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Resumo de doença de Parkinson | Ligas

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Definição e epidemiologia

A doença de Parkinson é a segunda doença neurodegenerativa mais comum, perdendo apenas para a doença de Alzheimer, e é uma sinucleinopatia, marcada pelo acúmulo de proteína alfassinucleína. Essa doença é caracterizada pela ocorrência de alterações motoras, como rigidez e bradicinesia, e não motoras, como disfunções cognitivas e autonômicas.

Estima-se que, em 2016, a doença de Parkinson estava presente em cerca de 6,1 milhões de pessoas em todo o mundo, em que 52,5% desses indivíduos eram do sexo masculino. Nesse contexto, em comparação aos números do ano de 1990, pôde-se perceber um aumento de cerca de 2,4 vezes da quantidade de pessoas com doença de Parkinson, acometendo, com maior frequência, indivíduos do sexo masculino e acima de 50 anos de idade.

Fisiopatologia e etiopatogenia

A doença de Parkinson está associada à morte de neurônios dopaminérgicos presentes na região compacta da substância negra, ocorrendo uma diminuição da quantidade de dopamina. Tal fato compromete os movimentos realizados pelo indivíduo acometido, uma vez que ocorrem alterações nos circuitos dos núcleos da base, mais especificamente na via nigroestrial. Nesse contexto, essas modificações fisiopatológicas estão relacionadas aos sintomas motores observados nessa doença.

Além disso, na doença de Parkinson, pode-se observar um acúmulo de proteína alfassinucleína no tecido neuronal, caracterizando o surgimento de corpos de Lewi. Tais componentes se espalham de forma lenta e progressiva, causando danos e morte neuronais e, consequentemente, ocasionando a perda de neurônios dopaminérgicos, fato que promove alterações no movimento. 

Acredita-se que alguns fatores estão relacionados à ocorrência de doença de Parkinson, como predisposição genética, contato com neurotoxinas ambientais, estresse oxidativo, anormalidades mitocondriais e excitotoxicidade.

Quadro clínico da doença de Parkinson

Os sinais cardinais da doença de Parkinson são o tremor de repouso, a bradicinesia, a rigidez e a instabilidade postural.

 O tremor de repouso, como o próprio nome já sugere, é mais evidente em momentos de inatividade, apresentando um padrão típico de “rolar pílulas” quando afeta as mãos. Tal sinal cardinal é o menos incapacitante, se comparado aos outros sinais, uma vez que costuma ser amenizado com a movimentação. Além disso, torna-se mais evidente em momentos de ansiedade, excitação emocional e estresse.

A bradicinesia é caracterizada pela diminuição da velocidade e da amplitude dos movimentos. Tal sinal cardinal é marcante na doença de Parkinson, estando presente na maioria dos casos. Esse componente está relacionado a alterações no modo de andar, uma vez que o indivíduo tende a arrastar as pernas, a executar passos mais curtos e a possuir sensação de instabilidade, além disso, pode apresentar festinação e bloqueio de marcha. Outra característica importante é a dificuldade de realizar tarefas simples, como abotoar roupas e amarrar cadarços.

A rigidez é marcada por aumento do tônus muscular e da resistência à movimentação passiva, podendo apresentar-se no padrão de “cano de chumbo”, quando ocorre um resistência tônica suave durante a movimentação passiva, ou no padrão de “roda denteada”, quando ocorre uma sobreposição do tremor e da rigidez. Tal sinal cardinal tem sido motivo de queixas de dureza e dor.

A instabilidade postural está relacionada a uma postura flexionada e ao desequilíbrio, apresentando probabilidade aumentada de ocorrência de quedas e machucados.

Outros sintomas motores são hipomimia, problemas de fala, disfagia, distonia, mioclonia, micrografia, entre outros.

Quanto aos sintomas não motores, é possível citar disfunções cognitivas, psicose e alucinações, ansiedade, depressão, apatia, abulia, distúrbios do sono, fadiga, disfunções autonômicas (por exemplo, hipotensão ortostática, disfunção sexual e urgência urinária), alterações olfatórias e gastrointestinais, dor, distúrbios sensitivos e alterações dermatológicas (como dermatite seborreica).

Diagnóstico da doença de Parkinson

Não há nenhum marcador bioquímico existente capaz de diagnosticar a doença de Parkinson da mesma forma que o diagnóstico clínico. Este é realizado na presença de bradicinesia + tremor de repouso ou rigidez + presença de 2 critérios de suporte + ausência dos critérios de exclusão/ausência de red flags. Sem bradicinesia, não é possível realizar o diagnóstico clínico de DP.

Entre os critérios de suporte, podemos citar:

  • Resposta positiva ao tratamento com drogas dopaminérgicas, especialmente se for uma resposta dramática.
  • Presença de discinesia induzida pela levodopa.
  • Tremor de repouso num membro, que usualmente se instala de forma unilateral, documentada em avaliações prévias.

Por outro lado, entre os critérios de exclusão, há a presença de anormalidades cerebelares, ausência de resposta ao tratamento com a levodopa, apesar da alta dose empregada, e documentação de outra condição que poderia explicar os sintomas. 

Parkinsonismo bilateral desde o início, envolvimento bulbar precoce e ausência de progressão dos sinais e sintomas são alguns dos componentes das red flags.

Os exames de imagem, como a RM, são úteis nas condições que permitem excluir lesões estruturais. 

Tratamento da doença de Parkinson

O tratamento da doença de Parkinson se dá por duas formas: a não medicamentosa e a medicamentosa.

O tratamento não farmacológico envolve a educação do paciente e sua família sobre a condição encontrada, o uso de suporte psicológico, a realização de atividade física, a presença de terapia ocupacional, a execução de práticas de meditação e a promoção de uma nutrição adequada com uma dieta rica em fibras. 

O tratamento farmacológico pode incluir alguns fármacos e tem, como objetivo, reduzir os sintomas e manter a funcionalidade do paciente, proporcionando a ele maior qualidade de vida.

Levodopa, a medicação mais conhecida, é uma precursora da dopamina e pode ser associada a um inibidor da descarboxilase para prevenir a metabolização periférica. Ela age melhorando o tremor e a rigidez. Alguns pacientes, entretanto, podem apresentar uma resposta que envolve flutuações motoras e discinesia. 

Agonistas dopaminérgicos, como o pramipexol, também podem ser usados. Entre seus efeitos colaterais, encontram-se hipotensão postural e náusea, que podem comprometer a terapia.

   A terapia adjuvante pode ser realizada com inibidores da COMT, como o entacapone, inibidores da MAO-B, como a selegilina, e, por fim, a amantadina. 

Mapa mental

Mapa mental da doença de Parkinson - Sanar

Confira o vídeo:

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Autores, revisores e orientadores:

  • Autoras: Ivna Vasconcelos de Oliveira e Débora Fontenele
  • Revisor: Erislan Rodrigues
  • Orientador: Hiroki Shinkai