Confira o passo a passo de como realizar o exame do aparelho respiratório de forma correta. Acesse e fique por dentro do assunto!
Um exame do sistema respiratório normalmente envolve as etapas de inspeção, palpação, percussão e ausculta. Além disso, deve-se realizar sempre uma anamnese focada nas queixas pulmonares e, caso seja necessário, pode-se realizar exames de imagem.
Nesse artigo iremos abordar o que fazer em cada uma dessas etapas e o que podemos encontrar com alterado nelas. Confira!
Marcos e referências básicas
Antes de falarmos sobre o Exame do Aparelho Respiratório, é necessário que você tenha saiba alguns marcos e referências muito claros em sua mente. Justamente por isso, vamos relembrar de maneira breve e objetiva as linhas verticais e horizontais da parede torácica.
Falaremos sobre as principais para guiar o exame físico do tórax:
- Linhas verticais: Linhas axilares anterior, média e posterior e linha escapular;
- As horizontais consistem basicamente nos espaços intercostais.
Linhas Axilares, Escapular e Horizontal
A linha axilar anterior se origina da prega anterior da axila, enquanto a linha axilar posterior se origina da prega homônima. Equidistante dessas duas linhas, na face lateral, temos a linha axilar média.
A linha escapular tem origem no ângulo inferior da escápula. Já as linhas horizontais são traçadas de acordo com os espaços intercostais. Pode-se utilizar a técnica de se encontrar o ângulo esternal (de Louis) e dele seguir lateralmente a fim de encontrar o segundo espaço intercostal.
Para contar os espaços intercostais recomenda-se que se afaste do esterno, dado que nessa região as costelas ficam muito próximas, dificultando a localização dos espaços intercostais.
Assim, a semiologia do aparelho respiratório deve se guiar por dados já encontrados em outras etapas do exame físico, como anamnese, sinais vitais, cianose, peles e fâneros etc. Dessa forma, a melhor posição para se avaliar o paciente é com este sentado, dado que serão avaliadas suas regiões anterior e posterior.
Sinais e sintomas do aparelho respiratório
O exame respiratório começa com a anamnese do paciente, como qualquer outro exame. É importante questionar e caracterizar as queixas do paciente.
Em geral, na rotina médica, as principais queixas apresentadas são:
- Dor torácica;
- Dispneia;
- Sibilância;
- Tosse;
- Homoptise;
- Vômica;
- Cornagem.
A caracterização desses sinais e sintomas podem ajudar a direcionar o raciocínio diagnóstico do paciente.
Exame do aparelho respiratório
Antes de tudo, deve-se solicitar que o paciente se sente e que retire sua camiseta, camisa ou qualquer tipo de tecido que dificulte o pleno acesso do examinador ao tórax. Isso é importante, pois dados com ausculta e percussão podem ser alterados caso o exame não seja feito diretamente no tórax.
Por mais que seja parte do exame físico geral, você pode e deve aferir a frequência respiratória do paciente antes mesmo de iniciar o exame, bem como avaliar se há esforço respiratório pelo uso de musculatura acessória.
Lembre-se somente de não avisar o paciente quando for contar a frequência respiratória para evitar vieses. Também podemos observar ruídos audíveis, como sibilos, para os quais não é necessário auscultar o paciente para que a sua existência seja identificada.
Inspeção
O exame do tórax se inicia por meio da inspeção estática. Avalia-se:
- Presença de cicatrizes;
- Lesões;
- Abaulamentos;
- Retrações;
- Assimetrias.
Também é avaliado o tipo de tórax do paciente, processo este eminentemente observacional, e para poder guiar o seu olhar, sugerimos que dê uma olhada nas imagens a seguir.

Imagem: Tipos de Tórax. Fonte: Porto & Porto, Semiologia Médica, 5ª Ed., Guanabara Koogan.

Imagem: Configurações do tórax. Fonte: Porto & Porto, Semiologia Médica, 5ª Ed., Guanabara Koogan.
Por meio da inspeção estática, podemos observar se o paciente utiliza musculatura acessória para respirar, como retração intercostal, de fúrcula esternal e supraclavicular bem como batimento da asa do nariz.
Uma vez realizada a inspeção estática, parte-se para a inspeção dinâmica. Nesta, avalia-se a ventilação do paciente por meio do padrão respiratório, observando de onde vem o esforço ventilatório (se torácico, abdominal ou misto).
O padrão predominante e considerado normal é o torácico, quando o paciente está de pé ou sentado, mas em decúbito dorsal, tende a ser abdominal.
Palpação do aparelho respiratório
Nessa parte do exame do aparelho respiratório iremos procurar identificar pontos dolorosos. É importante palpar o tórax ântero-lateral, latero-lateral e nas articulações costo-condral.
Assim, deve-se verificar a expansibilidade do tórax. Portanto, o examinador deve fazer uma prega sutil em ambos hemitórax na região do terço superior, médio e inferior das costas e pedir ao paciente para inspirar.
Além disso, em casos de fibrose crônica pulmonar, derrame pleural, pneumonia lobar, obstrução brônquica unilateral, é possível perceber uma redução dessa expansibilidade.
A última coisa que deve-se pesquisar é o frêmito tóraco-vocal (FTV). Com as duas mãos nas costas do paciente você irá pedir para que ele fale “33” e deve perceber a vibração. Dessa forma, o FTV vai estar diminuido no penumotórax, derrame pleural, enfisema e DPOC. Vai se encontrar aumentado na consolidade e ausente na atelectasia.
Percussão
A percussão deve ser realizada em todo tórax do paciente, incluindo as laterais onde ainda tem pulmão. Nesse momento vamos observar o som. Ele pode ser:
- Som atimpânico ou claro pulmonar ou pulmonar – Normal;
- Hipersonoridade ou timpanismo – Ex.: pneumotórax, enfisema;
- Macicez – Ex.: câncer de pulmão, atelectasia, derrame pleural.
Ausculta do aparelho respiratório
Pode-se fazer a ausculta com o estetoscópio de 4 a 6 pontos nas costas do paciente. É preciso que seja feita em ambos o lados, de forma comparativa. Além disso, deve-se ausculta a parte da supra escapular, onde podemos encontrar o ápice do pulmão, e, nas laterais.
O som pode estar normal, com murmúrios vesiculáres presentes. Caso não, pode ter a presença de ruídos adventícios, que são sons anormais. Eles podem ser:
- Sibilos;
- Roncos;
- Creptos;
- Bolha.
Pode ter ainda a presença de sons vocais, que são a broncofonia, egofonia e pectorilóquia.
Veja o vídeo abaixo sobre semiologia respiratória!
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Sugestão de leitura complementar
- Diagnósticos diferenciais de dor torácica no pronto-socorro
- Semiologia Respiratória: principais motivos de consulta e exame físico
- Resumo de Semiologia Abdominal: inspeção, palpação, percussão e mais
- Semiologia do sistema respiratório: Resumo com mapa mental | Ligas
- Diagnósticos diferenciais de tosse: indo além da pneumonia
- Ausculta pulmonar com mapa mental | Ligas
Referência bibliográfica
- Manual de Semiologia Médica – Sanar
- Semiologia clínica / editores Mílton de Arruda Martins … [et al.]. – 1. ed. – Santana de Parnaíba [SP]: Manole, 2021.
- Porto, Celmo Celeno. Semiologia médica I. Celmo Celeno Porto ; co-editor Arnaldo Lemos Porto. – 7ed.- Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. il.