Psiquiatria

Síndrome de Munchausen: o que é e como identificar?

Síndrome de Munchausen: o que é e como identificar?

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Você já conhece a Síndrome de Munchausen e como identificá-la? Bons estudos!

A paciente de Munchausen , também conhecida como Transtorno Factício Autoimposto é uma psicopatologia que, identificada com brevidade, pode evitar eventos dramáticos ao paciente.

O que é a Síndrome de Munchausen?

A Síndrome de Munchausen tem esse nome devido ao Barão de Munchaüsen, senhor alemão do século XVIII. Ele era conhecido por suas histórias sobre guerras e feitos heroicos, todas muito fantásticas e consideradas inventadas por quem as ouvia.

Assim sendo, a doença que recebe esse nome é uma patologia psiquiátrica em que o individuo simula compulsivamente uma doença ou lesão a si mesmo.

Diferente do que pode parecer, a pessoa com Munchausen tem esse comportamento mesmo que na ausência de recompensas evidentes, como moradia ou ganho financeiro.

Assim, sua principal motivação é receber a atenção e simpatia das pessoas ao seu redor, o que é favorecido em ambientes de internação hospitalar. Outros benefícios incluídos ao forjar eventos de doença é o aumento do senso de importância e pertencimento, preocupação e aceitação por outras pessoas.

Para isso, pessoas com o transtorno investigam uma doença que possa comover as pessoas ao seu redor, e simula os sintomas e comportamentos comuns à ela.

Como resultado disso, é comum que essas pessoas frequentem hospitais em busca de tratamento, sendo até mesmo submetidas a procedimentos médicos devido aos sintomas.

Epidemiologia da Síndrome de Munchausen

É difícil estimar a prevalência da Síndrome de Munchausen. Isso se justifica pela negação da doença por parte do paciente. Dessa forma, é possível que a prevalência da doença seja ainda superior ao que se conhece atualmente.

Embora haja essa lacuna de informações, o transtorno é sabidamente mais comum em:

  • Mulheres;
  • Pessoas solteiras;
  • Profissionais de saúde, devido ao conhecimento acima da média que desse grupo sobre doenças;
  • Psicopatologia pregressa;
  • Histórico de conflito familiar, como abuso e divórcio.

Ainda, é comum que o aparecimento dos sintomas da síndrome de Munchausen sejam concomitantes aos do transtorno de personalidade Borderline.

Como a doença é desenvolvida?

Apesar de informações acerca da Síndrome de Munchausen serem razoavelmente conhecidas, ainda não existem respostas concretas quanto à sua patogênese.

Mesmo assim, segundo relatos empíricos de atendimento psiquiátricos, essa psicopatologia se associa à fatores psicossociais e em exames de imagem. Através deles, pôde ser percebido comprometimentos neurocognitivos, sendo um ponto de partida para o seu melhor entendimento no futuro.

Os fatores psicossociais que se associam à essa doença revelam um componente de “abandono” muito evidente. Dessa forma, eventos como perdas precoces por morte, doença ou interrupção de laços afetivos parecem estar ligados ao quadro.

Quanto à questões neurológicas topográficas, alguns relatos demonstram que pessoas com Munchausen possuem um comprometimento no hemisfério direito cerebral. Esse seria um fator coerente com observaçés de prejuízo na organização e gerenciamento de informações complexas, bem como seu julgamento.

Além disso, alguns exames de neuroimagem, embora não determinantes, revelaram lesões na substância branca bilateralmente. Outro achado foi de atrofia cortical frontotemporal vistas por tomografia computadorizada.

Comportamento do indivíduo com a Síndrome de Munchausen

Os pacientes com a o transtorno factício autoimposto pode apresentar comportamentos que simulem doenças médicas ou psiquiátricas.

Assim, eles são capazes de simular qualquer doença geral, tendo comportamentos enganosos e convincentes. Dentre os sintomas falsificados mais comuns, estão:

  • Dor abdominal;
  • Diarreia;
  • Convulsões;
  • Fraqueza;
  • Feridas na pele que não cicatrizam;
  • Coagulopatia;
  • Hipoglicemia.

Dentre os sintomas psiquiátricos, a depressão, psicose e ideação ou comportamento suicida são os mais observados. Por esse motivo, os comportamentos fictícios podem levar a morbidade e mortalidade significativas.

Como os sintomas são forjados pelos pacientes?

Para que as pessoas ao redor possam crer que os sintomas representados são reais, uma série de comportamentos os acompanham.

Por isso, é comum que o indivíduo exagere os sintomas ou fabrique um histórico médico coerente com seu comportamento.

Outra maneira de fazer isso é agravar uma doença já existente. Como exemplo, desencadear convulsões por não tomar a medicação prescrita. Outro comportamento comum é a manipulação de amostras laboratoriais, como contaminá-las propositalmente.

Como os sintomas representados não batem com exames de imagem ou laboratoriais. Ainda, o paciente provoca o medo do clínico de perder um diagnóstico de doença rara, ou ainda resolver um mistério.

A fim de manter a atenção voltada para si, explorar o fascínio do médico é uma abordagem comum.

Como desconfiar da Síndrome de Munchausen?

O paciente que tem Munchausen se torna muito presente entre a equipe médica que o acompanha. Esse fato sugere um ponto que colabora para a suspeita da doença: alta taxa do uso de serviços de saúde.

Outros fatos que orientam na desconfiança da síndrome é a evasividade no fornecimento de história. Isso significa que, por mais que o paciente se esforce, é comum que não consiga ser preciso na sua descrição.

Ainda sob essa perspectiva, os sintomas acabam sendo incomuns ou não corresponde a um diagnóstico conhecido pela equipe. Ainda por isso, possui vontade de se submeter a procedimentos e exames médicos.

Além disso, por medo de ser descoberto, o paciente se esquiva de consultas psiquiátricas. E. embora um quadro dramático, pode apresentar muito mais conforto com os sintomas do que o esperado.

Por fim, o fato mais alarmante é que não há melhora alguma diante do tratamento.

Como tratar a Síndrome de Munchausen?

Ao suspeitar da Síndrome de Munchausen, algumas estratégias devem ser tomadas na condução do caso.

É recomendado que um médico supervisione o gerenciamento do paciente, com consultas a cada 8 semanas. Além disso, a psiquiatria deve ser consultada de perto.

Além disso, é importante que a equipe clínica do paciente seja informada sobre o diagnóstico e o plano de tratamento. Com isso, é possível que todo o grupo possa ter atenção devida, considerando o risco de autolesão.

A fim de evitar agravar condições de saúde reais, é importante que toda conduta seja tomada a partir de dados objetivos. Para isso, deve-se monitorar o paciente.

Síndrome de Munchausen por procuração (SMPP): relação mãe e filho

A síndrome de Munchausen por procuração é considerado um tipo de abuso infantil. Nela, em geral a mãe, simula sinais e sintomas na criança.

Doenças fictícias e abuso infantil: a brutal Síndrome de Münchausen
Claudine Blancharde (Dee Dee) e Gypsy Rose, caso emblemático de Sindrome de Munchausen por procuração.

Na Síndrome de Munchausen por procuração, a mãe apresenta um comportamento afetuoso e cuidadoso com o(a) filho(a) hospitalizado. Devido a isso, permanece quase todo tempo ao seu lado, disponível.

Por outro lado, sua preocupação com o filho não parece proporcional à gravidade aparente. O quadro da criança geralmente é confuso, e inconsistente com possíveis diagnósticos.

O caso mais emblemático de Síndrome de Munchausen por Procuração foi o de Claudine Blanchard (Dee Dee) e Gypsy Rose. Nele, Dee Dee manteve Gypsy – sua filha -, em uma cadeira de rodas durante toda a vida, alegando doenças como leucemia e distrofia muscular.

Ao longo dos anos, Gypsy foi submetida a diversos procedimentos cirúrgicos em todo o corpo, acreditando estar doente.

É importante considerar que, em muitos casos, a SMPP culmina na morte da criança. Isso se deve por diversos motivos, como superdosagem medicamentosa ou os riscos de procedimentos cirúrgicos.

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Perguntas frequentes

  1. Qual é a principal motivação dos pacientes com a síndrome de Munchausen?
    Os pacientes com essa condição buscam acolhimento, cuidados e atenção de quem os cerca.
  2. A síndrome é muito comum dentre a população?
    Embora de a literatura não considerar a SM comum entre a população, é estimado que ela seja mais frequente do que pode-se imaginar. Isso se deve aos poucos relatos sobre os casos, tanto por parte do paciente quanto da família.
  3. Quais são as medidas a serem tomadas com o paciente?
    Ao se suspeitar da SM, a equipe deve ser notificada. A partir disso, deve haver um rigor na presença a consultas médicas, a cada 8 semanas. Outra medida é o acompanhamento de um psiquiatra.

Referências

  1. Factitious disorder imposed on self (Munchausen syndrome). Michael R Irwin, MD. UpToDate
  2. Síndrome de Munchausen por Procuração: quando a mãe adoece o filho. Ana Carolina Fernandes Ferrão.