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A empresa Sinovac Biotech, uma companhia privada chinesa, desenvolveu a vacina de vírus inativado denominada CoronaVac. Além do Brasil, China, Indonésia e Turquia concederam aprovação para uso emergencial da CoronaVac. Vamos descobrir, em detalhes, como a vacina foi produzida.
A vacina chinesa utiliza o próprio SARS-CoV-2
Basicamente, a missão de uma vacina é “ensinar” ao sistema imune como se defender de um agente infeccioso.
A CoronaVac faz isso ao estimular a produção de anticorpos que se ligam na denominada proteína spike, que é uma proteína de superfície, peça chave para entrada do vírus na célula.
Para criar a vacina CoronaVac, os pesquisadores inicialmente coletaram amostras do vírus de pacientes infectados para servir de base para a vacina.
Criando estoques do vírus
Os pesquisadores criaram estoques do SARS-CoV-2, cultivando-os em células renais de macacos. Após, eles adicionaram β-propiolactona, um composto orgânico da família das lactonas.
A β-propiolactona teve o papel de ligar-se aos genes do coronavírus, inativando-os.
Dessa forma, o coronavírus não era mais capaz de replicar-se. Mas as proteínas do SARS-CoV-2, incluindo a proteína spike, permaneceram intactas.
A formulação da vacina
O próximo passo consistiu em misturar os vírus inativados a uma pequena amostra de composto à base de alumínio.
Esta etapa tem por objetivo a adição do chamado adjuvante, um composto cuja finalidade é impulsionar a resposta imune contra a vacina.
Os chineses não inventaram a roda. A primeira vez que uma vacina com vírus inativado foi utilizada foi na década de 50, quando Jonas Salk criou a vacina da poliomielite.
Posteriormente, esta mesma tecnologia foi utilizada para vacinas contra a Hepatite A e antirrábica.
A ativação do sistema imune
Após ser injetada no corpo humano, a CoronaVac não é capaz de causar a COVID-19, já que o vírus encontra-se inativado e, portanto, incapaz de replicar-se.
Porém, uma vez dentro do organismo, o vírus inativado é fagocitado por um tipo especializado de célula do sistema imune, a célula apresentadora de antígenos.
Esta célula desmonta, por assim dizer, o vírus e expõe alguns de seus fragmentos na superfície de sua membrana. E por que isto é tão importante?
Porque permitirá que o linfócito T helper entre em contato com fragmentos do vírus, o que resulta em sua ativação e, por sua vez, recrutamento de outras células do sistema imune para responder contra a vacina.
Próxima etapa: produção de anticorpos
A resposta imune não para por aí, não. Um outro tipo de célula, chamada célula B, ao entrar em contato com o vírus inativado, tem seus anticorpos de superfície encaixados na proteína spike.
Este encaixe permite também à célula B que exponha fragmentos do vírus em sua superfície.
Quando o linfócito T helper ativado encontra-se com a célula, esta também torna-se ativada, resultando- em proliferação dos linfócitos B e de anticorpos que possuem o mesmo encaixe para as proteínas de superfície do vírus.
Pronto, a resposta imune foi belamente orquestrada.
Após vacinação, a resposta à infecção
Uma vez que o indivíduo tenha sido vacinado com a CoronaVac, seu sistema imune estará apto a responder contra a invasão do SARS-CoV-2 vivo.
Os anticorpos produzidos pelos linfócitos B irão se ligar na proteína de superfície do coronavírus, não permitindo que este adentre as células do hospedeiro.
Por quanto tempo a imunidade irá durar?
Uma vez que as vacinas foram criadas recentemente, ainda não é possível afirmar por quanto tempo a proteção por elas conferida irá durar. A probabilidade é que, com o passar de alguns meses, os níveis de anticorpos caiam.
Porém, as células B de memória podem ser capazes de “lembrar” como se defender contra o coronavírus por anos.
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