Urologia

Confira quais são os principais erros da urologia

Confira quais são os principais erros da urologia

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Você conhece os erros mais comuns da urologia? A Sanar separou os dez principais para que você evite cometê-los. Acesse e confira.

A medicina é uma área muito grande e possui muitas informações e procedimentos. Dentro de cada especialidades existe ainda mais especificidades que só quem é especialista consegue dominar. Mas, ainda assim, muitos erros são passíveis de serem cometidos.

A melhor forma de evitá-los é conhecê-los a fim de dominá-los. Pensando nisso, separamos 10 erros mais comuns da especilidade urologia. Continue a leitura e fique por dentro.

Principais erros da urologia: tratamentos e diagnósticos

Conheça as principais dúvidas e erros quanto ao diagnóstico e tratamento das principais doenças encontrada na rotina do médico urologista.

1º. Tratamento de Hiperplasia Prostática Benigna

A Hiperplasia Prostática Benigna (HPB) é uma queixa comum entre homens de maior idade. Ela é definida como um aumento no número total de células da próstata, que podem resultar em nódulos prostáticos levando á comprometimentos do trato urinário inferior.

Em relação ao seu tratamento, uma dúvida que sempre surge é:

O Tamanho prostático estimado em USG ou no Toque Retal define a conduta para tratamento de Hiperplasia Prostática Benigna?

A resposta é não! O Tratamento de HPB é definido pelo conjunto de achados de história, exame físico, PSA e exames de imagem. No geral, a modificação do estilo de vida do paciente é suficiente para quadros mais leves, somado à terapia medicamentosa.

Apenas em casos mais graves é que a cirurgia é indicada. Uma forma de ser quantificado, é o uso do Score IPSS. Este leva em consideração o sintoma e as características clínicas do paciente.

O tamanho prostático não tem relação com o grau de sintomas, e é utilizado para definir a modalidade de tratamento cirúrgico (endoscópico VS prostatectomia simples).

Mais informações sobre o tema, acesse nosso texto Quando suspeitar de hiperplasia prostática benigna?

2º. Investigação de Hematúria na Urologia

A hematúria macroscópica é um achado encontrado nos exames de rotina da urologia. A pergunta que se faz sempre é:

Investigação de Hematúria macroscópica deve iniciar com cistoscopia?

NÃO! A causa de hematúria pode ser tanto de origem do trato urinário baixo (uretra, próstata, bexiga) ou alto (rim e ureter). Assim sendo, o exame padrão ouro nessa investigação é a UROTOMOGRAFIA (TC de abdomen e pelve, em fases SEM e COM contraste, com análise arterial, venosa e excretora).

A Hematúria macroscópica, quando recorrente e robusta em pacientes com HPB é uma indicação para tratamento da próstata de forma cirúrgica.

3º. Litíase Uretral

A litíase uretral, ou o cálculo uretral, é uma queixa bem comum na rotina do urologista. A cólica renal é o sintoma mais comum devido à obstrução do trato urinário.

Uma dúvida que surge na avaliação dessa patologia é:

Na avaliação de litíase uretral, a principal informação para contuda é o tamanho e densidade do cálculo?

NÃO! A informação fundamental para início de raciocínio quando se avalia um cálculo ureteral é se existe ou não infecção urinária associada.

Caso positivo, o diagnóstico de pielonefrite obstrutiva impede o tratamento definitivo de litíase, devendo ser realizado drenagem da via urinária (cateter Duplo J ou nefrostomia), antibioticoterapia e suporte. O tratamento do cálculo acontece em 2º plano.

4º. Torção Testicular

A torção testicular é a torção do cordão espermático. Essa é uma emergência urológica, que necessita de avaliação rápida distorção do cordão espermático manualmente e, posterior, tratamento cirúrgico de emergência.

O erro mais comum é achar que o diagnóstico de torção testicular não é ultrassonográfico.

Claro que a clínica é muito importante, porém, o exame padrão ouro, necessário para o diagnóstico, é a ultrassonografia de testículo com e sem doppler. Ela se torna necessária devido ao fato de que as atologias testiculares podem ser bastante parecidas causando, muitas vezes, confusão no diagnóstico levando a complicações evitáveis com uma boa investigação.

O tratamento diligente de torção testicular é fundamental para o prognóstico e a possibilidade de salvamento do orgão. A janela de tratamento ótima é até 6 horas após a apresentação inicial.

Dessa forma, exploração testicular deve ser realizada mesmo na suspeita, não devendo ser postergada para realização de exames complementares, caso isso implique em demora demasiada no tratamento.

5º. Cálculos Coraliformes na Urologia

Os cálculos renais podem se dividir em coraliformes e não coraliformes:

  • Os coraliformes são aqueles que ocupa a pelve renal e estende-se a pelo menos a dois grupos calicinais;
  • Eles são compostos por estruvitas ou por uma mistura de estruvita e carbonato de cálcio.

Um erro comum é achar que a formação de cálculos coraliformes não possui etiologia específica e o seu manejo pode ser feito por qualquer técnica de litotripsia.

A grande maioria dos cálculos coraliformes possui etiologia infecciosa, sendo relacionado à infecção por bactérias produtoras de urease (Proteus,Pseudomonas e Klebsiella). O tratamento padrão ouro é Nefrolitotripsia Percutânea.

Mais informações sobre esse tema, acesse nosso texto Cálculo Coraliforme | Colunistas .

Principais erros da urologia: neoplasias

Conheça os principais erros da urologia relacionado à neoplasias, câncer e tumores.

6º. Tumor de testículo

“O tratamento de tumor de testículo começa com orquiectomia por via escrotal?”

NÃO! A drenagem e disseminação linfática de neoplasia testicular é Retroperitonial, devido a origem embriológica das gônadas.

A incisão escrotal tem possibilidade de alterar essa drenagem, adicionando risco de disseminação inguinal superficial à doença, desnecessariamente. Tratamento cirúrgico padrão é orquiectomia radical por inguinotomia.

7º. Rastreio de Neoplasia Prostática

O rastreio de Neoplasia Prostática não está mais indicado, de acordo com a US Preventive Service Task Force?”

NÃO! O rastreio de câncer de próstata atualmente possui grau de recomendação C, devendo ser discutido com os pacientes os riscos e benefícios do rastreio de forma individualizada.

Para pacientes de alto risco (antecedente familiar de 1o grau, raça negra) a maioria dos guidelines internacionais mantém o rastreio.

8º. Neoplasias renais

Quadro clínico mais comum em neoplasias renais é a tríade: hematúria, dor em flanco e massa abdominal?”

NÃO! Devido a disseminação dos exames de imagem, a maioria das neoplasias renais se apresenta como incidentaloma em pacientes assintomáticos. 

9º. Câncer de Próstata

“Estadiamento de Ca de Próstata é feito com cintilografia óssea e imagem pélvica para avaliação local e linfonodal?”

NÃO! O estadiamento de CA de Próstata depende da estratificação de risco neoplásico. Doença de BAIXO RISCO (Toque retal normal, Gleason 6 ou PSA < 10) não exige outros exames para estadiamento.

Conheça mais sobre o câncer de próstata em nosso texto: Entenda tudo sobre o Câncer de Próstata

10º. Neoplasia de Bexiga

“A reconstrução urinária pós cistectomia radical por neoplasia de bexiga consiste na confecção de neobexiga ileal?”

NÃO! A escolha do tipo de reconstrução após cistectomia radical depende de múltiplos fatores: localização e tamanho do tumor, função renal prévia, capacidade de auto-cateterização e status hemodinâmico do paciente durante o intraoperatório.

Saiba mais sobre o assunto acessando nosso texto: Tumores de bexiga: anatomia, histologia, patologia, manifestações clinicas, diagnostico e tratamento | Colunistas

Sugestão de leitura complementar

Referências

  1. KORKES, F. GOMES, S. A. HEILBERG, I. P. Diagnóstico e Tratamento de Litíase Uretral. J. Bras. Nefrol. n.31, v. 1, p. 55-61, 2009. Disponível em:< https://www.bjnephrology.org/en/article/diagnostico-e-tratamento-de-litiase-ureteral/>. Acesso em: 16 dez. 2022
  2. MCVARY, K. T. Surgical treatment of benign prostatic hyperplasia (BPH). UpToDate, 2021.
  3. MCVARY, K. T. Medical treatment of benign prostatic hyperplasia. UpToDate, 2022.