O Brasil registrou 4.507 casos confirmados de sarampo em 19 estados, nos últimos 90 dias, de acordo com balanço divulgado pelo Ministério da Saúde. O número representa um aumento de 13% em relação ao último monitoramento. Os dados referem-se ao período de 30 de junho a 21 de setembro e representam 84,3% do total de casos registrados em 20191.
Lançada no início do mês de outubro, a Campanha Nacional de Vacinação contra o Sarampo prioriza dois grupos, crianças de 6 meses a menores de 5 anos, já o segundo grupo, que ocorreu em 18 de novembro de 2019, foi direcionada para adultos entre 20 e 29 anos que ainda não haviam atualizado a caderneta de vacinação2.

A meta é vacinar 2,6 milhões de crianças na faixa prioritária e 13,6 milhões de adultos. Para viabilizar a ação, o Ministério da Saúde garantiu a maior compra de vacinas contra o sarampo dos últimos 10 anos. Ao todo, 60,2 milhões de doses da tríplice viral foram adquiridas para garantir o combate à doença nos municípios2.
Os profissionais que atuam na Atenção Básica, necessitam está alertos para identificar sinais e sintomas para que o manejo clínico da população seja eficaz.
Aspectos e Manifestações Clínicas
O sarampo é causado por um vírus altamente contagioso, pertencente ao gênero Morbillivirus, família Paramyxoviridae. As pessoas sem imunidade que compartilham espaços com pessoas contaminadas contraem a doença. O sarampo é transmitido através do contato com gotículas do nariz, da boca ou da garganta da pessoa infectada, quando ela tosse, espirra e respira. A evolução apresenta três períodos bem definidos:
– Período prodrômico ou catarral: Tem duração de 6 dias: no início da doença, surge febre, acompanhada de tosse produtiva, corrimento seromucoso do nariz, conjuntivite e fotofobia. Nas últimas 24 horas deste período, surge, na altura dos pré-molares, o sinal de Koplik – pequenas manchas brancas com halo eritematoso, consideradas sinal patognomônico do Sarampo.
– Período exantemático: Ocorre acentuação de todos os sintomas anteriormente descritos, com prostração importante do paciente e surgimento do exantema característico: maculopapular, de cor avermelhada, com distribuição em sentido céfalo-caudal, que surge na região retro-articular e face. De 2 a 3 dias depois, estende-se ao tronco e às extremidades, persistindo por 5 – 6 dias.
– Período de convalescença ou de descamação furfurácea: As manchas tornam-se escurecidas e surge descamação fina, lembrando farinha3.
Tratamento
Não há medicação antiviral específica disponível para o sarampo. O tratamento consiste em terapia de suporte para prevenir a desidratação e, em alguns casos, para tratar deficiências nutricionais, bem como detecção precoce e tratamento de infecções bacterianas secundárias, como otite e pneumonia. Altas doses de vitamina A mostraram diminuir a mortalidade e o risco de complicações em crianças hospitalizadas por sarampo, nos países em desenvolvimento os níveis tendem a ser menores entre aqueles com doença mais grave
A Academia Americana de Pediatria (American Academy of Pediatrics – AAP)4 recomenda a administração de vitamina A para todas as crianças com sarampo grave (requerendo hospitalização), com o uso das seguintes doses específicas:
- Crianças de 12 meses de idade ou mais: 200.000 UI;
- Crianças de 6 a 11 meses de idade: 100.000 UI;
- Crianças com menos de 6 meses de idade: 50.000 UI.
Uma dose específica para a idade deve ser administrada duas a quatro semanas depois a crianças que apresentem sinais e sintomas clínicos de deficiência de vitamina A. Ademais, a terapia com vitamina A deve ser administrada a crianças com sarampo com pelo menos uma das seguintes características:
- Imunossupressão;
- Evidência clínica de deficiência de vitamina A;
- Imigração recente de áreas com alta mortalidade por sarampo.
Prevenção
A vacinação é a única forma de prevenção. De acordo com a nota técnica conjunta emitida pela SBP, SBIm e SBI, na rede pública são utilizadas vacinas tríplices MMR – sarampo (measles), caxumba (mumps) e rubéola (rubella). Para crianças com menos de cinco anos de idade, também está disponível a vacina tetra viral4.
Já na rede privada, estão disponíveis as vacinas tríplices e tetravirais. Pacientes com histórico confirmado da doença não precisam se vacinar. Em caso de dúvidas, a vacinação está recomendada. Só serão considerados vacinados aqueles que tiverem o registro da vacinação. Caso contrário, é recomendada a aplicação de uma ou duas doses, de acordo com situação vacinal conferida.
A nota relata em quais situações a vacinação deve ser rotineira:
- Crianças: duas doses aos 12 e 15 meses de idade, podendo ser realizada com as vacinas tríplice viral e tetraviral;
- Crianças, adolescentes e adultos que não receberam essas doses na infância e que não tiveram sarampo, devem ser vacinados a qualquer momento: duas doses com intervalo mínimo de 30 dias entre elas. A vacina tetra viral pode ser utilizada naqueles suscetíveis à varicela com idade até 12 anos. O Ministério da Saúde disponibiliza duas doses da vacina para todos com até 29 anos de idade e dose única para aqueles 30 a 49 anos.