Índice
- 1 Descrição do paciente
- 2 Exame Físico
- 3 Hipóteses Diagnósticas
- 4 Conduta:
- 5 Desfecho:
- 6 Discussão:
- 7 Exames complementares que podem ser solicitados:
- 8 Drogas para tratamento da crise de asma:
- 9 Quando devemos pensar em internação:
- 10 Orientações após melhora da crise de asma:
- 11 Mapa mental de Asma na emergência
- 12 Tratamento da asma crônica
- 13 Confira o vídeo simplificando a conduta de asma:
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A asma é uma doença inflamatória crônica das vias aéreas inferiores caracterizada por hiperresponsividade brônquica a variados estímulos, com consequente obstrução ao fluxo aéreo, de caráter recorrente e tipicamente reversível.
Descrição do paciente
Paciente feminino, 5 anos e 3 meses, se apresenta com queixa de “cansaço” há 01 dia.
HMA: Mãe refere que a pré-escolar iniciou há 4 dias, quadro de congestão nasal e tosse seca, com piora no período noturno. Relata que hoje houve piora da tosse associada a quadro de taquidispnéia. A mesma relata que realizou nebulização com soro fisiológico, sem melhora, e decidiu portanto procurar a emergência. Nega febre. Refere 1 episódio de vômito associado a dor abdominal. Nega outras queixas.
Nega alergia medicamentosa.
Exame Físico
Pré-escolar taquidispnéica, taquicárdica, afebril, corada, hidratada, acianótica e anictérica. Boa perfusão capilar periférica. Apresenta batimentos de asa do nariz, retração de fúrcula, tiragem subcostal e intercostal.
Peso: 21 kg
OTO: membrana translúcida bilateralmente
ORO: hiperemia de amígdalas
AR: MVUA, presença de sibilos difusos e crepitações em ambas as bases.
FR: 49 irpm SAT O2 90% em ar ambiente
ACV: RCR, 2 tempos, bulhas normofonéticas, sem sopros. FC: 146 bpm
ABD: distendido, hipertimpânico, peristalse presente, indolor, não palpo massas ou megalias.
MMII: sem edemas, pulsos simétricos.
HPP: Mãe relata outros episódios semelhantes, 3 episódios nos últimos 3 meses. Refere que as crises incapacitam a filha de realizar atividades diárias e que quase sempre necessitam de idas a emergência. Relata episódios noturnos esporádicos. Refere uma pneumonia tratada ambulatorialmente aos 3 anos de idade, com amoxacilina. Relata ainda que tem espirros em salva sempre que acorda e apresenta prurido nasal diário. Nega cirurgias. Nega transfusões sanguíneas.
H. Familiar: Mãe relata ter tido bronquite na infância. Pai e irmão de 10 anos são portadores de rinite alérgica. Avós maternos hipertensos. Avós paternos faleceram vítima de trauma automobilístico.
H. Gestacional e Neonatal: G2, P2, A0. Realizou 7 consultas pré-natal. Sorologias normais. Fez uso de ácido fólico e sulfato ferroso. Teve DHEG e DMG. Nascido de parto cesáreo, 36 semanas, apgar 7/8. Evoluiu com desconforto respiratório transitório e hipoglicemia, permaneceu em Unidade neonatal intermediária por 48 horas.
H. Crescimento e Desenvolvimento: Adequado para idade
H. Vacinal: Adequada para idade.
H. Social: Casa de alvenaria, 5 cômodos, saneamento básico, reside com pai, mãe e irmão. Nega etilismo e uso de drogas. Pai tabagista.
Hipóteses Diagnósticas
- ASMA
- PNEUMONIA
- ASPIRAÇÃO DE CORPO ESTRANHO
- ASPIRAÇÃO DE CONTEÚDO GÁSTRICO
Conduta:
Ofertar oxigênio sob forma de cateter até 3l/min ou macronebulização 10l/min e monitorização contínua de frequência cardíaca e Saturação de O2.
Nebulização com beta 2 agonista ou inalação com espaçador contínua ou 3 etapas com intervalo de 20 minutos.
- Quantas gotas de berotec? A dose pode ser de até 15 mcg/ kg
- Quantos jatos do salbutamol? A dose é de 50 mcg/ kg
VEJA TAMBÉM Tratamento da Crise de Asma na Emergência | GINA 2019
Paciente continua com taquidispneia…
2° etapa de nebulização com beta 2 agonista associado a anticolinérgico ou inalação.
Corticóide
VENOSO X ORAL
- Prednisolona 1 mg/kg/dia VO
- Hidrocortisona 10 mg/kg/dose IV
- Metilprednisolona 4 mg/ kg/dia IV
Paciente apresenta melhora parcial do quadro e permanece com leve tiragem subcostal
3° etapa de Nebulização ou Inalação
Após realização de 3° etapa: Pré-escolar em bom estado geral, ativa, reativa, eucárdica (FC: 89 bpm), eupnéica (FR: 35 irpm), sem esforço e Sat O2 95% em ar ambiente.
Realizado hemograma, PCR, eletrólitis, gasometria arterial e radiografia de tórax
Resultado dos exames solicitados:
Htc 33% PCR 4 mg/dL (< 8mg/dL)
Hb 12, 3 g/dL
Hem 4,35 1012/L Na 140 mmol/L (135-145)
Leucócitos 7.300 K 3,8 mmol/L (3,5-5,5)
Diferencial:0-6/0-0-1-42/43-8
Desfecho:
Alta hospitalar com a seguinte prescrição:
1. Prednisolona 3mg/ml – Dar 7 ml vo 1 x ao dia por 5 dias.
2. Nebulização de 6/6 horas:
-SF 0.9% 3 ml
-Berotec 5 gotas
-Atrovent 20 gotas
Discussão:
A asma é uma doença inflamatória crônica, caracterizada por hiper-responsividade das vias aéreas manifestando-se por obstrução ao fluxo aéreo, reversível espontaneamente ou pelo tratamento, com episódios recorrentes de sibilância, dispnéia, aperto no peito e tosse, particularmente à noite e pela manhã ao acordar. Anualmente a asma é responsável por mais 350.000 internações no Brasil.
A gravidade da asma é classificada em: Intermitente/ Persistente/ Persistente moderada/ Persistente grave.
O paciente classificava-se em uma crise grave.
Exames complementares que podem ser solicitados:
- RX de tórax – Este deve ser solicitado para descartar outras complicações.
- Eletrólitos – Solicitado devido a hipopotassemia induzida por beta-agonistas.
- Gasometria arterial – Solicitado para analisar saturação de O2
- Prova de função pulmonar, principalmente a espirometria que faz o diagnóstico da asma.
Na espirometria encontramos capacidade vital forçada, volume expiratório final (VEF1) e capacidade vital forçada diminuídos na asma. Na espirometria a asma se comporta como distúrbio obstrutivo. Um teste com o VEF 1 reversível com a prova bronco dilatadora sugere asma.
Drogas para tratamento da crise de asma:
Droga de escolha: BRONCODILATADORES
- Beta 2 agonistas
- Anticolinérgicos
- Corticóide sistêmico
- Sulfato de magnésio
- Aminofilina
Quando devemos pensar em internação:
- Piora da obstrução
- Incapacidade de falar
- Sensação subjetiva de exaustão
- Sensório alterado: falta de atenção, confusão ou sonolência
- Ausência de murmúrio vesicular apesar do esforço respiratório
- Diminuição progressiva dos valores de saturação de O2 Sinais de fadiga dos músculos respiratórios
Orientações após melhora da crise de asma:
- Sinais de alerta para exacerbações da asma.
- Um plano de ação de acompanhamento da asma. Atenção ao uso de corticoides pela via oral, se necessário.
- Orientação para uso de β2 – agonísta em aerossol dosimetrado com espaçador valvulado até procurar o hospital, em caso de piora.
- Uso correto dos medicamentos inalatórios.
- Conselhos para adesão ao tratamento.
- Retorno ao serviço para acompanhamento, 15 dias após o atendimento na emergência.
Mapa mental de Asma na emergência

Tratamento da asma crônica
Asma leve ou intermitente: tratamento somente na crise, ou seja, BRONCODILATADOR.
Asma persistente leve: corticóide inalatório em dose baixa
Asma persistente moderada ou grave: corticóide inalatório em dose intermediária/alta associado à Antileucotrienos ou LABA
Outros diagnósticos:

LAPED – Liga Acadêmica de Pediatria
Autores: Letícia Leite Fagundes; Ana Clara Lado Oliveira Holak.
Orientador (a): Tassia Viviane Cardoso de Souza
Instituição: Universidade Severino Sombra