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Neste post você vai ter uma visão geral sobre o abdome agudo. Abordamos sobre os principais aspectos, como epidemiologia, causas, diagnóstico, tratamento e particularidades.
Introdução
O abdome agudo é um problema comum no pronto-socorro e representa um desafio diagnóstico para os médicos.
A maioria dos pacientes tem uma etiologia benigna e/ou autolimitada, e o objetivo inicial da avaliação é identificar os pacientes que apresentam uma etiologia grave e podem necessitar de intervenção imediata.
Temos cinco tipos de abdome agudo:
- Inflamatório;
- Obstrutivo;
- Perfurativo;
- Hemorrágico;
- Isquêmico ou vascular.
Os sintomas costumam a serem inespecíficos e muito semelhante entre os tipos de abdome agudo. Assim, é importante uma anamnese cuidadosa e um exame clínico direcionado visando o diagnóstico correto.
Epidemiologia do abdome agudo
A dor abdominal representa 5 a 10% dos atendimentos no departamento de emergência. Apesar do avanço nos recursos diagnósticos, a dor abdominal indiferenciada é o diagnóstico de cerca de 25% dos pacientes que receberam alta médica e de 35 a 41% dos pacientes internados.
Pacientes idosos com dor abdominal têm aumento de 6 a 8 vezes na mortalidade, quando comparados com pacientes mais jovens.
Dentre os tipos de abdome agudo, o inflamatório é o mais prevalente de todos. Tendo como principais diagnóstico a apendicite, colecistite e pancreatite. Apesar disso, o tipo obstrutivo representa cerca de 20% das internações em serviços de cirurgia e tem seu pico de incidência na quinta década de vida.
O abdome agudo do tipo perfurativo é a terceira causa mais comum. Tem uma mortalidade de 10%. O hemorrágico é considerado raro, com uma taxa de 2% apenas de pacientes que procuram o serviço de urgência. Entretanto, ele possui uma maior taxa de mortalidade, 40 a 100%.
O tipo isquêmico/vascular é o menos comum de ser encontrado em emergências abdominais. Porém também apresenta uma alta mortalidade, principalmente quando o diagnóstico acontece tardiamente.
Não deixe de aprender como investigar melhor a dor abdominal aguda.
Principais causas do abdome agudo
O abdome agudo inflamatório tem como principais causas a apendicite, colescistite, pancreatite, diverticulite aguda e doença inflamatória pélvica (DIP).
Para o abdome agudo obstrutivo temos as obstruções de causas mecânicas, que podem ser por estenoses, obstrução, compressão extrínseca, vasculares primárias e secundárias. E as de causas paralítica ou funcional.
As etiologias das causas de abdome agudo perfurativo são diversas. Temos processos inflamatórios como as úlceras pépticas, das doenças inflamatórias intestinais, neoplasias, infecções do aparelho digestivo por citamegalovírus, tuberculose intestinal, Salmonela; por ingestão de corpo estranho.
O hemorrágico pode ser decorrente de traumatismo abdominal, de pós-operatório e de procedimento abdominais diagnósticos. O isquêmico/vascular acontece devido a oclusão de artérias ou veias na região mesentérica.
De forma geral, podemos classificar as causas em condições que ameçam a vida e as condições “benignas”. Confira abaixo nas tabelas:

Sinais clínicos do abdome agudo
Os sinais clínicos obtidos por manobras que realizamos no exame físico são muito importante para caracterizar o tipo de abdome agudo e excluir diagnósticos diferenciais. Fique por dentro dos sinais clássicos no abdome agudo.
Sinal de Jobert
O sinal de Jobert é caracterizado pelo hipertimpanismo em região hepática, que indica a presença de perfuração de víscera oca em peritônio livre (por exemplo: úlcera péptica).

Sinal de Carnett
Aumento da sensibilidade quando os músculos da parede abdominal são contraídos.
Sinal de Murphy

Blumberg

Sinal do Obturador

Sinal do psoas

Sinal de Rovsing

Diagnóstico de abdome agudo
O diagnóstico do abdome agudo é feito com base na anamnese, exame físico e exames de imagem, como:
- Radiografia de tórax e abdome;
- Ultrassonografia;
- Tomografia computadorizada (deve ser realizada apenas se o paciente estiver estável hemodinamicamente).
Os testes laboratoriais devem ser solicitados apenas para determinar um diagnóstico clinicamente suspeito ou para avaliar um paciente com abdome agudo de etiologia desconhecida.
Tratamento do abdome agudo
Os pacientes com dor abdominal intensa devem ser tratados criteriosamente com analgésicos apropriados, como a morfina. Na maioria dos casos, a conduta é cirúrgica.
Verifique sobre a conduta no abdome agudo inflamatório.
Resumo dos principais pontos
- Uma história bem colhida é essencial para distinguir as causas da dor abdominal e criar um diagnóstico diferencial adequado;
- O teste de gravidez é necessário para mulheres em idade fértil;
- Uso de anti-inflamatório não esteroidal predispõe a úlcera péptica e sangramento;
- Dor com intensidade máxima no início deve alertar para dissecção aguda de aorta ou isquemia mesentérica;
- Início gradual dos sintomas sugere processo infeccioso, inflamatório ou obstrução intestinal;
- Pense em causas de abdome agudo vascular quando a dor é desproporcional aos resultados de exames complementares;
- A TC é o estudo de escolha na avaliação da dor abdominal indiferenciada.
Perguntas Frequentes:
1 – Quais as principais causas de abdome agudo?
Volvo intestinal, aneurisma de aorta abdominal, diverticulite, apendicite, bridas intestinais, colecistite e pancreatite.
2 – Quais os principais sinais semiológicos relacionados a abdome agudo?
Sinal de Jobert, de Murphy, Blumberg, Rovsing e sinal de Carnett.
3 – Qual o exame de imagem mais indicado na avaliação da dor abdominal inespecífica?
Tomografia computadorizada!
Sugestão de leitura complementar
- Abdome agudo inflamatório
- Abdome agudo obstrutivo: etiologias e diagnóstico
- Abdome agudo vascular
- Obstrução Intestinal: conceito, epidemiologia fisiopatologia e mais
- Abdome agudo hemorrágico
- Abdome agudo perfurativo
Referências:
- Kendall, J. & Moreira, M. (2020). Evaluation of the adult with abdominal pain in the emergency department. In R Hockberger (Ed.). Uptodate.
- Monteiro A, Lima C e Ribeiro E. Diagnóstico por imagem no abdome agudo não traumático. Revista do Hospital Universitário Pedro Ernesto, UERJ, 2009.
- Twonsend CM et al. SABISTON – TRATADO DE CIRURGIA. 18° Edição. Elsevier;. Rio de Janeiro – RJ. 2010
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