudo inflamatório ou ter uma visão geral do abdome agudo.
Sinais clássicos do abdome agudo: como o exame físico pode ajudar
É evidente que nem toda dor abdominal, por si só, se caracteriza um abdome agudo. No entanto, uma vez que essa condição é suspeitada, o exame físico deve ser muito bem direcionado para a região.
No paciente que apresenta dor abdominal, um exame físico bem minucioso e detalhista é fundamental para a identificação de um possível quadro de abdome agudo.
Ao exame físico, o seu paciente com suspeita de abdome agudo deverá ser investigado quanto aos sinais vitais. É possível e provável que na inspeção você já consiga notar um estado de sudorese, sugerindo dor intensa pela ativação do sistema simpático.
Na sua investigação direcionada do abdome, esteja atento ao observar:
- Distensão abdominal;
- Cicatrizes cirúrgicas;
- Ruídos hidroaéreos (RHA);
- Hérnias;
- Ascite;
- Sinais flogísticos (de inflamação);
- Dor à palpação;
- Descompressão dolorosa às custas de uma peritonite?;
- Massas.
Ainda, uma avaliação que muitos deixam de fazer nesse momento é o toque retal. Ele é especialmente importante na pesquisa de uma possível obstrução, o que caracterizaria um abdome agudo obstrutivo. Os pacientes a quem se indica realizar o toque retal são aqueles que apresentam sangramento ou alteração do trato gastrointestinal, interrupção das fezes e flatos.
Da mesma maneira, é também importante fazer o exame ginecológico para pacientes que chegam com abdome agudo inflamatório infeccioso. Assim, com uma anamnese que aponte um atraso menstrual, por exemplo, e um exame ginecológico com corrimento, poderíamos pensar em uma DIP ou gravidez ectópica.
Você também pode ver aqui o CID-10 do abdome agudo.
Manobras no exame físico: quais dão os sinais clássicos de abdome agudo?
Realizar as manobras de abdome durante o exame físico do paciente com suspeita de abdome agudo é mandatório. Ou seja, realizar o exame físico completo do abdome é fundamental para reconhecer as causas do possível abdome agudo.
- Sinal de Chandelier
O sinal de Chandelier indica doença inflamatória pélvica, quando a paciente refere dor intensa com o movimento do colo do útero.
- Sinal de Murphy
O sinal de Murphy é positivo quando o paciente, ao ter o hipocôndrio direito palpado, interrompe sua respiração devido à dor. Com isso, tem-se a indicação de uma colecistite aguda.
- Sinal de Blumberg
Dor à descompressão brusca no ponto de McBurney. A reação positiva do paciente à esse sinal, ou seja, sentindo dor, sugere uma apendicite aguda.
- Sinal de Rovsing
O sinal de Rovsing é realizado pela palpação do quadrante inferior esquerdo do abdome, embora o paciente apresente dor no quadrante inferior direito. Assim, caso o paciente sinta dor, é também um indicativo de apendicite. .
- Sinal do Obturador
O sinal do Obturador é feito à flexão e rotação externa da coxa direita. Ao movimento, cria dor em região hipogástrica, sugerindo apendicite aguda.
- Sinal do iliopsoas
Esse sinal é feito ao elevar a perna estendida do paciente, sendo ela a direita. Caso o paciente sinta dor ao movimento, é um indicativo de apendicite aguda.
- Sinal de Cullen e sinal de Gray-Turner: equimose periumbilical e em flancos, respectivamente, sendo indicativos de sangramento intra-abdominal ou retroperitoneal.
Radiografia de Abdome e as indicações na avaliação dos sinais clássicos no abdome agudo
Os exames de imagens são grandes aliados na avaliação de um paciente com abdome agudo. As radiografias, em especial, são ainda mais importantes na avaliação de um abdome agudo obstrutivo.
O mais interessante é que, embora a radiografia não seja o exame mais moderno disponível na medicina, ele é capaz de oferecer informações valiosas e, muitas vezes, suficientes sobre o quadro. Ainda, por ser um exame de menor complexidade, ele acaba tendo prioridade diante de exames como tomografias e ressonâncias, por exemplo.
Pensando nisso, tão importante quanto saber interpretá-las é saber quando solicitá-las. Assim, as indicações para que um RX de abdome seja realizado são:
- História de obstrução intestinal;
- Perfuração do TGI;
- Corpo estranho radiopaco.
É importante que a radiografia seja sempre solicitada em duas incidências: em decúbito e em ortostase.
RX de Tórax no abdome agudo perfurativo: sinais clássicos
Pneumoperitônio
Na imagem abaixo podemos ver a importância de avaliar o paciente por meio de duas incidências, uma em decúbito e outra em ortostase.
Nela vemos a presença de um pneumoperitônio, podendo ser observado pela radiografia de tórax. Indica a presença de ar entre o diafragma e o fígado (mais comum) ou entre o diafragma e estômago.
Sinal do Empilhamento de Moedas e o abdome agudo obstrutivo
De todos os tipos de abdome agudo, o obstrutivo é, certamente, o melhor avaliado por meio da radiografia de abdome.
Por meio dela conseguimos ver um sinal importantíssimo e definitivo:
SINAL DO EMPILHAMENTO DE MOEDAS
Esse sinal revela exatamente o resultado da obstrução: o aumento da pressão do intestino por meio da dilatação das alças intestinais.
Essas duas apresentações podem ser discernidas na figura abaixo em que as setas amarelas indicam o sinal do empilhamento de moedas e as azuis a dilatação das alças intestinais.
Níveis hidroaéreos escalonados e o abdome agudo
Durante um abdome agudo obstrutivo também é possível observar os níveis hidroaéreos, em que há uma divisão exata entre o líquido e o gás dentro do lúmen intestinal.
Isso é justificado pela grande produção de gases e líquidos, devido à estase fecal e bacteriana. A presença de gás na parede intestinal, conhecido como pneumatose intestinal, pode indicar infecção, isquemia ou até mesmo necrose.
Sinal da dupla bolha gástrica no abdome agudo
O sinal da dupla bolha gástrica é um indicativo de atresia de duodeno. Essa obstrução é muito comum, e muito associada à anomalias congênitas, como a Síndrome de Down.
À imagem radiográfica, interpretamos da seguinte maneira: a bolha menor representa a parte proximal do duodeno dilatada. Já a maior bolha representa uma distenção gástrica dilatada.
Sinal do grão de café no abdome agudo
O sinal do Grão de Café indica volvo de cólon sigmoide, sendo uma torção de segmento sobre o eixo mesentérico, causando a obstrução intestinal.
Ela pode ser melhor observada no desenho esquemático abaixo:
Ultrassonografia no abdome agudo inflamatório
A ultrassonografia é também um exame importante e interessante na avaliação do abdome agudo. Por meio dela é possível identificar alterações como:
- Aneurisma de aorta abdominal;
- Doença da via biliar;
- Gravidez ectópica;
- Cólica renal;
- Apendicite.
É importante ressaltar que no caso da cólica renal e da apendicite a USG não é a primeira escolha, uma vez que existem outros exames mais indicados para esses casos. Isso é justificado pelas interposições gasosas e sombra acústica de cálculos renais, por exemplo.
Apendicite aguda
Na imagem abaixo conseguimos observar uma apendicite aguda. Nele, vemos um espessamento do apêndice com uma infiltração gordurosa.
Colecistite
Na imagem abaixo observamos uma colecistite. Apontada pelas setas vemos a parede da vesícula biliar, que encontra-se edemaciada. Pela seta maior, vemos o cálculo biliar de uma espessura significativa no interior da vesícula.
Referências
- Kendall, J. & Moreira, M. (2020). Evaluation of the adult with abdominal pain in the emergency department. In R Hockberger (Ed.). Uptodate.
- Twonsend CM et al. SABISTON – TRATADO DE CIRURGIA. 18° Edição. Elsevier;. Rio de Janeiro – RJ. 2010
- Monteiro A, Lima C e Ribeiro E. Diagnóstico por imagem no abdome agudo não traumático. Revista do Hospital Universitário Pedro Ernesto, UERJ, 2009.