Coronavírus

Síndrome Multissistêmica Inflamatória Pediátrica associada à Covid-19

Síndrome Multissistêmica Inflamatória Pediátrica associada à Covid-19

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A medicina brasileira está em alerta para os recentes casos de reações inflamatórias graves que só acometem crianças e estão associados a uma resposta tardia para o novo Coronavírus.

Manchas pelo corpo, febre intermitente, olhos vermelhos, barriga inchada, pés e mãos descamando são sintomas que estão associados a Síndrome Multissistêmica Inflamatória Pediátrica. 

Crianças e adolescentes são as faixas etárias menos afetadas pela Covid-19 – 3,5% do total de registros – e, geralmente, os casos se apresentam de forma muito branda. 

Entretanto, uma pequena taxa de pacientes desenvolvem problemas mais graves por conta de infecções. Esses casos, que ocasionam a necessidade de tratamento em UTIs são gerados pela chamada Síndrome Multissistêmica Inflamatória Pediátrica (SMIP).

De acordo com Tânia Petraglia, presidente do Departamento de Infectologia da Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro (Soperj), em entrevista à Exame, a síndrome não costuma ocorrer na fase aguda da Covid-19.

“Em geral, ela aparece depois e pode ocorrer mesmo em crianças que apresentaram um quadro brando da doença”, afirmou a pediatra. 

Dúvidas dos médicos e pesquisadores

Até o momento, os especialistas ainda não sabem responder o motivo da síndrome só ocorrer em crianças e, ainda, em apenas algumas delas. O que os cientistas podem dizer hoje é que a Síndrome Multissistêmica Inflamatória Pediátrica costuma aparecer de três a quatro semanas após o pico do novo Coronavírus.

Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos está liderando um estudo, ainda em fase inicial, para monitorar com mais proximidade cerca de 6 mil crianças e tentar obter respostas.

“Trata-se de uma resposta imunológica exacerbada, com febre persistente, sintomas abdominais, diarreia vômito, lesões cutâneas, conjuntivite. E pode evoluir para quadro semelhante a um choque, com aumento dos marcadores inflamatórios, anomalias coronarianas e disfunções cardíacas”, revelou Raquel Zeitel, chefe da UTI Pediátrica do Hospital Pedro Ernesto. 

Por se tratar de uma doença que apresenta manifestações inflamatórias intensas, o tratamento adotado atualmente pelos médicos envolve medicamentos para controlar o processo e evitar comprometimento do coração. 

Ceará tem maior número de casos com a Síndrome Multissistêmica Inflamatória Pediátrica

O Ministério da Saúde revelou que está monitorando 29 crianças no estado do Ceará com casos de Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica. As informações foram divulgadas na última quinta-feira (06).

O Ceará está em primeiro lugar no número de pacientes observados em todo Brasil. Logo em seguida vêm Rio de Janeiro (22) e Pará (18). Ao todo no mundo, 300 casos são relatados.

“Depois de aproximadamente três ou quatro semanas, a criança desenvolve essa patologia que pode ser grave, com evolução com doença cardíaca, inclusive, e requer um tratamento específico”, enfatizou o pediatra e diretor da unidade no Hospital Luís de França, Caio Malachias.

“Embora esses casos descritos apontem para uma possível relação de uma nova característica da Covid-19 em crianças e adolescentes, cabe ressaltar que estas ocorrências foram raras até o momento, frente ao grande número de casos com boa evolução da doença entre crianças e adolescentes”, disse o Ministério da Saúde. 

O MS, a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e a Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) emitiram o primeiro alerta sobre a doença no Brasil no mês de maio. 

Pernambuco registrou seus dois primeiros casos da SIMP

Alguns estados brasileiros vêm registrando seus primeiros casos da SIMP. É o caso de Pernambuco, que informou na última quinta-feira (06), através do seu Secretário Estadual de Saúde, André Longo, a ocorrência de seus dois primeiros pacientes com a enfermidade. 

As notificações em Pernambuco são de uma criança de 5 anos, atendida no Hospital Correia Picanço, Zona Norte do Recife. E outra tem 12 anos, que segue acompanhada pelo Hospital Universitário Oswaldo Cruz, área central do Recife.  Ambas receberam atendimento nas unidades no início de julho e tiveram confirmação da Covid-19. 

“Nossos serviços pediátricos precisam estar atentos a possíveis quadros que atendam a definição de caso da síndrome, objetivando ofertar a assistência necessária para o paciente e realizar os esforços para sua confirmação. Por ser um novo achado e que ainda está sendo estudado, precisamos ser devidamente notificados para termos um panorama do perfil epidemiológico dos casos e, com isso, possamos implementar as medidas necessárias”, afirmou o secretário André Longo em entrevista coletiva. 

Confira o vídeo:

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