Cardiologia

Resumo de marcapasso: classificação, implantação e indicação

Resumo de marcapasso: classificação, implantação e indicação

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O Marcapasso Cardíaco Artificial (MP) faz parte dos dispositivos cardíacos eletrônicos implantáveis (DCEI). Sua aplicabilidade clínica se iniciou entre 1958 e 1960 e revolucionou o tratamento dos distúrbios do sistema de condução. 

Tratam-se de dispositivos de estimulação multiprogramável capazes de corrigir impulsos elétricos alterados e/ou ritmos ectópicos, visando restaurar a atividade cardíaca mais fisiológica.

Classificação do marcapasso

Os marcapassos são classificados de acordo com diferentes critérios, principalmente com base em suas funções e características técnicas. Uma classificação comum é baseada na forma como eles respondem aos ritmos cardíacos anormais. Aqui está uma classificação geral dos marcapassos:

Marcapasso de frequência fixa (VVI, AAI)

Este tipo de marcapasso emite impulsos elétricos a uma taxa fixa, independentemente da atividade cardíaca.

Ele é usado quando o nó sinusal (o “marcapasso natural” do coração) não funciona adequadamente, mas os outros sistemas de condução do coração ainda são funcionais.

Marcapasso sensor de atividade (VVIR, AAI)

Esses marcapassos monitoram a atividade cardíaca do paciente e ajustam a taxa de estimulação de acordo.

Eles são capazes de acelerar o ritmo cardíaco durante a atividade física e diminuir o ritmo quando o paciente está em repouso.

Marcapasso de ritmo resposta (DDDR)

Esse tipo de marcapasso monitora tanto os ritmos cardíacos quanto a atividade do paciente.

Ele pode ajustar a taxa de estimulação de acordo com a atividade física e também alternar entre estimulação atrial e ventricular, dependendo das condições do paciente.

Marcapasso de resposta à frequência (RDR)

Esses marcapassos são mais avançados e ajustam automaticamente a frequência de estimulação com base na taxa de ritmo cardíaco natural do paciente.

Marcapasso BiVentricular (CRT)

Também conhecido como marcapasso cardíaco de ressincronização, esse tipo é usado em pacientes com insuficiência cardíaca avançada.

Ele sincroniza os ventrículos esquerdo e direito para melhorar a eficiência do bombeamento sanguíneo.

Marcapasso definitivo vs. temporário

Marcapassos definitivos são implantados permanentemente no corpo e são usados em situações em que os ritmos cardíacos anormais são crônicos ou de longo prazo.

Já os marcapassos temporários são usados em situações agudas, como após uma cirurgia cardíaca, até que a condição do paciente melhore.

Como é feita a implantação dos tipos de marcapasso?

A inserção do MP se dá através da introdução do dispositivo no átrio ou ventrículo direito pela veia jugular interna ou subclávia. Após a implantação, os MP são capazes de controlar a atividade elétrica cardíaca.

Esse controle está diretamente relacionado ao modo de estimulação do MP em uso. Se o dispositivo for do modelo assíncrono, ele exerce sua função de forma constante e fixa, uma vez que não é capaz de captar a atividade elétrica em curso no músculo cardíaco.

Por outro lado, se esse aparelho for da modalidade de demanda, possui a capacidade de identificar a atividade elétrica cardíaca e intervir de forma intermitente, quando os impulsos elétricos são insuficientes ou inexistentes. 

Entre os marcapassos temporários, que não precisam de inserção via veia jugular ou subclávia, tem-se o marcapasso externo transcutâneo. Trata-se de um tipo especial de MP indicado principalmente em bradiarritmias, mas que pode ser utilizado em taquiarritmias também. Seu principal benefício é a instalação rápida, fácil e não invasiva, que serve para ganhar tempo em situações de emergência. Por outro lado, as principais desvantagens consistem em erros de captura e intolerância do usuário graças à estimulação da musculatura esquelética. 

Indicação clínica para marcapasso

Originalmente, os marcapassos eram indicados apenas para tratamento do bloqueio atrioventricular total (BAVT). Com o avanço da tecnologia e dos estudos, sua aplicabilidade aumentou significativamente. Inclusive, segundo a Diretrizes Brasileiras de Dispositivos Cardíacos Eletrônicos Implantáveis, a disfunção sinoatrial ultrapassou o BAVT como causa mais comum para o implante de MP. 

Atualmente, os MP podem ser utilizados para tratamento de bradicardias, taquicardias ventriculares e supraventriculares e em pacientes com frequência cardíaca normal (nos casos de bloqueio bi ou trifasciculares). Dentre as bradicardias eletivas para uso de MP estão:

  • Disfunção sinoatrial
  • Bloqueio atrioventricular congênito e adquirido
  • Fibrilação atrial de baixa frequência

Indicação do marcapasso temporário

O marcapasso temporário está indicado quando: 

  • A causa é temporária, como nos bloqueios após cirurgia cardíaca, infarto agudo do miocárdio 
  • Com a finalidade de resguardar o paciente de complicações até a conduta definitiva
  • O objetivo é avaliar o resultado da estimulação artificial antes de estabelecer o MP definitivo, principalmente em chagásicos, ateroscleróticos e em ICC.

Marcapasso definitivo

A estimulação definitiva através do MP, por sua vez, é a principal alternativa terapêutica para:

  • Disfunção do Nó Sinusal (DNS)
  • Síndrome do Seio Carotídeo (SSC) 
  • Bloqueio Atrioventricular (BAV) 
  • Bloqueio Intraventricular (BIV) 
  • Cardiomiopatia Hipertrófica Obstrutiva (CMHO) 
  • Síndromes Neuromediadas (SNM) ou Vasovagais 

Quais as principais limitações de um paciente com marcapasso?

Pacientes com marcapasso podem experimentar algumas limitações ou considerações especiais devido à presença do dispositivo. No entanto, é importante ressaltar que as limitações podem variar dependendo do tipo específico de marcapasso, das condições de saúde individuais do paciente e das recomendações médicas.

Algumas limitações comuns incluem:

  • Atividades físicas e exercícios: embora muitos pacientes com marcapasso possam realizar atividades físicas normais, é importante discutir com o médico quais exercícios são seguros e quais podem requerer precauções
  • Campos eletromagnéticos: certos dispositivos eletrônicos, como fornos de micro-ondas, detectores de metais e dispositivos de terapia magnética, podem interferir com o funcionamento do marcapasso. Os pacientes são aconselhados a manter uma distância segura desses dispositivos ou evitar seu uso
  • Evitar dispositivos de terapia magnética: Dispositivos de terapia magnética, como cintos e colchões terapêuticos, podem interferir com o marcapasso e devem ser evitados.

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Sugestão de leitura complementar

Referência bibliográfica