Índice
- 1 O que é um lipoma?
- 2 Como os lipomas são classificados?
- 3 Etiologia e fisiopatologia do lipoma
- 4 Sinais do lipoma e como fazer o diagnóstico
- 5 Diagnóstico diferencial
- 6 Como é feito o tratamento do lipomas?
- 7 Quando o lipoma pode reincidir?
- 8 Referência bibliográfica
- 9 Doenças dermatológicas: sugestão de leitura complementar
Lipoma: tudo o que você precisa saber para sua prática clínica!
O lipoma é uma das queixas de pele mais comuns nos consultórios dermatológicos. Estima-se que esse problema está presente em cerca de 1% da população geral e tem pico de incidência entre os 40-60 anos de idade.
No geral, os lipomas são formados e localizados no tecido subcutâneo. Contudo, é possível que também haja o acometimento de tecidos mais profundos como nos músculos, nervos, cavidade abdominal e órgãos internos.
O que é um lipoma?
O lipoma é caracterizado como uma tumoração benigna que é formada por tecido adiposo comumente localizado no tecido subcutâneo. É comum que os lipomas tenham um crescimento lento e não causem muitas complicações. Além disso, é raro que esses tumores benignos se transformem em tumores malignos.
Nesses casos, os adipócitos se acumulam dentro de uma cápsula fibrosa. OS locais mais comuns são:
- Tronco
- Ombros
- Região posterior do pescoço
- Axilas
Como os lipomas são classificados?
Histopatologicamente, é possível classificar os lipomas, o que facilita o seu tratamento. Eles podem ser:
- Subcutâneo superficial: é o tipo mais comuns, geralmente localizado no tecido subcutâneo
- Angiolipoma: há presença de proliferação capilar no interior do lipoma. Acometem preferencialmente as mulheres e localizam-se principalmente na coluna torácica
- Pleomórfico: nesse tipo de lipoma há células fusiformes e presença de pleomorfismo nuclear
- Hibernoma: é caracterizado por adipócitos maduros entremeados por uma pequena quantidade de células com morfologia similar às do tecido marrom
- Célula fusiforme: substituição de gordura por células formadoras de colágeno. É uma variante extremamente rara do lipoma comum.
Etiologia e fisiopatologia do lipoma
Na literatura, a maioria dos estudos sugerem que o lipoma tem etiologia desconhecida. Contudo, alguns fatores genéticos podem estar envolvidos na formação desses tumores benignos. Pode ocorrer:
- Defeito do gene de fusão HMGA2-LPP no cromossoma
- Síndromes genéticas
- Lipomatose múltipla familiar
- Adipose dolorosa
- Neurofibromatose
- Neoplasia endócrina múltipla
- Síndrome de Gardner
Essas alterações genéticas em células adiposas faz com que haja a proliferação celular. Com isso, há formação de tumoração repleta de adipócitos maduros preenchidos por gordura. Na fotomicrografia abaixo é de um lipoma convencional, que mostra adipócitos maduros com pouca vascularização:
Sinais do lipoma e como fazer o diagnóstico
O lipoma se apresenta como uma massa mole e móvel com 2–3 cm, podendo chegar a ser >10 cm. No geral, esse cisto é solitário, indolor e não causam alterações na pele do local.
Quando essas alterações ocorrem em locais como retroperitoneu, cavidades corporais podem ocorrer efeitos de compressão em órgãos adjacentes.
O diagnóstico do lipoma subcutâneo típico é realizado de maneira clínica. Nos casos de lipoma grande (> 5 cm), de forma irregular e com sintomas de envolvimento miofascial, é necessário solicitar exames de imagem como:
- Ultrassom
- Tomografia computadorizada (TC)
- Ressonância magnética (RNM)
Em casos de suspeita de doença maligna é possível solicitar biópsia com agulha grossa (para lesões profundas/retroperitoneais).
Diagnóstico diferencial
Durante o diagnóstico é necessário que o médico esteja atento a possíveis diagnósticos diferenciais. Entre os principais diagnósticos diferenciais do lipoma é possível citar:
- Cisto de inclusão epidérmica
- Hematoma
- Vasculite
- Paniculite
- Nódulos reumáticos
- Câncer metastático
- Infecções
Como é feito o tratamento do lipomas?
No geral, quando os pacientes são assintomáticos com quadro de lipoma não há necessidade de tratamento. Nesses casos, o médico deve apenas orientar sobre a evolução da massa tumoral.
O tratamento para lipomas subcutâneos é indicado quando há incômodo estético, dor no local e aumento de tamanho. Nos casos citados, é possível realizar 3 opções de tratamento:
- Excisão
- Liposucção
- Lipólise
Excisão
Esse tipo de abordagem é indicado para casos em que o paciente sente dor ou se há incômodo estético. Essa abordagem poderá ser realizada no consultório médico, com anestesia local.
O profissional deverá realizar uma incisão (habitualmente utilizando lâmina 11) sobre a massa tumoral, seguindo as linhas de Langer. Assim, disseca-se a massa tumoral, e realiza-se a sua enucleação, que é a retirada completa do lipoma.
Em casos de lipomas gastrointestinais, é recomendado realizar a remoção endoscópica se houver algum sintoma obstrutivo.
Liposucção
É uma opção para lipomas pequenos e maiores. Esse tipo de metodologia tem um melhor aspecto estético, contudo há um risco de recorrência do lipoma. Para lipomas pequenos, pode-se utilizar um jelco 16 com seringa e anestesia local. Já no caso de lipomas maiores, é necessária a intervenção em centro cirúrgico com aparelho de lipoaspiração
Lipólise
Nesse método utiliza-se corticosteróides para desencadear a lipólise. É possível que o médico use essa forma de tratamento para lipomas de até 2,5cm.
A resposta para esse tratamento ocorre em 3-4 semanas. Contudo, a recorrência também é comum, já que não é possível a análise histopatológica.
Quando o lipoma pode reincidir?
Apesar do lipoma ter opções de tratamento, é possível que ocorra reincidência desses tumores benignos. Esses fatores podem ocorrer devido a:
- Não houve retirada completa da cápsula fibrosa
- Susceptibilidade do paciente para o desenvolvimento de lipomas
Dessa forma, é necessário que o médico realize o procedimento de forma eficaz, estando sempre atento às necessidades do paciente.

Referência bibliográfica
- Kumar, V., Abbas, A. K., Aster, J.C., (Eds.). Robbins & Cotran Pathologic Basis of Disease (10th ed., p. 1209). Lipoma. Elsevier, Inc.
- Nickloes, T.A. (2020). Lipomas: Background, pathophysiology, etiology. Disponível aqui. Acesso em 18/01/2023.
- Sociedade brasileira de dermatologia. Lipoma. Disponível aqui. Acesso em 18/01/2023.
- Rotunda, A. M., Ablon, G., & Kolodney, M. S. (2005). Lipomas treated with subcutaneous deoxycholate injections. Journal of the American Academy of Dermatology, 53(6), 973–978.