Urgência e Emergência

Oxigenoterapia: Manual dos Dispositivos de Oxigenação

Oxigenoterapia: Manual dos Dispositivos de Oxigenação

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O que você precisa saber sobre oxigenoterapia: quais os tipos de dispositivos, quando usar cada um deles e mais! Acesse e confira agora!

Dispneia é um dos sinais e sintomas mais comuns na emergência! Muitos pacientes que dão entrada com desconforto respiratório precisa de oxigenoterapia através algum dispositivo de oxigenação.

Logo, o manejo adequado da via aérea é uma das competências básicas de um médico, e tem como objetivo promover uma boa ventilação e oxigenação pro paciente.

Conceitos

Antes de abordar o manejo da oxigenoterapia de fato, é necessário ter alguns conceitos consolidados:

  • Ventilação: entrada e saída de ar entre as unidades funcionais dos pulmões, alvéolos, e o meio externo.
  • Oxigenação: participação do oxigênio molecular no processo de obtenção de oxigênio. Este conceito se relaciona, dentre outros fatores com a saturação de oxigênio.
  • Saturação de Oxigênio (SatO2): porcentagem de hemoglobina que está ligada a moléculas de oxigênio.
  • Fração inspirada de O2 (FiO2): porcentagem de oxigênio no ar inspirado. Em ar ambiente, ao nível do mar, temos uma FiO2 de 21%.

Didaticamente, dividimos a oxigenoterapia entre os dispositivos entre os de oxigenação, utilizados para aumentar a FiO2 em pacientes em ventilação espontânea; e os de ventilação, para aqueles em que a ventilação está ausente ou insuficiente.

Dispositivos de oxigenação

Nos pacientes que possuem ventilação espontânea, a definição por qual dispositivo usar não obedece a uma regra. Itens do exame clínico, físico e complementares podem ajudar na escolha.

Sabemos que a dispneia é uma queixa subjetiva, sendo importante para o médico quantificar a relevância e gravidade da possível insuficiência respiratória. Para tanto, deve avaliar:

  • O padrão respiratório;
  • Uso de musculatura acessória;
  • Dados de monitorização (saturação de oxigênio);
  • Gasometria arterial.

A escolha dos dispositivos de vias aéreas dependerá do julgamento do médico diante dos parâmetros citados. Dentre os dispositivos de oxigenação, podemos citar:

  • Máscara de oxigênio simples;
  • Máscara de venturi;
  • Catéter nasal;
  • Máscara não-reinalante.

Cateter/Cânula nasal

A cânula nasal é o dispositivo mais utilizado, tanto pela disponibilidade quanto pela facilidade do uso. Ela é um dispositivo simples, de baixo fluxo, suportando um fluxo de até 6 L/min, fornecendo uma FiO2 de, no máximo, 45%. Um aumento maior no fluxo não é transmitido em aumento da FiO2

O que precisa se ter em mente é:

A cada 1 L/min corresponde a um acréscimo de 3-4% na FiO2 do ar ambiente.

Indicação de uso

Sua principal indicação é hipoxemia leve, conseguindo reverter a hipoxemia na maioria dos casos em que se há uma diminuição leve da SatO2 (92-94%).

Sua principal desvantagem é que o uso prolongado ou aplicação de fluxos altos podem levar a ressacamento da mucosa nasal ou até lesões na mucosa.

cateter nasal
Catéter nasal

Máscara simples

A máscara simples pode aumentar a FiO2 até 60%, ela deve ser usada com um fluxo mínimo de 5 L/min para prevenir retenção de dióxido de carbono (CO2).

Tem uma vantagem de ser mais acessível e leve (podendo ser utilizada até em casa, porém não tem garantia de selamento, além de precisar ser removido se o paciente precisar falar ou se alimentar.

máscara simples
Máscara de oxigênio simples

Máscara de Venturi

A Máscara de Venturi possui um sistema de válvulas que possibilita um controle exato da FiO2 a ser fornecida ao paciente.

Cada válvula tem uma cor e na válvula tem escrito tanto o fluxo quanto a FiO2 ofertado por ele, que varia de de 24 a 50%.

Indicação de uso

Seu benefício está em situações em que se busque um desmame da oferta de oxigênio ou nas quais uma oferta exagerada e/ou descontrolada pode ser prejudicial, como em pacientes com DPOC.

Também é muito usado em crianças e em paciente em desmame de oxigenoterapia

máscara de venturi
Máscara de Venturi

Máscara não reinalante

A máscara não-reinalante destaca-se pelo reservatório de oxigênio e por um sistema de válvulas expiratória e inspiratória.

Elas conferem a capacidade de fornecer uma fração inspirada de oxigênio de até 100% (fluxo de 12-15 L/min), sendo amplamente utilizada em setores de emergência e UTI.

Indicação de uso

A máscara não-reinalante é indicada nas seguintes siguaçãoes:

  • É utilizada principalmente do trauma (quando a intubação não está indicada);
  • Em situação de emergência clínica em que há uma hipoxemia moderada-grave que não conseguiu ser revertida com cânula e que ainda não há uma indicação de intubação ou ventilação-não-invasiva.

Sua utilização prolongada pode ser desconfortável devido ao peso do equipamento e a vedação necessária.

máscara não reinalante

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Considerações finais sobre Oxigenoterapia

Em suma, os dispositivos de oxigenação são os recursos mais acessíveis e de fácil manejo para oxigenoterapia nos ambientes de emergência.

Reconhecer a insuficiência respiratória do paciente e ofertar O2  de forma adequada é um dos pré-requisitos do médico plantonista.

Além desses dispositivos, existem os dispositivos de ventilação, dentre outros dispositivos de manejo de via aérea, como a máscara laríngea e o combitube. Mas esses ficam para outros posts, tranquilo?

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Quadro de resumo

DISPOSITIVOFiO2FLUXOCONSIDERAÇÕES
Cânula nasalAté 45%Até 6L/minA cada 1L soma 3-4% na FiO2. Valores de fluxo altos causam desconforto.
Máscara simplesAté 60%Mínimo de 5 L/minNão é tanto utilizada na prática.
Máscara deVenturi24-50%2 até 15 L/minÚtil em pacientes com DPOC e em desmame de oxigenação
Máscara-nao-reinalanteAté 100%Até 15 L/minPacientes em dispneia moderada a grave que não tem indicação de VNI e VM

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