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Damos início a mais um novembro azul e novamente aquela dúvida aparece: quando devemos pedir a dosagem de PSA (antígeno prostático específico)? Temos uma idade mínima para esses homens? E idade máxima? Alguns fatores de riscos são determinantes para esse pedido?
Uma boa indicação desse exame pode salvar vidas, e neste texto vou te trazer todas as respostas.
O que é o PSA?
O antígeno específico da próstata (PSA) é o teste que revolucionou a detecção de câncer de próstata e tem sido usado desde 1994. Esse exame consiste em análise de uma amostra de sangue, submetida a uma técnica de radioimunoensaio. Com o diagnóstico facilitado, houve um grande aumento da descoberta dos casos ainda em estágio inicial, fazendo com que, consequentemente, aumentasse também as chances de cura.
Atualmente, o PSA é o marcador mais utilizado para diagnóstico de câncer de próstata, porém tem baixa especificidade e, portanto, não determina o diagnóstico. É um marcador sensível a reações inflamatórias na região prostática e seu resultado positivo pode indicar outras doenças na próstata como a prostatite. Dessa forma, é considerado um exame inespecífico.
A discussão de quando fazer o exame PSA ou não veio pelo aumento excessivo de diagnósticos de câncer de próstata. Esse aumento exacerbado fez com que aumentasse também o número de pacientes realizando tratamento de forma desnecessária em cânceres indolentes (não agressivos). Nesses casos, o homem submetido ao tratamento acaba sendo exposto a um risco de vida maior do que os benefícios com a terapêutica.
E agora você deve estar se perguntando: então, o que devo fazer?
Segundo a American Urological Association (AUA) e a American Cancer Society (ACS), o médico deve apresentar aos homens entre 55 a 69 anos a possibilidade de fazer o exame, esclarecendo todos os riscos e benefícios da sua realização.
O risco maior está em ter um diagnóstico falso-positivo para câncer de próstata e a detecção de um câncer indolente. Já o benefício se dá pelo diagnóstico precoce, que em muitos casos evitará a prostatectomia (retirada da próstata), cirurgia que traz aos homens diversos efeitos colaterais, responsável por grande número de casos de incontinência urinária e disfunção erétil a longo prazo.
Em casos individuais, você deve considerar a história familiar (câncer de próstata grave em homens com menos de 65 anos), condições médicas e comorbidades (HAS, DM e obesidade). Homens com sintomas de dor lombar, problemas de ereção e micção, dor na bacia ou joelhos e sangramento pela uretra podem ser suspeitos.
É importante lembrar que o rastreamento deve ser feito a cada dois anos, pois o rastreamento anual aumenta a taxa de falsos-negativos, e o teste não costuma ser feito em homens a partir dos 70 anos de idade, pois o risco de desenvolver a doença é mínimo.
Resultados esperados
Um nível de PSA no sangue abaixo de 4ng/mL é considerado normal. Na classificação para pacientes com câncer, estão em baixo risco valores abaixo de10ng/ml, risco intermediário pacientes com valores entre 10-20ng/ml, e alto risco acima de 20ng/ml. Essa classificação também deve considerar a escala de Gleason e o estadiamento para CA de próstata.
O resultado negativo do PSA garante que não haja câncer?
Segundo o Ministério da Saúde, aproximadamente 20% dos homens com câncer de próstata sintomático apresentam um PSA normal. Algumas lesões também não são palpáveis ao toque retal, sendo, portanto, recomendado a realização dos dois exames para maior acurácia. Logo, apenas o resultado negativo de PSA não é garantia.
Outros exames para rastreio
Outros exames utilizados para obter resultados mais específicos são:
- Densidade do PSA, exame que analisa a relação entre PSA sérico e o volume prostático, avaliado por ultrassom transretal;
- Velocidade do PSA, que é a variação da concentração do marcador ao longo do tempo;
- Avaliação das proporções de diferentes isoformas de PSA (PSA livre, PSA complexado, pró-PSA e PSA B);
- Exame digital retal.
Em casos de câncer já comprovados por esses exames, biópsia e ressonância magnética são utilizados para avaliação do estágio em que o paciente se encontra.
Conclusão
Podemos concluir que o PSA é uma ferramenta muito útil no diagnóstico precoce do câncer de próstata. Entretanto, devemos fazer seu uso com cautela, direcionando o exame à faixa etária de 55 a 69 anos principalmente. Um resultado falso positivo, ou um diagnóstico de câncer indolente estão entre os possíveis riscos do exame.
Portanto, é essencial estabelecer uma comunicação efetiva entre você e o paciente, para que os riscos e benefícios fiquem claros a ele e sua escolha seja a mais correta possível.
Autora: Gabrielle Petranhski Caldas
Instagram: @gabipetranhski
O texto é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da sanar sobre o assunto.
Observação: esse material foi produzido durante vigência do Programa de colunistas Sanar. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido.