Ciclo Clínico

Um Caso Clínico de Trombose Venosa Profunda (TPV)

Um Caso Clínico de Trombose Venosa Profunda (TPV)

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Um caso clínico de Trombose Venosa Profunda (TPV) para você entender o que deve ser feito com pacientes que chegam ao hospital com o sintoma da doença.

Bons estudos!

Identificação do paciente

Paciente do sexo masculino, negro, 60 anos, hipertenso, diabético e portador de insuficiência renal crônica (dialítico).

Queixa principal

O paciente foi encaminhado para o hospital por uma unidade satélite por estar há 14 dias cursando com edema em membro inferior direito, doloroso à palpação, com hiperemia e calor local. Sem demais queixas no momento da consulta. Nega alergias. Faz uso continuo apenas de Cloridrato de Clonidina (Atensina®) 0,2 mg/dia [anti-hipertensivo].

Exame físico

Exame Físico Geral: Ruim estado geral, lúcido e orientado no tempo e espaço, eupnéico com padrão respiratório confortável, afebril, anictérico, acianótico, corado, tempo de enchimento capilar < 02 seg.

Sinais Vitais: Pressão arterial – 120×80 mmHg, Frequência Cardíaca – 85 bpm, Frequência Respiratória – 18 ipm.

Exame Respiratório: Murmúrio Vesicular presente e bem distribuídos bilateralmente em todo hemitórax sem ruídos adventícios, som claro pulmonar a percussão, expansibilidade preservada bilateralmente.

Exame Cardíaco: Ritmo cardíaco regular em 02 tempos sem sopros, bulhas rítmicas e normofonéticas.

Exame Abdominal: Abdome globoso à custa de panículo adiposo, sem cicatrizes ou circulação colateral, cicatriz umbilical centralizada e normotrusa. Ruidos hidroaéreos presentes e bem distribuídos por todo abdome. Timpanismo à percussão de todo abdome, espaço de Traube livre. Sem dor a palpação superficial ou profunda. Sinal de Murphy, Rovsing e Blumberg ausentes.

Exame Membros Inferiores: Membro inferior direito com edema até joelho, doloroso, com hiperemia e empastamento. Ausência de varizes e circulação colateral. 

Diagnóstico Diferencial: Ruptura de cisto de Baker; Celulite; Síndrome pós-flebite/insuficiência venosa; Estiramento muscular; Lesão de torção direta da perna; Edema da perna em membro paralisado; Linfagite, obstrução linfática. 

Exames Laboratoriais:  Ureia 163; Cr 12,6; Na 130; K 5,9; Hb 10,7; Leucócitos 6.418 sem desvio; Plaquetas 197.000; TP 100%; RNI 1,0; TTPa 30,3.

Exame de Imagem: Ultrassom com Doppler de membro inferior direito com veia femoral comum incompressível, sem fluxo ao Doppler com trombo em sua luz.

Diagnóstico

Diagnóstico: Trombose Venosa Profunda

Tratamento

Recomenda-se, com alto nível de evidência, o tratamento inicial com: Heparina de Baixo Peso Molecular (HBPM) subcutânea, Heparina Não Fracionada (HNF) endovenosa ou subcutânea monitorizada, dose fixa de HNF subcutânea, ou Fondaparinux subcutâneo, seguida de anticoagulantes orais a longo prazo.

Duração: recomenda-se a duração do tratamento inicial (HNF, HBPM ou fondaparinux) por pelo menos cinco dias, associado aos antagonistas da vitamina K desde o primeiro dia de tratamento, até que o RNI (relação de normatização internacional) esteja no nível terapêutico, entre 2 e 3, por dois dias consecutivos. A partir deste momento, as drogas parenterais podem ser suspensas com segurança.

Não se recomenda, em hipótese alguma, o tratamento inicial para TVP somente com antagonistas da vitamina K, uma vez que está associado à altas taxas de recorrência sintomática e risco de necrose cutânea.

Discussão do caso de Trombose Venosa Profunda

A trombose venosa profunda (TVP), que é a doença mais importante que acomete as veias periféricas, caracteriza-se pela formação de trombos dentro de veias profundas, com obstrução parcial ou oclusão, sendo mais comum nos membros inferiores – em 80 a 95% dos casos.

Os principais fatores diretamente ligados à gênese dos trombos são: estase sanguínea, lesão endotelial e estados de hipercoagulabilidade (Tríade de Virchow).

Portanto, idade avançada, câncer, procedimentos cirúrgicos, imobilização, uso de estrogênio, gravidez, distúrbios de hipercoagulabilidade hereditários ou adquiridos, constituem-se como fatores de risco para TVP.

A sua incidência aumenta proporcionalmente com a idade, sugerindo que esta seja o fator de risco mais determinante para um primeiro evento de trombose.

Critério diagnóstico de Wells

Imagem tabela de diagnóstico de Wells

 

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