Índice
- 1 Quais as apresentações do ciprofloxacino?
- 2 Mecanismos de ação
- 3 Espectro antimicrobiano
- 4 Farmacocinética e farmacodinâmica do Ciprofloxacino
- 5 Quando indicar Ciprofloxacino?
- 6 Quando o ciprofloxacino é contraindicado?
- 7 Efeitos adversos do ciprofloxacino
- 8 Interações medicamentosas
- 9 Conheça o livro fluxos e condutas na emergência
- 10 Sugestão de leitura complementar
O ciprofloxacino é um antibiótico de largo espectro que faz parte do grupo das fluoroquinolonas, uma classe de agentes antimicrobianos que atuam inibindo a topoisomerase bacteriana.
É considerada uma fluoroquinolona de segunda geração, sendo sintetizado a partir do ácido nalidíxico.
Quais as apresentações do ciprofloxacino?
O ciprofloxacino está disponível para administração oral, intravenosa e oftálmica. Tipicamente, as doses orais são de 250 a 750 mg e as doses intravenosas de 200 a 400 mg, 2 vezes/dia.
É possível ainda a utilização do medicamento com preparação para liberação prolongada, que poderá ser administrado 1 vez/dia, facilitando a adesão ao tratamento.
Mecanismos de ação
As fluoroquinolonas atuam a partir da inibição das topoisomerases bacterianas do tipo II (topoisomerase II e topoisomerase IV – podem inibir apenas uma delas ou ambas).
A topoisomerase II ou DNA-girase é uma enzima que permite a transcrição e replicação do DNA ao produzir a super-helicoidização negativa do mesmo. Assim, quando inibida, faz com que ocorra o relaxamento do DNA superespiralado bacteriano e consequente quebra da fita de DNA, tornando impossível sua replicação. É o principal alvo das quinolonas nas bactérias gram-negativas.
A inibição da topoisomerase IV promove, por sua vez, uma perda da estabilização dos cromossomos durante a divisão celular, sendo o alvo principal no combate à bactérias gram-positivas.
Espectro antimicrobiano
O ciprofloxacino é o medicamento mais utilizado dentre as fluoroquinolonas, possuindo um amplo espectro antibacteriano.
É efetivo contra uma série de bactérias:
- Gram-negativas
- Gram-positivas
- Microrganismos resistentes a outros antibióticos (como penicilina, cefalosporinas e aminoglicosídeos)
Dentre os microrganismos sobre os quais atua, é possível citar enterobactérias, pseudomonas, H. influenzae e estafilococos. Não são utilizadas em enterococos devido à grande incidência de resistência antimicrobiana.
Resistência bacteriana
Foram observadas cepas de estafilococos e pseudomonas resistentes. A taxa de resistência tem aumentado entre bactérias gram-negativas e gram-positivas. Existe resistência cruzada entre as quinolonas, sendo esta principalmente mediada por plasmídeos ou degradação enzimática.
Os mecanismos pelos quais a resistência pode ser induzida são:
- Alterações no sítio de ligação do fármaco à bactéria
- Mutações que levem à diminuição da concentração intracelular do antibiótico
Farmacocinética e farmacodinâmica do Ciprofloxacino
O ciprofloxacino é bem absorvido pela via oral, possuindo uma biodisponibilidade de 70-80%, sendo que os níveis séricos alcançam o pico em cerca de 1 a 3 horas (esse intervalo pode ser aumentado por alguns alimentos).
A distribuição do medicamento ocorre ligada a proteínas plasmáticas em 10% a 40%, alcançando todos os líquidos e tecidos corporais. Concentra-se principalmente na:
- Urina
- Rins
- Próstata
- Pulmões
- Ossos
- Macrófagos
- Neutrófilos
Sendo a concentração do medicamento nesses tecidos maior que a sérica. A excreção é realizada por meio dos rins, portanto é necessário o ajuste da dose em pacientes com disfunção renal.
Quando indicar Ciprofloxacino?
O ciprofloxacino é utilizado principalmente para o tratamento de infecções locais e sistêmicas causadas por bacilos e cocos gram negativos, como infecções do trato urinário e infecções gastrointestinais.
Possui boa atividade contra P. aeruginosa, sendo utilizado nos pacientes com fibrose cística e no tratamento da febre tifoide pela ação contra a Salmonella typhi. É utilizado ainda como profilaxia pós-exposição ao carbúnculo (antrax).
Além disso, é utilizado como fármaco de segunda escolha para o tratamento de tuberculose. Possui pouca atividade para o S. pneumoniae, não sendo a primeira escolha para o tratamento de infecções respiratórias causadas por esta bactéria.
Quando o ciprofloxacino é contraindicado?
O medicamento é contraindicado em pacientes com histórico de hipersensibilidade ao ciprofloxacino ou outras quinolonas.
Deve ser ainda evitado o uso desse fármaco em gestantes e lactantes, assim como em crianças. Também é contraindicado para pacientes com distúrbios do sistema nervoso central, pelo risco de reações adversas neurológicas.
Efeitos adversos do ciprofloxacino
As principais reações adversas são aquelas relacionadas ao trato gastrointestinal, como:
- Náuseas
- Vômitos
- Diarreias
Podem haver ainda efeitos neurológicos, que envolvem tontura, cefaleia e, mais raramente, crises convulsivas, alucinações e delirium. Além disso é possível encontrar artralgia, erupções cutâneas, desregulação da glicemia e fotossensibilidade.
Interações medicamentosas
O ciprofloxacino, assim como outras quinolonas, tem a capacidade de formar complexos com cátions bivalentes ou trivalentes, como cálcio, ferro ou magnésio.
Assim, quando estes são administrados por via oral em conjunto com o ciprofloxacino, há a redução da biodisponibilidade do medicamento. Além disso o ciprofloxacino pode diminuir a atuação da teofilina. Quinolonas possuem ainda o efeito de deslocamento do GABA de seu receptor, e o uso de AINEs pode promover uma ampliação dessa resposta (podendo levar a efeitos adversos neurológicos).
Autores, revisores e orientadores:
Autor(a): Júlia Amaral Fleischhauer
Revisor(a): Gabriel Martins Nogueira
Orientador(a): Bárbara Maria Oliveira de Souza
Liga: Liga Acadêmica de Nefrologia (LANEF) – @lanefbahiana
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