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Insulinoterapia: sete principais orientações para o seu paciente

Insulinoterapia: sete principais orientações para o seu paciente

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Entenda como a insulinoterapia deve ser feita e como orientar o seu paciente em uso! Bons estudos!

A insulinoterapia é uma medida segura e necessária para os pacientes com deficiência da produção endógena do hormônio insulina. Assim, através dela, obtem-se a diminuição dos níveis de glicose sanguínea.

Esquemas de tratamento da insulinoterapia

Os esquemas de insulinoterapia podem ser de dois tipos:

  • Intensivo;
  • Convencional.

A insulinoterapia intensiva é destinada a pacientes internados. Nela, é realizado um cálculo visando alcançar um valor próximo de insulina necessária para o paciente. Seu resultado é dividido pela metade, sendo dada uma parte para a manutenção basal e outra pós-prandial.

Quantidade de insulina (mL) = Peso (kg) x 0,55

Já a insulinoterapia convencional, o objetivo é manter uma faixa glicêmica adequada. A dose varia de acordo com o perfil do paciente, da seguinte maneira:

  • Obesos e DM tipo 1, em geral, precisam de uma dose maior;
  • Magros e atletas, quantidade menor.

Produção normal: 0,2-0,5 U/kg/dia

1. Armazenamento correto da insulina

A insulina pode ser aplicada por meio de uma seringa ou uma caneta. No caso da seringa, isso significa que a insulina é armazenada em um frasco enquanto que, na caneta, a insulina é reposta, como um refil.

O armazenamento da insulina em frasco e caneta descartável deve ser feita sob refrigeração de 2 a 8ºC, enquanto que a caneta recarregável à temperatura de 30ºC.

Lembrando que deve ser explicado ao paciente que não se deve armazená-la no congelador ou próximo dele, mas nas prateleiras de baixo na geladeira.

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Armazenamento da insulina. Fonte: Ministério da Saúde.

Além disso, caso o frasco de insulina apresente mudanças de cor, grumos ou flocos, não se deve utilizá-los, mas trocá-los por novos na farmácia.

2. Quais são os materiais necessários para a insulinoterapia?

O material mais importante para a aplicação da insulina é a seringa ou a caneta.

É importante que seja escolhida e passado para o paciente a seringa que melhor se adeque ao seu caso, considerando a quantidade de insulina.

As seringas mais recomendadas costumam ser as de 50 unidades e as de 100 unidades.

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Seringas mais recomendadas para aplicação da insulina. Fonte: Prefeitura de Ribeirão Preto.

A aplicação da insulina por meio da seringa é mais complicado além de mais doloroso. Por isso, a caneta costuma ser preferível por muitos pacientes.

Nelas o frasco da insulina pode ser acoplado, além de possuir agulhas bem menores que as da seringa, rosqueadas à parte. Por isso, a caneta costuma ser indicada para pacientes crianças e idosos.

Na extremidade da caneta, pode-se ter um marcados de doses, a fim de ajudar o paciente a acompanhar quantas doses ainda existem.

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Caneta de insulina.

3. Quantas vezes realizar a medição da glicemia na insulinoterapia?

O paciente e o seu acompanhante precisam entender bem a relação insulina-glicemia. Isso é fundamental pra que ele saiba como associar o seu estado atual com os benefícios do hormônio.

Contando com isso, oriente seu paciente a ter um calendário de medições registrado com os valores da glicemia e aplicações da insulina.

Caso o seu paciente tenha Diabetes Tipo 1, a orientação é que ele faça a medição da glicemia cerca de 4 vezes ao dia. Isso pode variar, dependendo do estado do paciente, como gestação ou caso haja episódios recorrentes de hipoglicemia.

Por outro lado, se o paciente tiver Diabetes Tipo 2, a glicemia deve ser medida pelo menos 1 vez ao dia. Assim como na diabetes tipo 1, essa quantidade pode variar.

4. Como realizar a medição da glicemia?

Antes de aprender a medir a glicemia, o paciente deve saber todos os materiais necessários para isso. Eles são:

  • Lanceta e dispositivo de punção capilar;
  • Aparelho de medição de glicemia;
  • Tiras para recolhimento do sangue (compatíveis com o medidor);
  • Algodão.

É importante que o aparelho esteja bem calibrado, quanto ao dia e a hora da medição. Além disso, avalie bem o horário que o paciente deve realizar as medições, como o tempo de espera pós-prandial.

A técnica da medição deve seguir o seguinte passo-a-passo:

  1. Lavagem e secagem das mãos, a fim de evitar contaminação;
  2. Inserção das tiras no medidor;
  3. Escolher o dedo e puncionar bem no leito ungueal;
  4. Pressionar o leito ungueal para a formação da gota de sangue;
  5. Depositar a gota na tira voltada para o paciente;
  6. Após a tira absorver a gota, o aparelho apresentará o resultado;
  7. Descarte correto da tira, como comentado abaixo.
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Medição da glicemia. Fonte: Freepik.

5. Como o paciente deve fazer insulinoterapia em si mesmo?

Aprender a técnica correta de injeção da insulina é essencial para que o seu paciente mantenha o controle glicêmico. Por isso, não apenas a prescrição da insulina, mas ensiná-lo a aplicação também faz parte da conduta terapêutica.

É compreensível que o paciente se assuste ao ter o diagnóstico da diabetes e a necessidade de insulinoterapia. Por isso, explicar que com o treino da aplicação ela se tornará automática é importante para tranquilizá-lo.

A injeção da insulina é feita no tecido subcutâneo. Assim, é válido explicar ao paciente que, caso seja aplicada em outra camada, sua absorção não será a mesma.

Por isso, considerando o tamanho da agulha, é indicado fazer uma prega subcutânea em um ângulo de 90º. Por outro lado, caso a agulha seja pequena, de 4mm a 5mm, apenas é posicionada à 90º, sem prega.

  1. Escolher um local de aplicação, como barriga ou porção posterior do braço. Deve-se considerar uma região com mais tecido adiposo, a fim de não injetar a insulina no músculo;
  2. Com os dedos polegar e indicador, fazer a prega subcutânea;
  3. Inserir a agulha rapidamente no monte da prega;
  4. Empurrar o êmbolo da caneta para injetar a insulina;
  5. Antes de soltar a prega, espere 5 segundos no caso de uma seringa e 10 segundos no caso da caneta.
  6. Caso sangre no local, pressione por alguns segundos, mas lembre-se de orientá-lo a não massagear o local.

É preferível que seja feito um rodízio entre os locais de aplicação da insulina.

Locais indicados para aplicação da insulina. É importante que seja feito um rodízio adequado.

6. Sobre a agulha ou caneta de insulina: 3 precauções importantes

A caneta é uma das maneiras de aplicar a insulina, alternativa à seringa. No entanto, portando um material perfurante e os riscos envolvidos nisso, é importante orientar bem os pacientes quanto as precauções no seu uso.

Antes mesmo de explicar a maneira de aplicar a insulina, saiba se há mais pessoas com diabetes na residência do seu paciente. Com isso, deixe claro que ele não deve compartilhar sua caneta ou a agulha da seringa com absolutamente ninguém, mesmo um familiar. Para que ele compreenda bem, explique os riscos envolvidos nessa prática.

Assim como ele não deve compartilhar a agulha, também não deve reutilizá-la em uma outra aplicação. Isso se justifica pela fragilidade da agulha que, uma vez inserida, já não é mais tão firme. Assim, é possível que ela quebre e fique presa na pele do paciente. Como resultado, além da dor, há riscos grandes de lesões de pele.

Por último, pensando no cuidado consigo mesmo e nos que o cerca, as agulhas não devem ser descartadas em lixo comum. Além de poder ferir outras pessoas, pode contaminá-las com possíveis infecções.

7. Como realizar o descarte correto das agulhas em domicílio

Uma vez que a diabetes é uma condição vitalícia, é possível que esse grupo seja o maior produtor domiciliar de lixo perfurocortante no mundo. Por esse motivo, quando descartadas de maneira inadequada, as agulhas têm um potencial gigantesco de infectar outras pessoas, associadas às hepatites B, C e HIV.

Apesar disso, boa parte dos pacientes não seguem as recomendações para o descarte correto das agulhas. Isso revela que, além de não compreenderem o risco envolvido nisso, podem ainda não saber realizar esse descarte adequadamente. Assim sendo, é fundamental que o médico tenha o cuidado de explicar como ele deve ser feito.

Idealmente, as agulhas devem ser descartadas em um recipiente semelhante aos disponíveis em ambiente hospitalar, do tipo DESCARTEX ou DESCARPACK. Esse material pode ser adquirido gratuitamente nas Unidades Básicas de Saúde.

No entanto, considerando a impossibilidade de obtê-lo, pode-se orientar o paciente a utilizar frascos utilizados vazios de material de limpeza, que sejam rígidos o suficiente para que a agulha não perfure suas paredes.

A tampa desse recipiente deve ter uma boa vedação e ser mantido em local seguro. Além disso, os frascos de insulina das bombas de infusão também podem ser descartados no mesmo recipiente.

Ainda, deixe claro para o paciente que não se deve recolher nenhum material de dentro do frasco, sob risco de se perfurar.

Ao ser preenchido, o recipiente deve ser entregue na Unidade Básica de Saúde (UBS) próxima.

Para uma melhor compreensão, a Sociedade Brasileira de Diabetes produziu uma animação explicando as medidas adequadas.

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Perguntas frequentes

  1. A quem é destinada a insulinoterapia?
    A insulinoterapia é destinada a pacientes com diabetes tipo 1 e alguns do tipo 2.
  2. Como deve ser feito o correto descarte dos materiais de aplicação da insulina?
    Os materiais devem ser descartados em um recipiente próprio para perfurocortantes, disponibilizados nas UBS gratuitamente.
  3. A insulina pode ser armazenada na porta da geladeira do paciente?
    Não. Já que a porta da geladeira é constantemente afastada da fonte de refrigeração, isso pode ser suficiente para não atingir temperaturas suficientes para armazenar a insulina.

Referências

  1. Educação do paciente: usando insulina (o básico). UpToDate
  2. RANG, Rang et al. Rang & Dale Farmacologia. Elsevier Brasil, 2015.
  3. Diretrizes, Sociedade Brasileira de Diabetes (2017-2018). Práticas Seguras para o Preparo e aplicação de Insulina. A.C. Farmacêutica: 2016; p. 256 – 266.