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Resumo de Psicopatologia: conceitos básicos e funções

Resumo de Psicopatologia - Sanar

Índice

Confira o resumo que desenvolvemos sobre os principais conceitos e funções mentais da psicopatologia.

A psicopatologia é uma disciplina da psiquiatria, uma área da medicina bastante complexa, tanto em termos de fundamentação científica, como de sustentação normativa.

Esta complexidade se deve ao desafio conceitual, científico e ético colocado para todos os atores envolvidos no campo da saúde mental. 

Além disto é necessário fazer articulações entre as ciências da natureza e as ciências humanas para entender a emergência dos transtornos psíquicos. 

Para entender a psicopatologia, é preciso relembrar conceitos básicos que envolve esse tema. 

Confira abaixo o super resumo que organizamos para você!

Conceitos Básicos Gerais

Para entendermos os conceitos da psicopatologia, é preciso compreender que essa é uma disciplina que reúne conhecimentos do campo da saúde e das humanidades.

Psiquiatria 

A Psiquiatria é uma especialidade médica que estuda os transtornos mentais, suas repercussões psíquicas e biológicas nos indivíduos, com o propósito de estudá-los, classificá-los, tratá-los e preveni-los.

O médico psiquiatra é um especialista que estuda todo o espectro de transtornos, distúrbios e doenças psiquiátricas em sua complexidade.

Psicologia

A Psicologia é um ramo das ciências humanas que estuda de modo sistemático a vida psíquica (normal) e que habitualmente respalda intervenções em casos de desvio de normalidade.

Dentro da psicologia, existe a Psicologia Médica. Esse ramo estuda objetivamente a patogênese e patologia psicossocial das doenças, da causação da doença, da subjetividade do enfermo e da relação médico-paciente norteando a prática médica.  

A abordagem subjetiva na compreensão de saúde faz parte dos estudos da psicologia e suas contribuições filosóficas auxiliam na construção de um vínculo entre esse campo e a psiquiatria.

O que é a Psicopatologia?

A Psicopatologia é o ramo das ciências que trata da natureza essencial da doença mental: as mudanças estruturais e funcionais associadas a ela e às suas formas de manifestação. 

Ela configura-se como um conceito amplo e complexo que envolve diversas áreas do conhecimento que vai desde as disciplinas biológicas e as neurociências, além de saberes da psicanálise, psicologia, sociologia, filosofia, linguística, entre outros.

O objetivo da psicopatologia é compreender os estados psíquicos relacionados ao sofrimento mental. Por isso, conforme Karl Jaspers, a psicopatologia estaria, portanto, na base da psiquiatria.

Esse campo do conhecimento permite uma visão descritiva do comportamento humano, pois aborda a natureza essencial da doença mental – suas causas, mudanças funcionais e estruturais e suas formas de manifestação. 

Funções Mentais

As funções mentais propiciam o conhecimento semiológico da Psiquiatria. Na psicopatologia, as alterações mentais que repercutem na psiquiatria são explicadas a partir da compreensão do que é o normal esperado.

Sendo assim, precisamos identificar quais as funções mentais e suas alterações principais.

Consciência

A Consciência é a função que permite ao ser humano vivenciar, experimentar ou compreender aspectos ou a totalidade de seu mundo interior. 

É a atividade integradora do psiquismo, ou seja, sustenta as demais funções psíquicas ao propiciar o conhecimento do próprio eu e do mundo externo para o indivíduo.

Atenção e Orientação

Esses dois componentes nos permitem avaliar a consciência e, portanto, podem ser considerados como os “operadores”.

A atenção seleciona, dentre os vários estímulos, aquele que será apreendido no momento, atuando como um filtro destas informações para a consciência. 

Alguns conceitos associados comumente a atenção são: vigilância, concentração e seletividade.

Já a orientação é a capacidade de orientar-se com relação a si e ao ambiente, ou seja, é a função que integra a consciência. 

Quando voltada a si mesmo (ou consciência do eu), é chamada de autopsíquica. Quando voltada ao mundo exterior, tempo e espaço, é nomeada como alopsíquica.

Memória

É a capacidade que os seres vivos têm de adquirir, armazenar e evocar informações.

Mesmo que intuitivamente, utilizamos esse importante recurso cognitivo a todo momento e, por isso é uma das funções mentais indispensáveis na formação da identidade pessoal.

Além disso, a memória está relacionada a outras funções igualmente importantes, tais como a função executiva, pensamento e o aprendizado.

As alterações de memória são inúmeras, mas elencamos uma lista das principais. São elas:

  • Afasias
  • Agnosias 
  • Amnésias 
  • Ecminésias 
  • Fabulações 
  • Criptomnésias 
  • Paramnésias (ilusões ou alucinações mnêmicas) 
  • Lembranças obsessivas

Sensação e Percepção

A sensação é um fenômeno passivo gerado por estímulos químicos, físicos e biológicos originados fora do organismo, que produzem alterações em seus órgãos receptores. 

A percepção é o processo de transformação desses estímulos sensoriais em fenômenos perceptivos, é a tomada de consciência dos objetos e fatos exteriores ao indivíduo. 

Chamamos de sensopercepção a união destas duas dimensões.

As alterações da sensopercepção podem ser qualitativas ou quantitativas.

São alterações quantitativas: hiperestesias, hipoestesia, analgesia e parestesia.

São alterações qualitativas: alucinações e ilusões.

Pensamento

É uma operação mental que utiliza os conhecimentos e/ou conceitos adquiridos, combina-os logicamente e produz uma outra nova forma de conhecimento e/ou conceito. 

Todo esse processo começa com a sensação e termina com o raciocínio dialético, onde uma ideia se associa a outra e desta união de ideias nasce uma outra.

O pensamento se forma através de elementos sensoriais, imagens perceptivas e representações. 

Estes elementos formam os conceitos (elemento puramente cognitivo, p.ex.: cadeira), juízos (relações significativas entre os conceitos, p.ex.: cadeira + sua utilidade) e o raciocínio (relação entre juízos, redundando numa conclusão).

O pensamento pode ser avaliado conforme:

  • Seu curso (modo como flui, velocidade, ritmo);
  • Sua forma (arquitetura dos conteúdos);
  • Conteúdo (tema, assunto).

As alterações do pensamento são organizadas conforme o curso, ritmo, forma ou conteúdo. 

  • Do curso e ritmo: inibição do pensamento, perseverarão, prolixidade e incoerência, roubo do pensamento. 
  • Da forma: fuga de ideias e afrouxamento das associações. 
  • Do conteúdo: místico, mágico, com ideias sobrevaloradas, concreto, persecutório, de ruína e culpa, dentre outros.

Uma das alterações do pensamento que adquire uma importância muito grande é a do juízo de realidade

Por meio dos juízos, o ser humano afirma a sua relação com o mundo, discerne a verdade do erro, assegura-se da existência ou não de um objeto perceptível (juízo de existência), assim como distingue uma qualidade de outra (juízo de valor). 

Dentre as alterações do juízo, estão as ideias prevalentes ou sobrevaloradas (ideias errôneas por superestimação afetiva) e os delírios. 

O delírio é um “erro” no ajuizar, que tem origem na doença mental, mas também pode derivar de doenças neurológicas. 

As ideias prevalentes podem ser egosintônicas, carregadas de força afetiva, e geralmente fundadas em fatos vivenciados no passado e a crença do indivíduo nelas não é tão forte ou inamovível quanto no delírio. 

Linguagem

A linguagem é o principal instrumento de comunicação dos seres humanos e é fundamental na elaboração e na expressão do pensamento. 

Além disso, propicia a afirmação do eu, em oposição ao mundo. 

Existem diversas alterações da linguagem, desde as que advém de lesões neurológicas como a afasia, disgrafia, até as consequentes à transtornos psiquiátricos, como a logorréia, a estereotipia verbal, ecolalia.

Afetividade

É a capacidade individual de experimentar o conjunto de fenômenos afetivos (tendências, emoções, paixões, sentimentos). Ela dá cor, brilho e calor às vivências. 

A afetividade se refere a capacidade do ser humano de ser afetado positiva ou negativamente tanto por sensações internas como externas. Dentro dela, está o Humor – o tônus afetivo basal do indivíduo em determinado momento.

Dentre as alterações da afetividade temos:

  • Alterações do humor: distimias, disforia, depressão, hipertimia, hipotimia, êxtase, ansiedade, angústia e medo. 
  • Alterações dos sentimentos: apatia, inadequação afetiva ou paratimia, distanciamento afetivo, sentimento de falta de sentimento, anedonia, ambivalência.

Vontade

É relacionada com as esferas instintivas, afetivas e intelectivas (avaliar, julgar, analisar, decidir), bem como com o conjunto de valores, princípios, hábitos e normas socioculturais do indivíduo. 

Está ligada a forças instintivas inconscientes e da esfera afetiva, mas também a valores culturais conscientes e ao desejo (querer, anseio, de natureza consciente ou inconsciente, que visa sempre algo, que busca sempre a sua satisfação).

O ato volitivo (ou ato de vontade) pode ser expresso por “eu quero” ou “eu não quero”. Os motivos, ou razões intelectuais influenciam o ato volitivo. 

As influências afetivas atrativas ou repulsivas pressionam a decisão volitiva para um lado ou para outro.

A Hipobulia e abulia são as principais alterações da vontade. E os atos impulsivos e compulsivos são os resultados patológicos dos seus atos.

O ato motor é o componente final do ato volitivo que envolve a psicomotricidade.

As alterações da psicomotricidade frequentemente são a expressão final de alterações da volição. 

São alterações da psicomotricidade: estupor, flexibilidade cérea ou cerácea, agitação psicomotora, catalepsia, maneirismos, alterações da marcha.

Sugestão de leitura complementar

Embora as alterações das funções mentais sejam muito amplas, é necessário que todos os médicos saibam reconhecer as principais alterações. Em caso de dúvidas, o encaminhamento ao psiquiatra é sempre indicado.

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Referências bibliográficas

  • Dalgalarrondo, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais [recurso eletrônico] / Paulo Dalgalarrondo. – 3. ed. – Porto Alegre: Artmed, 2019.
  • Jaspers, K. Psicopatologia Geral. São Paulo, Atheneu; 1996.

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