Medicina da Família e Comunidade

Hiperlordose e hipolordose: causas, formas de manejar e mais

Hiperlordose e hipolordose: causas, formas de manejar e mais

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Entenda a hiperlordose e a hipolordose, as causas dessas duas condições, os sintomas dos pacientes e como conduzir o manejo da melhor forma. Bons estudos!

A hiperlordose e a hipolordose são duas condições que representam uma variação da curvatura natural da coluna lombar: a lordose. Como achados comuns no atendimento à população, é importante que o médico esteja familiarizado e saiba identificar essas alterações.

Coluna vertebral lombar e sua curvatura anatômica: entendendo a hiperlordose e hipolordose

A coluna vertebral é conhecida por desempenhar funções fundamentais para a vida do homem. Dentre essas funções, a de locomoção, equilíbrio e proteção dos componentes neurais se destacam. Ela é dividida entre os segumentos:

  • Cervical: 7 vértebras (C1 a C7);
  • Torácico: 12 vértebras (T1 a T12);
  • Lombar: 5 vértebras: (L1 a L5);
  • Sacral: 5 vértebras fundidas (S1 a S5);
  • Região coccígea: 4 vértebras fundidas

A coluna lombar é composta por 5 vértebras lombares, indo de L1 a L5. Devido ao se corpo vertebral ser mais robusto, a coluna lombar tem uma importância especial, suportando grande parte do peso acima dela.

Para garantir uma funcionalidade saudável e adequada, a coluna lombar possui uma curvatura padrão, chamada lordose. Através dessa curvatura, as cargas são melhor distribuídas, evitando consequências como a lombalgia.

hiperlordose e hipolordose
Figura 1: Coluna vertebral lombar.

Hiperlordose vs Hipolordose

Apesar de a curvatura da coluna lombar ser importante para a distribuição da carga, é importante que ela seja adequada. O desvio geralmente vai de 31º a 79º graus.

Sendo assim, ao estar exagerada ou insuficiente, essa funcionalidade não é desempenhada de maneira eficiente.

Sendo um aumento excessivo da curvatura, dá-se o nome de hiperlordose. Esse desvio ocorre na direção do abdômen, quando a curvatura ultrapassa o valor de aproximadamente 80º. Como consequência da hiperlordose, tem-se uma proeminência dos glúteos e uma saliência da barriga.

Por outro lado, na hipolordose a curvatura não tem projeção. Dessa forma, a coluna se parece reta, não tendo um desvio adequado. Por esse motivo, a carga também não consegue ser distribuída de maneira integral pela coluna lombar, sendo também patológico.

Quais são as causas da hiperlordose?

Os fatores que podem culminar na hiperlordose são vários. Por esses muitos motivos, nem sempre é fácil identificá-los. Ainda assim, a maior parte das causas da hiperlordose são consideradas idiopáticas.

Apesar disso, conhecidamente se atribui grande parte dos casos de hiperlordose à obsesidade. Outra causa de hiperlordose são os hábitos posturais inadequados, muito acentuadas nos últimos anos.

Outras causas que podem interferir causando a hiperlordose são hábitos como dança ou um esporte. Por esse motivo, não é incomum que dançarinas de ballet sejam acometidas pela hiperlordose.

Por fim, a gestação pode também impactar e desenvolver a hiperlordose, uma vez que o peso da barriga força a carga sobre a coluna. Com isso, o desvio da lordose para dentro é capaz de equilibrar o peso.

Causas da hipolordose

Assim como a hiperlordose, a hipolordose também tem causas multifatoriais.

Um dos fatores que podem levar ao desenvolvimento do desvio de postura, que leva a retroversão pélvica, é um encurtamento e hipertonia dos músculos. Nesse caso, os músculos reto abdominal, oblíquo interno e externo e os músculos que compõem o grupo isquiotibiais estão encurtados e hipertônicos.

Além dos músculos citados acima, os músculos quadrado lombar, eretores da espinha da região lombar e os flexores do quadril podem estar hipotônicos.

Classificações da hiperlordose

A hiperlordose pode ser classificada de diferentes maneiras. Segundo a Scoliosis Research Society, temos:

  • Postural;
  • Pós-laminectomia;
  • Neuromuscular;
  • Secundária à epondilólise.
  • Congênita;

Sintomas da hiperlordose e hipolordose

De maneira geral, é incomum que os pacientes se dirijam ao ortopedista antes mesmo de se iniciarem os sintomas decorrentes da hiperlordose ou hipolordose.

Por isso, muitas vezes o paciente diagnosticado é aquele que chega à emergência com lombalgia intensa, devido a uma das condições. Não apenas a lombalgia se apresenta como sintoma, mas também dores de cabeça e nos membros também são comuns.

Como diagnosticar a hiperlordose e hipolordose?

Para o correto diagnóstico dessas condições, é necessário que o exame físico atento do médico seja realizado, além da apuração das suas queixas.

A coleta da história clínica do paciente, seus sintomas e dores associadas podem favorecer um raciocínio clínico importante para o diagnóstico.

Feito isso, deve ser solicitado exames de radiografia da coluna. É através desse exame que pode ser medido o grau de desvio da coluna.

Mais especificamente sobre a hipolordose, pode ser melhor analisada através de um exame chamado biofotogrametria. Nele o paciente é posicionado no plano sagital, sendo feito o registro fotográfico.

hiperlordose e hipolordose
Figura 2: Biofotogrametria para avaliação postural.

Vantagens do exame é que, além de possuir um baixo custo, não oferece riscos ao paciente e nem depende de uma tecnologia avançada.

Tratamento da hiperlordose: como conduzir

Como comentamos, a maior parte dos pacientes que possuem uma hiperlordose acentuada tem a lombalgia como principal sintoma. Essa ausência de sintoma costuma ser comum em pacientes com poucos anos desde o início do desvio da lordose.

No entanto, havendo a queixa de dores na coluna lombar, a principal conduta do médico especialista é aliviar a dor. Assim, a partir de uma avaliação clínica e se entendendo o nível de dor do paciente, o médico ofertará analgésicos apropriados para seus sintomas.

Ainda, considerando os pacientes que possuem as causas musculares como componente da hiperlordose, essas causas também devem ser tratadas. É por esse motivo que, não apenas o ortopedista, mas o fisioterapeuta devem estar acompanhando cuidadosamente o paciente com hiperlordose.

Somado a isso, a obesidade é um fator relevante dentre as causas da hiperlordose. Por isso, é válido incentivar o paciente obeso ou sobrepeso a perder peso, recebendo educação em saúde para isso. Colaborando para isso, é viável que o paciente também seja encaminhado a um nutricionista.

Tratando a hipolordose: o que fazer?

A estratégia para o tratamento da hipolordose deve ser traçada pelo ortopedista e pelo fisioterapeuta do paciente.

A correção postural do paciente pode ser feita por meio da execução de exercícios corretivos, muito bem avaliados. Sobre esses exercícios, é importante que se entenda muito bem sobre cargas e volume e intensidade aplicadas ao paciente.

Sobre a condução do tratamento, é grandemente ajudada pelo exame que comentamos: a biofotogrametria.

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Perguntas frequentes

  1. Qual é a difererença entre a hiperlordose e a hipolordose?
    Enquanto a hiperlordose é uma acentuação do desvio da curvatura natural lombar, na hipolordose a coluna permanece quase que retilínea, sem curvatura.
  2. O que pode favorecer essas duas condições?
    Várias são as causas que podem resultar na hiper ou hipolordose. Dentre elas, a obesidade e a inadequação postural são as mais relevantes clinicamente.
  3. Qual é a prioridade no tratamento e manejo do paciente com essa condição?
    A primeira conduta a ser tomada é o alívio dos sintomas do paciente que, geralmente, é a lombalgia. A partir de então, investigando-se outras causas possíveis da doença tem-se o tratamento da causa base.

Referências

  1. Alterações posturais da coluna e instabilidade lombar no indivíduo obeso: uma revisão de literatura. Gisela Rocha de Siqueira. Scielo
  2. Figura 1: Freepik.
  3. Biofotogrametria confiabilidade das medidas do protocolo do software para avaliação postural (SAPO).