Pediatria

Caso Clínico da doença de Kawasaki | Ligas

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Apresentação do caso clínico

Paciente do sexo masculino, 20 meses de idade, trazido pela mãe ao ambulatório de pediatria. Ao ser questionada sobre o motivo da consulta, a mãe do lactente refere como queixa principal “febre alta e os dois olhinhos vermelhos”.

Mãe relata que o filho tem apresentado febre alta há 5 dias (não sabe dizer ao certo as medições diárias, mas informa ser febre persistente > 39° C) e que tem se mostrado irritado e prostrado durante esse período. Também afirma que após dois dias do início da febre, os olhos da criança apresentaram vermelhidão, mas sem a saída de pus. Lactente foi medicado com antitérmico para melhora da febre. Mãe nega doenças prévias, alergias e internações. Criança não apresenta qualquer déficit no desenvolvimento/crescimento e não faz uso contínuo de medicação.

Ao exame físico, lactente encontra-se irritado, prostrado, anictérico, acianótico, hidratado e com temperatura corporal de 38,7° C. Na inspeção, é observado conjuntivas hiperemiadas sem a presença de secreção mucosa bilateral, lábios vermelhos e rachados e língua vermelha com aspecto de morango. Além disso, é verificada a presença de pigmentação vermelho-púrpura e descamação nas plantas dos pés e na palma da mão direita. Na palpação, constata-se linfadenopatia cervical bilateral, ambos com cerca de 2 cm de diâmetro.

Após anamnese e exame físico, consideram-se as seguintes hipóteses diagnósticas: infecção estreptocócica (febre escarlatina) e doença de Kawasaki.

O pediatra responsável pelo caso, suspeitando se tratar de doença de Kawasaki, encaminha o paciente para o reumatologista e o cardiologista pediátrico, para que eles acompanhem o lactente até que todos os sinais e sintomas tenham se resolvido e até que os exames não mais indiquem alterações.

Questões para orientar a discussão    

1. Quais sinais e sintomas levam o examinador a pensar em Doença de Kawasaki (DK)?

2. Como o diagnóstico é estabelecido?

3. Qual a etiologia da doença?

4. Qual exame de imagem deve ser realizado no momento do diagnóstico?

5. Qual o tratamento imediato indicado?

Respostas

1. São manifestações comuns na DK e também presentes no caso em questão: febre alta há pelo menos 5 dias, hiperemia conjuntival bilateral sem exsudação, alterações nos lábios e na mucosa oral (lábios vermelhos e rachados e língua vermelha com aspecto de morango), alteração de extremidades (hiperemia palmoplantar e descamação), linfadenopatia > 1,5 cm.

2. O diagnóstico da DK é clínico. A criança deve apresentar febre há 5 dias e pelo menos 4 dos seguintes sinais: (1) conjuntivite não purulenta bilateral; (2) alterações da cavidade ou mucosa oral; (3) alteração cutânea nas mãos e dos pés (4) exantema polimorfo (5) linfadenomegalia cervical >1,5 cm (uni ou bilateral).

3. O agente etiológico é desconhecido, mas acredita-se que a doença seja desencadeada por uma infecção que provoca uma resposta imunológica anormal em crianças com predisposição genética.

4. É indispensável que, ao diagnóstico, seja solicitado um ecocardiograma, visto que as alterações cardiovasculares são comuns à doença e representam o principal risco para a vida da criança.

5. Inicialmente o paciente é tratado com imunoglobulinas IV 2g/kg infundidas em 10-12 horas e 80-100mg/kg/dia de ácido acetilsalicílico (alta dose) de 8/8h. O tratamento com AAS é mantido em altas doses até o 14° dia da doença ou até que o paciente seja afebril por 3-5 dias. Em seguida, segue-se um tratamento com baixas doses (3-5mg/kg/dia) por 6-8 semanas ou até que o paciente não apresente mais alterações das artérias coronárias.

Autores, revisores e orientadores:

  • Autores: Maria Eduarda Rodrigues Ferreira
  • Coautora: Luiza Gabriela Noronha Santiago
  • Revisora: Letícia Thais de Oliveira Alves
  • Orientador: Júlio César Veloso
  • Liga: Liga de Pediatria da Universidade Federal de São João Del-Rei – Campus Centro Oeste (LIPED-UFSJ CCO)

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