Cardiologia

Resumo sobre síncope | Ligas

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Síncope é uma perda transitória de consciência, causada por hipoperfusão cerebral, que ocorre concomitantemente com uma perda de tônus postural, seguida de rápida recuperação da consciência de forma espontânea (1, 2, 3). Pode ser causada por uma lista extensa de etiologias, e as etiologias cardíacas normalmente são as que tem pior prognóstico.

É de suma importância que a história do paciente seja colhida de forma adequada e que o exame físico seja bem feito, pois este pode fornecer informações importantíssimas para o diagnóstico, sem que haja necessidade da solicitação de tantos exames complementares. Testemunhas também podem fornecer informações importantes sobre os acontecimentos, então é importante que seus relatos sejam ouvidos.

Causas da síncope

A síncope pode ser classificada em 3 categorias, conforme a Sociedade Europeia de Cardiologia:

  • Síncope reflexo-mediada;
  • Síncope por hipotensão ortostática;
  • Síncope cardíaca.

Síncope reflexo-mediada

Também conhecida como síncope vasovagal, é a causa mais comum de síncope (corresponde a cerca de 50% dos casos). A maior parte das pessoas tem um único caso isolado, mas pode tornar-se recorrente para alguns pacientes. É caracterizada pela ocorrência de um pródromo antes da síncope, o que indica à vítima que ela pode perder a consciência em instantes. Esse pródromo também pode ser chamado de pré-síncope, e seus principais sintomas são: palidez, sudorese, náusea e alterações na visão.

Causas

Pode ser causada por estresse emocional (visão de sangue, por exemplo) ou por ações que ativem o reflexo vasovagal, como a tosse, a urinação e a alimentação copiosa.

Tratamento

A síncope reflexo-mediada pode ser revertida se a vítima assumir uma postura supina e elevar as pernas. Ela pode tratada com beta-bloqueadores e disopiramida. O prognóstico é bom, já que não envolve doenças cardíacas sérias.

Síncope por hipotensão ortostática

Causas

Pode ocorrer por depleção do volume intravascular (diarreia intensa ou vômitos), insuficiência autonômica, por drogas ou por perda de reflexos vasomotores relacionados à idade. É comum em idosos e diabéticos. Pode ser causada por mudança abrupta em postura (a vítima estava sentada e ficou em pé rapidamente) ou por períodos prolongados em pé. O paciente também apresenta pré-síncope antes do episódio.

Tratamento

O tratamento deve ser realizado com a administração de sódio e de fluidos. Se for recorrente, fludrocortisona deve ser utilizada.

Síncope cardíaca

A síncope cardíaca é a mais grave. Ocorre repentinamente e sem pródromo (sem pré-síncope). Ela pode ser a primeira manifestação de uma condição cardíaca grave.

Causas

Arritmias e obstrução de fluxo sanguíneo (como estenose de aorta, miocardiopatia hipertrófica, TEP etc.) são as principais causas. Os pacientes com cardiopatias orgânicas são o maior grupo de risco. Se a síncope é causada por uma taquidisritmia, o paciente pode queixar-se de palpitações, mas isso não é considerado pré-síncope. Taquicardia e fibrilação ventricular, torsades de pointes, síndrome de Brugada e de Wolff-Parkinson-White são condições que podem causar a síncope. As bradiarritmias também podem causá-la.

Tratamento

Deve ser realizado de acordo com a doença cardíaca envolvida.

Diagnóstico de síncope

O primeiro objetivo no diagnóstico da síncope é eliminar causas que possam causar morte imediata do paciente, como hemorragias, além de definir se a causa da síncope é cardíaca ou não cardíaca.

História e Exame Físico

Na coleta da história do paciente, deve-se buscar esclarecer os eventos que ocorreram antes, durante e após a perda de consciência. Deve-se perguntar ao paciente os medicamentos que ele está tomando. A polifarmácia, em idosos, constitui uma causa importante de síncope. Os fármacos que podem causar síncope são: anti-hipertensivos, analgésicos, depressores do SNC, antidepressivos, e medicações que prolongam o intervalo QT. Caso o evento possua testemunhas, é importante que elas sejam questionadas sobre como ocorreu o incidente.

Durante o exame físico, deve-se verificar a pressão do paciente em diferentes posturas (em pé e sentado). Deve-se auscultar o coração do paciente na procura de sopros e o exame de estado mental deve ser feito.

Exames Complementares

  1. ECG deve sempre ser solicitado em busca de esclarecimento de possíveis causas cardíacas.
  2. Um hemograma completo deve ser solicitado, bem como outros exames laboratoriais, a depender da suspeita.
  3. Ecocardiograma deve ser solicitado (se causa cardíaca for provável).

Convulsões e Síncope

É muito importante, durante a entrevista do paciente e das testemunhas, que o médico os questione acerca da existência de movimentos tônico-clônicos durante o evento, para que o diagnóstico de síncope, ou de convulsão (se existirem movimentos tônico-clônicos) seja feito. Apesar de síncope e convulsão serem diagnósticos diferentes, podem existir causas neurológicas para a primeira, como enxaqueca, ataque isquêmico transitório e acidente vascular encefálico que ocorre na área vertebrobasilar.

Você também pode investigar de forma detalhada sobre os tipos de síncope, sua abordagem diagnóstica detalhada, manejo na emergência, ou ainda o código da síncope no CID-10.

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Autores, revisores e orientadores:

  • Autor: Bernardo Chaves Lima
  • Revisor: José Roberto Gomes Francilino Filho
  • Orientadora: Sandra Nívea dos Reis Saraiva Falcão
  • Liga: Programa de Educação em Reanimação Cardiorrespiratória (PERC)
  • Instagram: @perc_ufc