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O D-dímero ou dímero fibrina é um dos principais produtos de degradação da fibrina (FDPs).
Possui um significado importante pois sua liberação só ocorre a partir da degradação direta dos polímeros de fibrina pela plasmina, não tendo ligação com os monômeros ou com o fibrinogênio.
Isso significa dizer que esse composto só é liberado quando a fibrinólise resulta de uma formação prévia de trombos.
O D-dímero consistem em dois domínios D de monômeros de fibrina adjacentes que foram reticulados pelo fator XIII ativado.
O D-dímero é o FDP mais bem estudado e de maior importância para avaliação clínica. A concentração plasmática normal de D-dímero por teste ELISA é de < 500 ng/mL. Níveis elevados indicam fibrinólise recente ou em curso.
Aplicabilidade Clínica do D-dímero
Diagnóstico de condições clínicas
Os usos clínicos do D-dímero incluem avaliação, principalmente, para as seguintes condições:
- Trombose venosa profunda;
- Embolia pulmonar;
- Infarto Agudo do Miocárdio (IAM);
- Coagulação Intravascular Disseminada (CIVD);
- Hiperfibrinólise primária;
- Avaliação prognóstica na doença coronavírus 2019 (COVID-19);
- Pré-Eclâmpsia;
A lista completa de situações que elevam esse marcador está listada no quadro abaixo.
Vale ressaltar que o D-dímero é amplamente utilizado para triagem diagnóstica de TVP/TEP. Trata-se de um marcador altamente sensível, estando elevado em quase todos os pacientes com TVP agudo. Entretanto, não é tão específico, pois pode estar alterado em outras condições.
Um resultado negativo (<500 ng / mL) é útil para descartar TVP, particularmente naqueles com probabilidade pré-teste (PTP) baixa ou moderada para trombose.
Um resultado positivo, por outro lado, não é diagnóstico e indica a necessidade de investigação adicional. O mesmo é válido para a investigação de outras condições.
O D-dímero ainda é útil para a avaliação de pacientes com CIVD, que trata-se de uma coagulopatia consumptiva, com ativação e consumo de fatores de coagulação, decorrente do aumento da geração de trombina e aumento da fibrinólise.
Devido a alta sensibilidade, esse biomarcador é importante para o diagnóstico de CIVD, excluindo essa hipótese caso seu valor seja normal.
Entretanto, a confirmação diagnóstica se dá através de um sistema de pontuação que inclui o número de plaquetas, nível de fibrinogênio, tempo de protrombina e a concentração do D-dímero.
Além de definir o diagnóstico, esse sistema é utilizado para monitorar a progressão dessa condição.
Uso do D-dímero na definição de tempo de terapia anticoagulante
Além do que tange ao diagnóstico, o D-dímero também foi avaliado e é utilizado para determinar a duração ideal da anticoagulação em pacientes com TVP ou TEP não-recorrente. Sabe-se que esses pacientes devem fazer, minimamente, 3 meses de terapia.
Para identificar se há necessidade de ampliar o tempo do tratamento, a avaliação do D-dímero durante a terapia ou 1 mês após sua interrupção é de grande valia na estratificação de pacientes com risco de TVP recorrente.
Níveis elevados desse marcador indicam risco 2 vezes maior de recorrência do evento do que naqueles que apresentarem o marcador negativo. A partir disso, deve-se avaliar o risco-benefício individual de ampliação do tempo de abordagem terapêutica.
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Referências:
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