Índice
- 1 Epidemiologia da infecção por pneumococo
- 2 Microbiologia da S. pneumoniae
- 3 Patogênese
- 4 Doenças causadas por pneumococo
- 5 Manifestações clínicas da infecção pneumocócita
- 6 Diagnóstico e tratamento de infecções causadas pelo pneumococo
- 7 Vacinação para pneumococo
- 8 Estude com o SanaFlix!
- 9 Sugestão de leitura complementar
- 10 Referências bibliográficas
O pneumococo é o termo utilizado para se referir a bactéria Streptococcus pneumoniae. Essa bactéria foi nomeada assim por ser o principal patógeno associado às pneumonias comunitárias.
O S. pneumoniae causa doenças localizadas, como otite e sinusite, e doenças invasivas, tais como pneumonia, meningite e sepse.
O pneumococo continua sendo a principal causa de morbidade e mortalidade em crianças e adultos mais velhos em todo o mundo. Isso torna esse tema muito importante para o conhecimento médico na prática clínica.
Diante de qualquer agente bacteriano, é importante conhecer sua microbiologia para identificar suas manifestações e como o tratamento adequado pode ser iniciado.
Pela importância do tema, elaboramos um resumo com tudo o que você precisa saber sobre essa bactéria e atual de forma assertiva na sua prática clínica.
Epidemiologia da infecção por pneumococo
A infecção por pneumococo é uma das principais causas de doença em crianças, idosos, imunodeficientes e portadores de doença crônica.
Estima-se que a pneumonia pneumocócica cause aproximadamente 1 milhão de mortes em crianças menores de cinco anos. Sendo a maioria dos casos oriundos de países em desenvolvimento.
A incidência de doença invasiva tem sido estimada em 15-30 casos, por 100.000 habitantes, por ano, em países desenvolvidos. O risco de doença invasiva aumenta com a idade, especialmente após os 65 anos, e é mais alto em pessoas com doença crônica.
Entre os adultos de todas as idades com bacteremia, 15 a 20% evoluem com óbito, sendo a mortalidade ainda maior em idosos e pessoas com outras doenças de base.
Microbiologia da S. pneumoniae
O S. pneumoniae é uma bactéria pertencente à família Streptococcaceae, alfa-hemolítica gram-positiva. São cocos, que se agrupam aos pares (diplococos) ou em curtas cadeias e são anaeróbios facultativos.
Esse agente bacteriano está dentro da relação de bactérias gram-positivas e possui uma ampla relevância epidemiológica por ter cerca de 90 sorotipos imunes diferentes que se manifestam em múltiplas doenças diferentes.
A ampla quantidade de sorotipos faz com que existam antissoros específicos para cada infecção e torna essa uma bactéria muito estudada pela microbiologia, sobretudo no desenvolvimento de agentes para combater esse ente.
Essa é uma bactéria encapsulada, que cresce melhor em 5% de dióxido de carbono e requer uma fonte de catalase (por exemplo, sangue) para crescer em placas de ágar.
O pneumococo integra a microflora normal, e a maioria dos seres humanos possui esse agente no trato respiratório superior.
Patogênese
Uma série de características do S. pneumoniae medeiam sua capacidade de produzir infecção, incluindo componentes de superfície que aumentam a virulência e provocam uma reação inflamatória do hospedeiro.
O polissacarídeo capsular de superfície de S. pneumoniae é o principal elemento antifagocítico da superfície dos pneumococos.
Essa cápsula gera uma resposta imune protetora no humano específica para o tipo e serve como base para a sorotipagem desses organismos.
Além disso, eles secretam uma potente citotoxina, a pneumolisina, que se liga ao colesterol e pode formar poros nas membranas indiscriminadamente, matando assim qualquer célula eucariótica.
Doenças causadas por pneumococo
Streptococcus pneumoniae (pneumococo) é a causa bacteriana mais comumente identificada de pneumonia adquirida na comunidade (PAC).
A apresentação clínica da PAC varia amplamente, desde uma pneumonia leve, caracterizada por febre, tosse e falta de ar, até uma pneumonia grave, caracterizada por sepse e dificuldade respiratória.
O pneumococo é também uma das causas bacterianas mais importantes de otite média aguda (OMA). A OMA está tipicamente associada ao desenvolvimento de otalgia unilateral e diminuição da audição.
Uma outra patologia associada a infecção por pneumococo é a sinusite, embora também possa estar associada a outros agentes.
Manifestações clínicas da infecção pneumocócita
As manifestações clínicas da infecção pneumocócica invasiva dependem do local primário da infecção e da presença ou ausência de bacteremia.
A meningite pneumocócica é a complicação supurativa mais frequente e grave associada à bacteremia pneumocócica, mas é válido recordar que existem também outros tipos graves de meningite. A meningite pode ser associada a outros agentes como a Neisseria meningitidis (meningococo) e outros vírus, sendo importante a realização da cultura para determinar a etiologia do quadro.
Além de saber quais as doenças infecciosas provocadas pelos pneumococos, é preciso identificar a presença de fatores de risco que podem contribuir com a infecção.
Dessa forma, deve-se sempre para atender a alguns grupos específicos como:
- Pacientes com imunossupressão ou imunodeficientes;
- Extremos de idade (crianças ou idosos);
- Portadores de doenças crônicas, principalmente aquelas com repercussões sistêmicas amplas;
- Tabagistas e etilistas;
- Pacientes com quadros de insuficiência renal, cardíaca, hepática ou doenças hematológicas, observando a progressão da doença;
- Pacientes com histórico repetido ou em internamento hospitalar.
A infecção por pneumococo pode ocorrer em momentos em que o paciente já possui algum outro tipo de vulnerabilidade imunológica, fazendo com que a infecção seja oportunista nesses contextos.
Diagnóstico e tratamento de infecções causadas pelo pneumococo
Por serem organismos gram-positivo, a solicitação da coloração de Gram deve ser sempre solicitada, assim como a cultura.
Visto que essa é uma bactéria com mais de 90 sorotipos identificados, é preciso ainda solicitar em adição os testes de sensibilidade e resistência antimicrobiana para realizar um tratamento mais assertivo possível e evitar o agravamento do quadro.
Os antibióticos comumente utilizados no tratamento das infecções por esse agente incluem, principalmente:
- Betalactâmicos
- Tetraciclina
- Pleuromutilina
- Macrolídeos
- Fluoroquinolonas respiratórias
Além desses fármacos, é preciso tratar sintomas específicos que os pacientes apresentem de acordo com o diagnóstico, pois identificar o agente etiológico é apenas um dos pilares do tratamento.
A posologia também deve ser observada com cuidado em cada situação clínica.
Vacinação para pneumococo
Como medida preventiva, a vacinação é um dos pilares nesse contexto. A vacina antipneumocócica utilizada atualmente tem mostrado eficácia em prevenir infecções pneumocócicas invasivas em pacientes imunocompetentes.
As vacinas contêm antígenos capsulares purificados (polissacarídeos) de 23 dos mais de 80 tipos diferentes de S. pneumoniae (1, 2, 3, 4, 5, 6B, 7F, 8, 9N, 9U, 10, 11A, 12F, 14, 15B, 17F, 18C, 19A, 19F, 20, 22F, 23F, 33F).
A eficácia da vacina pneumocócica é de cerca de 90% em prevenir bacteremia e pneumonia pneumocócica em adultos jovens, sem outra doença.
Fatores que influenciam nos resultados incluem: a idade do indivíduo; o estado de sua resposta imune; a presença ou ausência de doença de base e o nível de anticorpos pneumocócicos obtidos.
Além da vacinação, o uso de antibióticos profiláticos também faz parte das estratégias para prevenir infecções desse agente.
Estude com o SanaFlix!
A amplitude de doenças que estão associadas ao pneumococo e as altas taxas de mortalidade e morbidade que se referem a algumas dessas infecções torna indispensável que ela seja reconhecida pelos médicos na prática clínica.
Nesse contexto, uma boa anamnese do paciente é uma importante ferramenta que o médico pode utilizar para entender o início da infecção. Além de correlacionar todos os dados fornecidos para o diagnóstico.
Vale lembrar, porém, que o tratamento de algumas das doenças provocadas pelo pneumococo é empírico, visto que a cultura para identificação do agente bacteriano pode demorar muito e o paciente não ter tempo suficiente para esperar.
O diagnóstico precoce e o início breve do tratamento fazem muita diferença para o desfecho do quadro e auxilia num bom prognóstico.
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Sugestão de leitura complementar
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- Resistência bacteriana e tratamento de pneumonia adquirida na comunidade em tempos de pandemia
- Resumo sobre otite média aguda (OMA) | Ligas
- Pneumonia Adquirida na Comunidade
- Resumo sobre antibioticoterapia
Referências bibliográficas
- LUNDGREN, Fernando Luiz Cavalcanti. Conhecimento do nosso pneumococo. J. bras. pneumol., São Paulo , v. 44, n. 5, p. 343-344, out. 2018 .
- Moretti GRF, Pereira JL, Sakae TM et al . Vacina pneumocócica: histórico, indicações clássicas e efeitos indiretos. Pulmão RJ 2007;16(2-4):91-96.
- Toumanen, Elaine I . Microbiology and pathogenesis of Streptococcus pneumoniae. Update, 2021.