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Dor Torácica não Cardíaca: qual a sua importância? | Colunistas

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A dor torácica não cardíaca (DTNC), ou
também chamada dor torácica de origem indeterminada, é uma dor retroesternal do
tipo anginosa, em aperto, recorrente que pode irradiar para o pescoço,
mandíbula, membro superior esquerdo, mas que não está associada a doenças
cardiovasculares. A DTNC é mais prevalente em pacientes jovens, ansiosos e apesar
da sua fisiopatologia não estar completamente compreendida, as suas principais causas
são:

Esofágicas

A doença do refluxo gastroesofágica
(DRGE), é a causa mais comum de DTNC, podendo ser inclusive a única
manifestação da doença, e acontece devido à estimulação de quimiorreceptores da
mucosa sensíveis a ácido. O diagnóstico pode ser feito através da pHmetria, a
fim de afastar patologia coronariana. Outra causa esofágica é a
hipersensibilidade visceral, uma resposta exacerbada decorrente a estímulos
gerados no tecido esofágico, como injúria tecidual, espasmo, inflamação. Essa
sensibilização periférica reduz o limiar doloroso do esôfago, e quando
associada a DRGE, os pacientes ao invés de apresentarem sintomas como pirose,
se queixam de uma dor torácica tipo anginosa.

Alguns distúrbios motores esofágicos,
como acalasia, espasmo esofágico difuso, esôfago em “quebra-nozes”, são
responsáveis também por sintomas desconfortáveis na parede torácica
principalmente quando associados à disfagia e contrações peristálticas de alta
monta. 

Comorbidades psicológicas

Síndrome do pânico, ansiedade, depressão
e estresse são condições clínicas bem frequentes e também são fatores capazes
de aumentar a percepção ao estímulo esofágico, portanto em pacientes que cursam
com dor torácica é extremamente importante a avaliação psiquiátrica, uma vez
que mais de 80% dos pacientes com distúrbios motores esofágicos relatam concomitantemente
a presença de alterações psicológicas.

Musculoesqueléticas

Costocondrite, osteoartrite cervical,
fibrosites, artrite reumatoide são alguns dos quadros dolorosos que acontecem
devido à alterações na parede torácica. O paciente apresenta sensibilidade à
palpação, dor musculoesquelética bem localizada, que pode durar dias, pode
piorar com movimento e sua intensidade varia de surda até a um grande desconforto.

Pulmonares

No geral, as causas pulmonares estão
associadas a modificações nos vasos do parênquima pulmonar e do tecido pleural.
Essas alterações podem ocorrer de forma aguda ou crônica, entretanto a dor
torácica, na maioria dos casos, se apresenta de maneira súbita, estando
atrelada a dispneia, taquipneia, como nos casos de tromboembolismo pulmonar. Hipertensão
pulmonar, pneumotórax, câncer pulmonar, sarcoidose, doenças autoimunes são
algumas outras patologias que acometem os pulmões e cursam com a sintomatologia
da dor torácica.

Como
avaliar então um paciente com DTNC?

O primeiro passo é afastar a doença
cardiovascular, é preciso descartar essa possibilidade visto que a Doença
Arterial Coronariana apresenta uma alta taxa de mortalidade, um risco de vida
iminente diferentemente das patologias gastroesofágicas. Então faz-se
necessário coletar a história clínica, as características da dor, os sintomas associados,
examinar o paciente e solicitar exames complementares como o eletrocardiograma,
enzimas cardíacas, teste de esforço, radiografia de tórax.

Ainda que haja grandes chances da DTNC
ser de etiologia esofágica, é importante realizar o exame da parede torácica e
pesquisar pontos dolorosos a fim de excluir o diagnóstico de causas
musculoesqueléticas.

Após
afastar a doença coronariana é preciso investigar o esôfago, e como é feito
esse diagnóstico?

  • Teste
    terapêutico com inibidor da bomba de prótons (IBP):
    medida diagnóstica e terapêutica, de
    alta sensibilidade, que visa a melhora significativa dos sintomas nos
    pacientes, e é positivo quando há redução da dor torácica;
  • Manometria
    esofágica:
    a DTNC pode
    não estar relacionada ao refluxo gastroesofágico, portanto a manometria, apesar
    do diagnóstico limitado, é indicada em pacientes que não responderam ao teste com
    IBP, visto que esse paciente pode cursar com distúrbios motores esofágicos;
  • pHmetria:
    tem sido utilizado
    primariamente no diagnóstico dos pacientes com DTNC;
  • Endoscopia
    digestiva alta:
    papel
    limitado, porém pode oferecer informações relevantes, como as causas atípicas
    de dor torácica além de descartar patologias de maior gravidade;
  • Testes
    provocativos:
    induzem a
    dor torácica e sugerem a presença de hipersensibilidade visceral, indicando
    assim a origem esofágica dos sintomas;
  • Avaliação
    psicológica:
    investigação
    complementar a fim de auxiliar o tratamento psicoterápico.

Como
tratar esse paciente?

Primeiramente, a abordagem terapêutica
consiste em tranquilizar o paciente, avisá-lo que não há alto risco de vida,
pelo fato dos sintomas não serem de origem cardiovascular,  e reconhecer o tratamento específico para cada
tipo de caso clínico como DRGE, acalásia, úlcera péptica, síndrome do pânico,
costocondrite, com o objetivo de aliviar, e até mesmo eliminar os sintomas
desencadeados.

  • Inibidor
    de bomba de prótons: nos casos de DTNC associados a DRGE;
  • Moduladores
    de dor/ analgésicos viscerais: úteis em pacientes com distúrbios motores
    esofágicos;
  • Nitratos,
    bloqueadores do canal de cálcio;
  • Antidepressivos
    que são utilizados como moduladores da dor principalmente nas situações de
    hipersensibilidade visceral;
  • Psicoterapia;
  • Toxina
    botulínica e dilatação por balão em causas específicas como acalásia.

Por fim, conclui-se a importância do diagnóstico da DTNC e o impacto na qualidade de vida desses pacientes, posto que, mesmo quando a doença cardíaca já é descartada ainda há modificações e limitações no seu quadro clínico. Isto é, o paciente se demonstra ansioso, preocupado, na crença de que detém alguma patologia mais severa.

Autoria: Andreza Cunha

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