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Quando se fala na rotina da residência em Ortopedia e Traumatologia, é importante lembrar que as duas áreas lidam com lesões nas áreas ósseas e musculares. Porém, enquanto a Ortopedia é dirigida para problemas crônicos e congênitos, a Traumatologia atua de forma mais emergencial, a partir de traumas como quedas.
O Brasil possui 15.598 especialistas em Ortopedia e Traumatologia (4,1% de todas as especialidades), que por sua vez é a primeira opção de 5,2% dos recém-formados em Medicina (ou seja, é a 6ª área mais procurada). 2.292 médicos cursam a residência médica na especialidade, que tem 3.037 vagas autorizadas. Os dados são do estudo Demografia Médica no Brasil 2018, feita pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).
Saiba mais sobre como é a rotina de quem faz a residência em Ortopedia e Traumatologia. A Sanar Residência Médica conversou com Bruno Macedo, que está no R3 de Ortopedia e Traumatologia no Hospital do Subúrbio em Salvador (BA).
“Escolhi Ortopedia porque queria uma área cirúrgica e acho a especialidade muito resolutiva. Além disso, o hospital em que atuo é voltado 100% para trauma, e tem uma demanda alta”, explica o médico.
Aprenda tudo o que você precisa antes de escolher a residência em Ortopedia e Traumatologia. Saiba mais sobre a rotina dos residentes da especialidade e veja como você pode seguir o mesmo caminho!
Como a residência é dividida
A residência em Ortopedia e Traumatologia tem duração de três anos e o acesso é direto. Para ser especialista, é preciso não apenas concluir a residência, como também obter o título pela Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT).
Durante os três anos, o residente passa por enfermaria, exames de imagem, preparação de pacientes para cirurgia, auxilia residentes do R3 e, mais tarde, também passa a atuar em centro cirúrgico e supervisão de R1 e R2. A Matriz de Competências da Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM) tem, entre algumas atividades para cada ano da especialidade:
- R1: desenvolver e aprofundar conhecimentos em anatomia, biomecânica e fisiologia humana do sistema musculoesquelético, com ênfase em anatomia de vias de acesso cirúrgico ortopédico e semiologia ortopédica; contato com literatura ortopédica nacional e internacional e com estudo de metodologia científica; desenvolver princípios para diagnóstico e tratamento de afecções em traumatologia e medicina de urgência, entre outras;
- R2: dar continuidade a treinamento de competências desenvolvidas no R1, estimulando aplicação de raciocínio diagnóstico e elaboração de propostas terapêuticas para afecções do sistema musculoesquelético, incluindo doenças ortopédicas e de reumatologia, neurologia, cirurgia vascular, mal formações congênitas e deformidades adquiridas;
- R3: consolidação do conhecimento global dos anos anteriores e aprofundamento nas afecções específicas dos segmentos, orientados pelos grupos das seguintes áreas de conhecimento: Coluna, Quadril, Joelho, Pé e Tornozelo, Ombro e Cotovelo, Cirurgia da Mão, Dor, Tumores, Ortopedia Pediátrica, Osteometabólicas, Trauma, Reconstrução de Membros, Fixadores Externos e Artroscopia.
Leia também: Calendário de residência médica 2021
Bruno diz que o primeiro ano é mais voltado para enfermaria ortopédica. Ao mesmo tempo, o residente “aprende a diagnosticar fraturas, atua em pré-operatório, enfermaria e pós-operatório. Além disso, auxilia o processo cirúrgico. No caso do R2, você tem uma vivência maior em centro cirúrgico e participação em ambulatórios de especialidades. Destaca-se mais a parte ortopédica do que trauma”, diz.
Já o residente do terceiro ano pode encontrar diferentes atuações, dependendo de onde faz a residência em Ortopedia e Traumatologia. “No que eu faço, atuo em cerca de 10 a 12 cirurgias ao dia. Porém, tem hospital que faz três procedimentos por semana. Mesmo assim, o R3 é 100% cirúrgico e, ao mesmo tempo, responde interconsultas com outras especialidades. Por fim, atua na avaliação de pacientes de UTI”, revela o especialista.
Alinhando as principais expectativas
Bruno acredita que não viu na graduação de Medicina a Ortopedia como ela é. Por isso, “fiz parte da liga de Ortopedia em Natal e, com essa vivência, vi a residência como opção”, diz.
Apesar do começo intenso, o aprendizado é recompensador. “O início é puxado porque você precisa abdicar de muita coisa. Porém, o conhecimento que minha residência proporcionou permite ter aprendizado rápido. Dessa maneira, você se sente seguro em atuar por estar imerso na Ortopedia”, conta o médico.
O melhor da residência em Ortopedia e Traumatologia
Bruno Macedo acredita que a possibilidade de resolver problemas dos pacientes de forma rápida é a melhor parte da residência.
“É uma especialidade clínica e cirúrgica e, ao mesmo tempo, tem resolutividade. Em Ortopedia, se alguém chega com uma fratura, você utiliza tecnologia ortopédicas e pode fazer a pessoa sair andando no dia seguinte. O paciente pode ter uma fratura no fêmur e, depois de operar, já podemos pedir para que a pessoa fique em pé, por exemplo”, analisa.
Além disso, ele conta que a instituição na qual atua é referência e possui infraestrutura muito boa. Tanto em relação a equipamentos quanto aos profissionais e protocolos que são seguidos.
O mais difícil
Para quem está pensando em fazer a residência médica em Ortopedia e Traumatologia, é importante lembrar que o dia a dia pode ser mais intenso do que se imagina.
“A rotina é pesada, na Medicina é famosa a ideia de que Ortopedia tem uma carga horária mais pesada do que outras especialidades. Isso tanto sobre o trabalho quanto estudos”, revela Bruno Macedo. Por exemplo, é inerente da especialidade cirúrgica ficar até o fim do procedimento. Mesmo que ele vá além da carga horária, afirma o médico.
Ele também afirma que, no R3, a demanda de trabalho diminui um pouco. Porém, a cobrança aumenta por causa da prova da de título da SBOT (que por sua vez é bem visto no mercado).
Expectativa de trabalho e emprego
Falando em mercado, quem faz a residência em Ortopedia e Traumatologia pode atuar em áreas. Reconstrução e alongamento ósseo, ombro e cotovelo, traumatologia, cirurgia de quadril, ortopedia pediátrica, oncologia ortopédica, cirurgião de mão, de joelho ou da coluna são algumas delas. Além disso, o trabalho pode ser feito em consultórios, prontos-socorros, ambulatórios e centros cirúrgicos.
Pesquisa do site Salario.com.br junto a dados oficiais indica que o profissional tem salário médio de R$ 6.296,06. A carga horária semanal é de 21 horas.
“De modo geral, a maior vantagem da residência é poder trabalhar com qualidade de vida. Com a especialização, você atua com aquilo que gosta. Mesmo plantões de urgência e emergência são um pouco mais tranquilos. Afinal as condutas ortopédicas são bem definidas e não trazem muitas dúvidas. Dessa maneira, você atua com mais tranquilidade”, afirma o residente.
Conclusão sobre a rotina da residência em Ortopedia e Traumatologia
Bruno recomenda aos médicos que pensam em fazer residência em Ortopedia e Traumatologia que pesquisem a respeito da área e da instituição. “Tenha contato com a especialidade, para ver se é o que você realmente quer. Se for, você vai gostar, então é importante ter uma ideia antes de entrar”.
Além disso, ele também entende que a Ortopedia proporciona uma atuação menos intensa do que em relação a outras especialidades. “Gosto muito de Clínica Médica, por exemplo. Mas Ortopedia oferece mais tranquilidade para conduzir a atuação”, exemplifica.

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