Nefrologia

Função Renal: revisão anatômica e as funções renais

Função Renal: revisão anatômica e as funções renais

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Função renal: tudo o que você precisa saber para mandar bem na prova!

A função renal refere-se à capacidade dos rins de desempenhar suas funções essenciais no corpo humano.

Os rins são órgãos vitais responsáveis por filtrar o sangue, remover resíduos metabólicos, regular o equilíbrio eletrolítico, controlar a pressão arterial e manter a homeostase hídrica.

O rim

Os rins encontram-se fora da cavidade peritoneal. Cada rim em um adulto pesa aproximadamente 150 gramas. Esse órgão é recoberto por uma cápsula dura e fibrosa, que protege suas delicadas estruturas internas. As duas principais regiões do rim são o córtex externo e a medula interna. A medula é dividida em 8 a 10 massas de tecido em forma de cone chamadas de pirâmides renais.

A base de cada pirâmide origina-se na borda entre o córtex e a medula, e termina na papila, que se projeta para dentro do espaço da pelve renal, uma continuação da extremidade superior do ureter, em forma de funil.

A borda externa da pelve é dividida em bolsas abertas denominadas grandes cálices, que se estendem para baixo e se dividem em cálices menores, que coletam a urina dos túbulos de cada papila. As paredes dos cálices, da pelve e do ureter contêm elementos contráteis que impulsionam a urina em direção a bexiga, onde é armazenada até que seja eliminada pela micção.

Ilustração Estrutura dos rins.
Imagem: Estrutura dos rins. Fonte: Guyton & Hall, Fundamentos da Fisiologia, 13a edição.

Vascularização renal

O sangue flui para cada rim através da artéria renal, que se ramifica progressivamente para formar as artérias:

  • Interlobares
  • Arqueadas
  • Interlobulares 
  • Aferentes, que levam aos capilares glomerulares, onde a filtração dos líquidos e dos solutos começa.

Os capilares de cada glomérulo se juntam para formar uma arteríola eferente, que leva a uma segunda rede capilar, os capilares peritubulares, que circundam os túbulos.

Capilares peritubulares

Os capilares peritubulares se esvaziam nos vasos do sistema venoso, que correm paralelos aos vasos arteriolares, e progressivamente formam a veia:

  • Interlobular
  • Arqueada
  • Interlobar
  • Renal. 

A veia renal deixa o rim ao longo da artéria renal e do ureter. Os vasa recta são capilares peritubulares especializados que se estendem para o interior da medula renal e cursam paralelamente às alças de Henle.

Córtex renal

A parte externa do rim, o córtex renal, recebe a maioria do fluxo sanguíneo do rim e apenas 1% a 2% do total do fluxo sanguíneo renal passa pelos vasa recta, que suprem a medula renal.

Duas características distintas da circulação renal são:

  • Alta taxa de fluxo de sangue
  • Presença de dois leitos capilares

Capilares glomerulares

Os capilares glomerulares filtram grandes quantidades de líquidos e solutos.

Desses, a maioria são reabsorvidos dos túbulos renais nos capilares peritubulares.

Ilustração Corte do rim humano mostrando os principais vasos que fornecem o fluxo sanguíneo para os rins.
Imagem: Corte do rim humano mostrando os principais vasos que fornecem o fluxo sanguíneo para os rins. Fonte: Guyton & Hall, Fundamentos da Fisiologia, 13a edição.

O néfron

É a unidade funcional dos rins. Podemos descrevê-lo como uma estrutura microscópica formada por corpúsculos de Malpighi, contendo o sistema tubular. Ele é composto pelo:

  • Túbulo contorcido proximal
  • Alça de Henle
  • Túbulo contorcido distal
  • Túbulo coletor.

O néfron se responsabiliza pelos dois principais processos que envolvem a gênese da urina:

  • A produção do filtrado glomerular nos corpúsculos de Malpighi
  • Complexo processamento deste filtrado em seu sistema tubular.

O corpúsculo de Malpighi, os túbulos contorcidos proximal e distal e a parte inicial do túbulo coletor são elementos corticais. Enquanto a alça de Henle e a maior parte dos túbulos coletores fazem parte da zona medular.

Ilustração Microcirculação do néfron.
Imagem: Microcirculação do néfron. Fonte: Guyton & Hall, Fundamentos da Fisiologia, 13a edição.

Quais as funções dos rins?

Os rins são órgãos excretores e reguladores que eliminam o excesso de água e metabólitos do organismo. Além de controlam o volume de líquidos corporais, contribuindo para a manutenção da homeostase.

Dentre suas várias funções, podemos citar:

  • Excreção de metabólitos e substâncias exógenas
  • Produção e secreção hormonal
  • Regulação do equilíbrio eletrolítico e ácido-base
  • Neoglicogênese
  • Regulação da pressão arterial

Excreção de metabólitos e substâncias exógenas

A excreção de metabólitos e substâncias exógenas é uma função importante dos rins no processo de filtragem do sangue e na formação da urina.

A excreção renal envolve a remoção de:

  • Resíduos metabólicos
  • Produtos de degradação de substâncias
  • Toxinas e outras substâncias indesejadas do corpo.

Produção e secreção hormonal

Os rins também desempenham um papel na produção e secreção de hormônios que têm efeitos importantes no corpo. Dois hormônios renais notáveis são a eritropoietina e a renina.

A eritropoietina é um hormônio produzido pelos rins em resposta à detecção de baixos níveis de oxigênio no sangue. A renina é uma enzima produzida pelas células justaglomerulares dos rins em resposta a vários estímulos, como a baixa pressão sanguínea ou baixos níveis de sódio.

Regulação do equilíbrio eletrolítico e ácido-base

Os rins regulam a excreção de íons inorgânicos, tais como:

  • Na+
  • K+
  • Cl
  • HCO3
  • H+
  • Ca2+
  • PO43-

Fazendo com que as quantidades ingeridas sejam iguais as excretadas. Assim, não ocorre balanço negativo ou positivo de nenhuma delas.

O pH sanguíneo ideal é em torno de 7,4 e os rins, juntamente com o fígado e com os pulmões, agem através de sistemas de tamponamento temporários ou definitivos para mantê-lo constante.

Neoglicogênese x função renal

Em situações de jejum prolongado ou diabetes mellitus descompensada, os rins são capazes de sintetizar glicose a partir de aminoácidos e outros precursores.

Regulação da pressão arterial

A pressão arterial (PA) depende basicamente do débito cardíaco e da resistência periférica total, e o aumento dessas duas variáveis, em um indivíduo saudável, não é capaz de alterar sua pressão arterial média a longo prazo porque os rins atuam para manter o ponto de equilíbrio da PA através do débito renal de água e sal.

Caso ocorra aumento da PA, o débito renal de água e sal aumenta na tentativa de diminuí-la – as excreções de água e de sal pela urina são fenômenos denominados de diurese e natriurese pressóricas, respectivamente. Os dois mecanismos principais pelos quais os rins controlam esse débito renal de água e sal são:

  • Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona
  • Peptídeo natriurético atrial

Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona

A renina é uma enzima armazenada nas células justaglomerulares na forma de pró-renina. Quando a PA diminui, a renina é liberada e age sobre o angiotensinogênio, que é ativado e transforma-se em angiotensina I. A angiotensina I é catalisada nos vasos pulmonares e transforma-se em angiotensina II, um potente vasoconstritor que promove a vasoconstrição das artérias e a leve vasoconstrição das veias. Assim, há um aumento do retorno venoso e o bombeamento cardíaco.

A angiotensina II também promove a reabsorção de sódio pelos túbulos proximais e a produção de aldosterona pelo córtex adrenal. A aldosterona provoca o aumento da reabsorção de sódio. Com isso, aumenta o volume extracelular, contribuindo para o aumento da pressão arterial. Este sistema é controlado por feedback negativo, sendo desestimulado pela redução da PA.

Peptídeo natriurético atrial x função renal

Esse mecanismo é antagônico ao sistema renina-angiotensina-aldosterona, pois estimula a diminuição da pressão arterial. O peptídeo natriurético atrial (PNA) é produzido pelo miócitos atriais quando o volume sanguíneo aumenta, provocando o estiramento do músculo cardíaco.

O PNA promove a vasodilatação da arteríola aferente e a vasoconstrição da arteríola eferente, aumentando a taxa de filtração glomerular. Portanto, a carga filtrada de sódio, além de inibir a reabsorção de sódio, agem diretamente nas células do ducto coletor. Também inibe a secreção de renina e a liberação hipotalâmica de ADH, diminuindo a permeabilidade dos ductos coletores à água e aumentando o volume da urina.

O aumento da ingesta de NaCl tem maior capacidade de elevar a PA do que o aumento da ingesta de água. Isso ocorre pois enquanto a água pura é eliminada pela urina por osmose quase na mesma velocidade com que é ingerida, o cloreto de sódio provoca o acúmulo de líquido extracelular. Portanto, há um aumento da reabsorção de água e a redução do volume de urina.

Como a urina é formada?

A primeira etapa na formação da urina é a filtração que ocorre na cápsula glomerular, sendo um processo passivo. Caracteriza-se pela saída do filtrado do plasma do interior do glomérulo para a cápsula e isso ocorre em virtude da alta pressão do sangue neste local.

O chamado filtrado glomerular, ou urina inicial, é livre de proteínas e assemelha-se ao plasma sanguíneo. O filtrado resultante da etapa da filtração apresenta substâncias que são bastante importantes para o organismo e devem ser reabsorvidas.

Reabsorção

A reabsorção ocorre no túbulo néfrico, principalmente nos túbulos proximais. Essa reabsorção é importante para evitar a perda excessiva de substâncias, tais como:

  • Água
  • Sódio
  • Glicose
  • Aminoácidos.

Este processo é responsável por determinar como será a composição final da urina.

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