Medicina da Família e Comunidade

Resultado de FAN positivo: qual conduta adotar?

Resultado de FAN positivo: qual conduta adotar?

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Entenda o qual conduta tomar diante de um resultado de FAN positivo, a interpretação do exame e como orientar o seu paciente. Bons estudos!

O resultado do FAN (fator antinuclear) positivo é uma informação importante na investigação de doenças autoimunes. Sendo assim, é um grande aliado da prática clínica, merecendo ser bem compreendido pelo médico.

O que é o Fator Antinuclear (FAN)?

O fator antinuclear (FAN), ou também chamado de anticorpos antinúcleo (ANA), é um conjunto do que chamamos de autoanticorpos.

Assim, esses anticorpos agem contra as células do próprio corpo do indivíduo, levando às doenças autoimunes. Como existem muitos tipos distintos de fatores antinucleares, é possível relacioná-lo especificamente a uma doença.

O que é o exame FAN?

Apesar de se chamar ator “antinuclear”, atualmente a nomenclatura mais adequada para o exame é “pesquisa de anticorpos contra antígenos celulares”. Isso porque o exame FAN detecta a presença de autoanticorpos direcionados contra os componentes celulares.

Além disso, o teste não é capaz de fazer um diagnóstico isolado de qualquer doença. Por isso é importante que o médico relacione os resultados do exame com os sinais e sintomas clínicos do paciente.

O teste FAN é capaz de fornecer 3 informações importantes:

  • Presença ou ausência de auto-anticorpo;
  • Concentração do auto-anticorpo no soro (título);
  • Padrão de fluorescência.

Quando o FAN deve ser solicitado?

O FAN, diferente do que muitos pensam, não se trata de um exame de rastreio especificamente para doenças reaumatológicas. Por outro lado, é um teste importante, voltado para os pacientes que possuem suspeita clínica de qualquer doença autoimune.

Por esse motivo, o FAN deve ser solicitado quando existe, de fato, uma suspeita clínica por parte do médico de que existe uma doença autoimune. Nesse sentido, não é indicado que o exame seja solicitado na ausência de sintomas.

A importância dos sintomas para a suspeita clínica se dá pela possibilidade de resultados falsos positivos. Como consequência, isso pode confundir a cabeça do médico e comprometer o diagnóstico de outras condições.

Quando suspeitar da doença autoimune?

A suspeita de uma doença autoimune surge, em geral, na presença de sintomas que demoram de desaparecer.

Por isso, é comum que as especialidades sejam os que desconfiem e solicitem a análise mais específica da possível doença.

Os sintomas que costumam chamar atenção incluem inchaços, dores nas articulações, febre, cansaço ou manchas vermelhas.

Doenças suspeitas: quais delas podem ser apontadas pelo FAN positivo?

Há uma gama imensa de doenças autoimunes conhecidas até então pela ciência. Por isso, o diagnóstico definitivo raramente é feito por meio de apenas 1 exame, apenas.

Assim sendo, as doenças que podem ser levantadas como suspeita pelo exame são:

Tanto as artrites quanto o lúpus mencionados têm como principal característica á inflamação das articulações. Quanto à hepatite, os anticorpos são causadores de um processo inflamatório no fígado.

É importante ter conhecimento desse grupo de doenças, a fim de que a suspeita clínica preceda o pedido de exame, como deve ser. Outras doenças que podem ser suspeitadas pelo FAN são o vitiligo, a psoríase e esclerose múltipla.

Como o FAN é realizado?

Não é necessária nenhuma preparação para que o teste FAN seja realizado. Além disso, também não são necessários materiais especiais, ou um treinamento específico para o exame.

Ele consiste na coleta de uma quantidade suficiente de sangue, assim como um hemograma rotineiro. É muito comum que o teste seja feito diretamente nos hospitais, mais do que em laboratórios.

Além disso, não há especificações quanto ao perfil do paciente. Apesar disso, diferente do que ocorre em todas as outras idades, os bebês realizam a coleta em pé.

Como é feito o padrão de coloração do FAN?

O exame FAN utiliza uma técnica de imunofluorescência indireta com células HEp-2, célula humana de linhagem epitelial. Ou seja, o teste se baseia no reconhecimento de antígenos nucleares, nucleolares, citoplasmáticos presentes no soro do paciente. É através desse método que é possível a visualização das estruturas e as fases do ciclo celular.

Ao ser coletada a amostra, é adicionado à ela um corante fluorescente. Além dele, há também a marcação com os anticorpos FAN.

Como são apresentados os resultados do FAN?

Antes de discorrer sobre como os resultados são apresentados, é importante entender o seguinte: um resultado negativo nem sempre afasta uma doença autoimune. Por isso, a depender dos sintomas clínicos do paciente, o médico pode solicitar outros exames para investigação.

Os resultados do FAN são apresentados de maneira segmentada, em duas partes:

  • Título dos anticorpos;
  • Padrão de coloração produzido.

Quanto ao título dos anticorpos, tem-se que os pacientes podem apresentar títulos, sendo negativo ou não reagente. Nesse caso, os valores apresentados costumam ser 1/40, 1/80 ou 1/160.

Por outro lado, quando o resultado é positivo ou reagente os valores são de 1/320, 1/640 ou 1/1280.

Quanto ao padrão de coloração, ou fluorescência, constitui-se a informação de maior relevância clínica na interpretação do exame. Isso por que é através de um certo padrão morfológico que as especificidades de auto-anticorpos residem.

fan
Figura 1: Condiçoes associadas ao FAN. Fonte no tópico “Referências”.

FAN positivo: como conduzir?

Não é incomum que pacientes sem qualquer doença autoimune tenha como resultado do exame um FAN positivo.

É importante que, após o resultado positivo ser confirmado, outros exames de anticorpos sejam solicitados, a fim de descobrir qual é a doença exatamente.

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Perguntas frequentes

  1. O que é o FAN?
    FAN é o conjunto de autoanticorpos pesquisados na investigação de doenças autoimunes.
  2. Quando o FAN deve ser solicitado?
    O exame ou teste FAN deve ser solicitado quando houverem suspeitas clínicas de uma doença autoimune. Ou seja, ao identificar possíveis sintomas que sugiram uma doença autoimune, o FAN deve ser solicitado.
  3. Como o exame é coletado?
    O exame é avaliado pela coleta e avaliação de sangue, assim como outros exames de laboratório. Não é necessária preparação ou material especial.

Referências

  1. O TESTE DO FATOR ANTINÚCLEO (FAN) NA PRÁTICA CLÍNICA: QUANDO
    SOLICITAR E COMO INTERPRETAR. João Pedro Locatelli Cezar.
  2. LABORATÓRIO HERMES PARDINI. Importância do título na interpretação dos resultados do FAN HEp-2. 2012. Disponível em:.
  3. Figura 3.
  4. O fator antinúcleo para além do bem e do mal. Luís Eduardo Coelho Andrade.