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Resumo sobre raiva humana (completo) – Sanarflix

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Resumo sobre raiva humana (completo): da definição ao tratamento, passando pela epidemiologia, diagnóstico e quandro clínico. Confira!

Definição

A raiva humana é uma das infecções mais antigas e temidas, com a maior taxa de letalidade de qualquer doença infecciosa.

Ela é uma antropozoonose transmitida ao homem pela inoculação do vírus rábico presente na saliva ou secreções de um mamífero infectado, principalmente através da mordedura.

Essa doença continua a ser um problema de Saúde Pública, devido às sérias consequências clínicas, elevada letalidade e custos decorrentes do tratamento pós-exposição e da assistência médica.

A raiva humana pode ser prevenida de forma eficaz, porém permanece sendo uma doença potencialmente fatal, pois não há condutas terapêuticas agressivas. 

Epidemiologia da raiva humana   

A raiva tem uma distribuição mundial com poucas exceções, incluindo Antártica, Nova Zelândia, Japão, Suécia, Noruega, Espanha e algumas ilhas do Caribe.

Apesar do desenvolvimento da primeira vacina anti-rábica em 1885 por Louis Pasteur, a Organização Mundial da Saúde estima que aproximadamente 59 mil pessoas atingidas por essa doença infecciosa morrem a cada ano em todo o mundo, principalmente na Ásia e na África.

Em países em desenvolvimento, os cães raivosos respondem por 90 por cento ou mais dos casos relatados de raiva transmitida a humanos, mas foi amplamente eliminada como uma fonte endêmica na década de 1970.

A vigilância da raiva nos Estados Unidos identificou os quatro principais reservatórios de animais como morcegos, guaxinins, gambás e raposas. Atualmente, a principal fonte de casos humanos tem sido os morcegos, com base na caracterização genética da cepa infectante do vírus da raiva.

No Brasil, entre 1990 e 2017, foram registrados 594 casos, predominantemente em ambientes urbanos. No período de 2000 a 2009, no território brasileiro, observou-se um incremento de casos de raiva humana cujos animais transmissores foram morcegos. 

Virologia e Patogênese       

A raiva parece ser causada por uma série de diferentes espécies de vírus neurotrópicos da Família Rhabdoviridae, gênero Lyssavirus. O sequenciamento genético do vírus pode ajudar a determinar o provável animal vetor de transmissão.

O Lyssavirus possui a forma de uma bala e contém um genoma de RNA de fita simples que codifica cinco proteínas estruturais. Um desses genes codifica uma glicoproteína externa, que é um alvo primário para anticorpos neutralizantes de vírus.

Micrografia eletrônica do Lyssavirus - Wikipédia
Micrografia eletrônica do Lyssavirus – Wikipédia

O vírus é primeiro amplificado perto do local da inoculação e, subsequentemente, entram nos nervos motores e sensoriais locais. Os Lyssavírus têm predileção por tecido neural e se espalham através dos nervos periféricos até o sistema nervoso central (SNC). Os vírus então migram centralmente em uma direção retrógrada dentro do axoplasma dos nervos periféricos até atingir a medula espinhal e o cérebro. 

O mecanismo pelo qual a raiva causa doenças graves do SNC não é claro. Os Lyssavírus podem produzir disfunção neuronal, como instabilidade autonômica, em vez de morte neuronal. O estresse oxidativo causado pela disfunção da mitocôndria em neurônios e outras células do SNC também pode ser uma via que leva às anormalidades observadas. 

Quadro clínico da raiva humana    

O período médio de incubação da raiva é de um a três meses, mas pode variar de vários dias a muitos anos após uma exposição. A raiva geralmente não é suspeitada durante a fase prodrômica, que começa com sintomas inespecíficos semelhantes aos da gripe, incluindo febre, mal-estar, dor de garganta, cefaleia, náuseas e vômitos. Pode haver parestesias, dor e prurido no local da mordida. 

A  infecção pode evoluir para duas formas principais de doença, incluindo raiva encefalítica ou raiva paralítica, que geralmente dura de dois a sete dias. As manifestações podem incluir hiperatividade, febre persistente, flutuação da consciência, espasmos dolorosos da faringe ou inspiratória, estimulação autonômica (hipersalivação), hidrofobia e convulsões. A raiva paralítica é caracterizada por quadriparesia e envolvimento esfincteriano. 

Diagnóstico da raiva humana  

A história de mordida animal, associada aos achados clínicos, compõe a base da suspeição diagnóstica. A detecção do vírus rábico é essencial para o diagnóstico específico antes da morte. Ela pode ser feita por coloração imunofluorescente específica para vírus de amostras de biópsia de pele, isolamento do vírus da saliva ou detecção de anticorpos anti-raiva no soro ou líquido cefalorraquidiano. 

Tratamento da raiva humana 

Não há nenhum tratamento eficaz conhecido para a raiva, embora a doença possa ser prevenida de forma muito eficaz após exposições reconhecidas usando a profilaxia anti-rábica pós-exposição. A abordagem terapêutica é baseada nas medidas de suporte clínico, como correção dos distúrbios hidroeletrolíticos, arritmias cardíacas, hipotensão arterial sistêmica, edema cerebral e de intervenção em outras complicações de origem infecciosa que porventura surjam.

A profilaxia pós-exposição visa impedir que o vírus rábico alcance as terminações nervosas adjacentes à solução de continuidade, através da estimulação da resposta imunológica do enfermo e da eliminação das partículas virais da lesão.

O esquema profilático de pós-exposição é composto por condutas que vão desde exaustiva limpeza do ferimento com água e sabão, fazendo-se, ato contínuo, a antissepsia com álcool iodado, povidine ou clorexidina, até o tratamento completo com soro e vacina anti-rábica.

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