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Resumo sobre conjuntivite (completo) – Sanarflix

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Resumo de Conjuntivite: epidemiologia, fisiopatologia, quadro clinico, diagnóstico, tratamento e prevenção!

A conjuntivite é um diagnóstico comum em muitos pacientes. Custuma a ser uma patologia benigna e autolimitada, sendo facilmente tratável. Porém, em algumas situações podem levar à complicações oculares e extraoculares.

Conheça agora sua definição, epidemiologia, fisiopatologia, quadro clínico, diagnóstico, tratamento e prevenção!

Definição

Conjuntivite significa inflamação ou infecção da conjuntiva. Esta pode ser causada em decorrência de agentes infecciosas e não infecciosos.

A conjuntiva é a membrana mucosa que reveste a superfície interna das pálpebras. Além disso, ela cobre a superfície do globo até o limbo (a junção da esclera com a córnea). É composta por duas partes contínuas:

  • Uma na superfície interna da pálpebra (conjuntiva tarsal)
  • Outra superfície sobre a esclera (conjuntiva bulbar)  
Conjuntiva do olho
Conjuntiva do olho

A conjuntiva geralmente é transparente. A esclera é branca e há alguns vasos sanguíneos visíveis. Quando está inflamada, a conjuntiva aparece rosa ou vermelho na inspeção geral.

Todas as conjuntivites são caracterizadas por olhos vermelhos, mas nem todos os olhos vermelhos são inflamações da conjuntiva.

Tipos de Conjuntivite e sua Epidemiologia

A conjuntivite pode ser classificada em dois tipos:

  • Infecciosas: viral, bacteriana e fúngica;
  • Não Infecciosas: alérgicas/atópica, mecânica/irritativa, neoplásica, imunomediada.

A prevalência de cada tipo é diferente nas populações pediátrica e adulta. A bacteriana causada por Streptococcus pneumoniae e Haemophilus influenzae é mais comum em crianças do que em adultos. No entanto, as causadas por Staphylococcus aureus pode estar presente em todas as idades.

Apesar disso, tanto para adultos como para crianças, a maioria dos casos infecciosos são virais. Estes, na maioria das vezes, estão associadas à infecção do trato respiratório superior.  

Fisiopatologia

Saiba mais informações sobre os tipos de conjuntivites:

Conjuntivites infecciosas

As conjuntivites infecciosas são altamente contagiosas. Elas são disseminada por contato direto com o paciente e suas secreções ou com objetos e superfícies contaminadas. Materiais como toalhas, lenços, água de piscina, fronhas, lençóis, entre outros itens, podem ser meios de contaminação.

A conjuntivite infecciosa viral é geralmente causada por adenovírus, com muitos sorotipos implicados, ou pode ser causada por um enterovírus.

Ela pode ser parte de um pródromo viral seguido por adenopatia, febre, faringite e infecção do trato respiratório superior, ou a infecção ocular pode ser a única manifestação da doença. 

Já a bacteriana é comumente causada por Staphylococcus aureus , Streptococcus pneumoniae , Haemophilus influenzae e Moraxella catarrhalis. Há um supercrescimento bacteriano, com infiltração celular que cursa com exsudação e vasodilatação.

Espécies de Neisseria, particularmente N. gonorrhoeae, podem causar uma inflamação bacteriana hiperaguda que é grave e com risco de visão, exigindo encaminhamento oftalmológico imediato. O organismo geralmente é transmitido da genitália para as mãos e depois para os olhos. Uretrite concomitante geralmente está presente. 

O risco de conjuntivite bacteriana aumenta quando há
comprometimento dos mecanismos de defesa próprios da superfície ocular.

A conjuntivite fúngica são mais raras. Quando acontecem, geralmente a pessoa sofreu acidente com madeiras, plantas ou utiliza lentes de contato de forma incorreta.

Conjuntivite não infecciosa

conjuntivite alérgica é causada por alérgenos transportados pelo ar. Esses alérgenos entram em contato com o olho e desencadeiam uma resposta de hipersensibilidade mediada por imunoglobulina E (IgE), que é específica a esse alérgeno. Isso causará degranulação local de mastócitos e liberação de:

  • Mediadores químicos, incluindo histamina;
  • Fatores quimiotáticos eosinófilos;
  • Fator ativador de plaquetas.

A conjuntivite mecânica/irritativa/tóxica acontecem devido ao contato direto com alguns produtos tóxicos como colírios medicamentosos, produtos de limpeza, fumaça de cigarro, entre outros.

Quadro clínico de Conjuntivite

As formas de manifestações clínicas de conjuntivite são facilmente identificadas. A forma de apresentação em cada tipo da patologia ajuda no diagnóstico.

Conjuntivite viral

É considerada como “olho vermelho”. Há presença de prurido e o paciente refere que o olho gruda ao acordar. Geralmente começa em um olho e posteriormente, acomete o outro. Tem duração média de 10 a 21 dias.

Apresenta-se, geralmente, como injeção conjuntival com secreção aquosa ou mucoserosa, hiperemia conjuntival, edema palpebral, folículos conjuntivais. Há sensação de queimação, areia ou corpo estranho. Pode-se palpar linfonodo pré-auricular.

Conjuntivite viral - Sanar
Conjuntivite viral

Bacteriana

Pacientes com conjuntivite bacteriana geralmente se queixam de vermelhidão e secreção em um dos olhos, embora também possa ser bilateral. Semelhante à conjuntivite viral e alérgica, o olho afetado geralmente fica “travado” pela manhã.

O corrimento purulento e espesso continua ao longo do dia, podendo ser amarelo, branco ou verde. A secreção difere da viral ou alérgica, que é principalmente aquosa durante o dia, com um componente ralo e fibroso que é muco em vez de pus. 

Corrimento na conjuntivite bacteriana
Corrimento na conjuntivite bacteriana

É um quadro mais agudo e há reação papilar. O linfonodo pré-auricular é ausente.

A conjuntivite bacteriana gonocócica e por clamídia são hiperaguda. Apresentam com secreção purulenta (gonocócica) ou secreção mucoide (clamídia), edema palpebral, papilas conjuntivais, quemose acentuada, adenopatia pré-auricular.

Na gonocócica podemos ter uma agravamento do quadro e o paciente cursar com perfuração ocular.

Conjuntivite alérgica

Este tipo é muito parecido com a forma viral, porém há história de congestão nasal, espirros, pálpebra colando e sensibilidade à luz. Ocorre em ambos os olhos.

A conjuntivite alérgica geralmente se apresenta comvermelhidão bilateral, secreção aquosa, prurido, edema palpebral, quemose e reação papilar leve.

A coceira é o sintoma cardinal da alergia, distinguindo-a de uma etiologia viral. Comumente, é descrita como aspereza, queimação ou irritação.

Esfregar os olhos pode piorar os sintomas. Pacientes com conjuntivite alérgica frequentemente têm história de atopia, alergia sazonal ou alergia específica (por exemplo, a gatos), e outros sintomas alérgicos (por exemplo, congestão nasal, espirros, sibilos) podem estar presentes. 

Diagnóstico de Conjuntivite

A  conjuntivite é um diagnóstico clínico, feito com base na história e no exame físico. Os pacientes frequentemente chamam todos os casos de olho vermelho de “conjuntivite”.

Além disso, presumem que todos os casos são bacterianos e requerem antibióticos. Contudo, quando um paciente relatar “conjuntivite” ou “olho vermelho”, os médicos não devem aceitar isso como um diagnóstico. É importante revisar a história, os sintomas e os sinais antes do tratamento.

As características típicas da conjuntivite incluem uma história de vermelhidão e secreção diurna. Uma história de coceira é altamente sugestiva da versão alérgica.

Vale a pena extrair o caráter da secreção ocular, pois os pacientes podem se referir a todas as secreções como “pus”. Na bacteriana, a queixa de secreção predomina, enquanto na viral e alérgica os pacientes relatam mais uma sensação de ardor ou coceira.

Culturas não são necessárias para o diagnóstico inicial e terapia, e geralmente não são realizadas culturas, mesmo quando são encaminhados para casos que não responderam à terapia inicial. A exceção são pacientes com sinais e sintomas de conjuntivite hiperaguda nos quais as colorações de Giemsa e Gram podem ser úteis para identificar N. gonorrhoeae

Tratamento de Conjuntivite

A conduta para as conjuntivites do tipo viral é o uso de colírios lubrificantes, compressas frias, orientações de higiene e cuidados para evitar a contaminaçao e a transmissão. A depender dos casos, pode-se fazer uso de colírios de corticoides.

Conjuntivite bacteriana é autolimitada na maioria dos casos, embora os antibióticos tópicos possam encurtar o curso clínico se administrados precocemente. O tratamento com antibióticos é individualizado, mas necessário para casos agudos em usuários de lentes de contato, bem como para os casos de inclusão em adultos ou bacteriana hiperaguda. 

As opções de tratamento para a bacteriana aguda incluem pomada oftálmica de eritromicina ou gotas de colírios de trimetoprima-polimixina B. A pomada de eritromicina depositada dentro da pálpebra inferior, enquanto a trimetoprima polimixina B é administrada com uma a duas gotas, quatro vezes ao dia, durante cinco a sete dias. Em crianças, usar tobramicina.

Existem inúmeras opções de terapia disponíveis para a conjuntivite alérgica, incluindo nafazolina-feniramina , cetotifeno , olopatadina e outros. Deve-se ainda eliminar o agente desencadeante.

Prevenção da Conjuntivite

As conjuntivites bacterianas e virais são altamente contagiosas e disseminadas por contato direto com secreções ou contato com objetos contaminados. Pessoas infectadas não devem compartilhar lenços, lenços de papel, toalhas, cosméticos, roupas de cama ou talheres. 

Além disso, devem estar atentas aos fatores de risco para a conjuntivite bacteriana que são:

  • Olho seco;
  • Exposição aumentada da superfície ocular: retração palpebral, exoftalmo, lagoftalmo, diminuição do ritmo de piscar;
  • Deficiência nutricional/má absorção – avitaminose A;
  • Imunodeficiência local ou sistêmica (p. ex., uso de corticoide tópico,imunossupressão sistêmica);
  • Obstrução do ducto nasolacrimal e infecção;
  • Dano por irradiação;
  • Trauma;
  • Cirurgia ocular;
  • Inflamação ou infecção conjuntival prévia;
  • Infecção sistêmica;
  • Inoculação exógena.

Para as conjuntivites não infecciosas, os pacientes devem sempre evitar o contato com os agentes ativadores dos quadros da patologia. Ou seja, devem evitar contatos com substâncias químicas, tóxicas, alérgenos, traumas, etc.


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Sugestão de leitura complementar

Referências

  • JACOBS, D. S. Conjunctivitis. UpToDate, 2022.
  • VELASCO, I. T. et al. Medicina de Emergência: abordagem prática. HC-FMUSP. Editora Manole: 16ª ed., 2022.