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A rotina da residência de Pneumologia envolve muito aprendizado em áreas de atuação diversas e, principalmente, que estão em expansão. Afinal, a especialidade é dedicada ao estudo de doenças das vias respiratórias (incluindo brônquios, traqueia, pulmões e estruturas relacionadas) que, por sua vez, são cada vez mais comuns com o aumento da poluição.
No Brasil, de acordo com a Demografia Médica Brasileira de 2018, do Conselho Federal de Medicina (CFM), temos 3.412 pneumologistas. A especialidade é primeira opção de apenas 0,1% dos recém-formados em Medicina. Quando falamos em Residência Médica, 174 profissionais estavam na especialidade, que por sua vez contava com 407 vagas autorizadas, de acordo com o mesmo levantamento.
Saiba mais sobre como é a rotina da residência de Pneumologia! Quem conta detalhes sobre essa especialidade é a Sofia Martin, que após a graduação pela Faculdade de Medicina do ABC em 2015, concluiu Clínica Médica na Unifesp em 2019 e, depois, passou para a residência de Pneumologia no Hospital das Clínicas da USP. A conclusão será em fevereiro de 2021.
“Na Clínica Médica, em contato com subespecialidades, foi a primeira vez em que pensei em fazer pneumologia, isso porque abrange muito de terapia intensiva, de exames diagnósticos como espirometria e broncoscopia, e ainda a parte ambulatorial. Por isso, achei uma área com ampla abrangência”, explica Sofia sobre a escolha da especialidade.
Ela escolheu a USP “porque o serviço de UTI respiratória é muito forte. Aqui, tenho mais vivência na parte de MEdicina Intensiva, com foco em UTI respiratória”, revela.
São muitas coisas que você deve entender antes de entrar na residência de Pneumologia. Então veja detalhes sobre a especialidade e faça uma boa escolha!
Como a residência é dividida
A residência de Pnemologia tem duração de dois anos e carga horária semanal de 60 horas. Vale lembrar que a especialidade tem como pré-requisito a residência em Clínica Médica. De acordo com a Matriz de Competência estabelecida pela Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM), Pneumologia tem a seguinte divisão:
- R1: conhecimento teórico-prático com fundamentos e princípios da Pneumologia, além de domínio das principais ferramentas e métodos clínicos utilizados na especialidade, comunicação em equipe e com pacientes, manejo em estágio final de vida e cuidados paliativos em doenças respiratórias, preenchimento de prontuário médico, elaboração de prescrição segura, entre outras competências;
- R2: competências de conhecimento, atitudes e habilidades na Pneumologia com o grau crescente de complexidade do treinamento, com realização, supervisão e interpretação dos testes de exercício e conhecimento do funcionamento e tipos de equipamento e o controle de qualidade, realização, supervisão e interpretação de testes de capacidade física de campo, avaliação de disfunção e incapacidade física de pacientes, realização e interpretação da ultrassonografia de tórax, entre outras.
“No R3 (primeiro ano de Pneumologia), ficamos muito em enfermaria e damos plantões. É bem pneumo geral. Aprendemos a manejar pacientes, agir com intercorrência, e também rodamos em ambulatório e laboratório de função pulmonar, além de laboratório do sono e ainda na parte de transplante pulmonoar”, conta Sofia.
Já no último ano, o R4, “rodamos mais em UTIs, ambulatórios e interconsultas com outras especialidades, que pedem a opinião do pneumologista. Ainda vemos oncologia”, complementa.
Alinhando as principais expectativas
Entre as principais expectativas no início da residência de Pneumologia, Sofia afirma que esperava ver a diversidade de atuação do profissional. “Tinha expectativa de ter a variedade de ambientes de atuação e isso realmente se fez valer. Temos muita atuação em UTI, que é a parte que mais gosto. Também atuamos em intervenções diagnósticas e exames. Ainda mais agora na pandemia de uma doença que acomete muito o pulmão, a atuação do pneumologista está cada vez mais importante”, revela.
Além disso, “em locais onde atuo como clínica, consigo ter um olhar melhor do paciente com acometimento pulmonar porque a residência em Pneumologia ampliou meus diagnósticos. Por fim, a nossa formação na USP é muito boa, especialmente quando, no R4, você tem dimensão do que aprendeu e pode resolver interconsultas, questionamentos de outros colegas etc. No R4 dá para ver o quanto aprendemos sobre a área”, opina Sofia.
O melhor da residência em Pneumologia
A melhor parte da residência em Pneumologia para Sofia é a autonomia em plantões de UTI. “Posso atuar em ventilador com mais liberdade, sabendo o que estou fazendo. Mesmo atuando em Clínica Médica, ter feito residência em Pneumologia me ajudou a ter mais confiança”, revela.
“Além disso, você se especializa mais para o ambiente de trabalho, e mesmo quem não está concluindo a residência já recebe propostas de trabalho, o que indica como o mercado está bom”, opina a especialista.
O mais difícil
Sofia Martin conta que o mais difícil, dependendo da instituição na qual se fizer a residência em Pneumologia, é a carga horária de plantões, que é bem puxada.
“O ideal é se organizar, pois se na Clínica Médica já saímos dando plantões, com a residência de pneumo vêm mais plantões ainda. É bom montar um calendário para se organizar”, diz a médica.
Expectativa de trabalho e emprego
Quando falamos em mercado de trabalho para a residência de Pneumologia, consultórios particulares são uma das principais opções, mesmo no caso de recém-formados.
Além disso, é possível atuar em hospitais, que têm remuneração variável de acordo com a localização. Atuação em clínicas de função pulmonar, sobreaviso hospitalar na broncoscopia, em Medicina do Sono ou mesmo na área acadêmica são outras opções.
As áreas nas quais o pneumologista pode atuar abrangem fisiologia e fisiopatologia do exercício e respiratória, Dpoc, reabilitação pulmonar, asma e rinite, doenças intersticiais, respiratórias ocupacionais, função pulmonar, tabagismo, terapia intensiva, risco cirúrgico, insuficiência respiratória, oxigenoterapia e muitas outras.
Para uma jornada de trabalho semanal de 17 horas, profissionais de Pneumologia ganha remuneração média de R$ 6.928,03, de acordo com pesquisa de dados oficiais selecionada pelo site Salario.com.br.
Veja mais sobre a carreira da Pneumologia no vídeo feito pela professora Sanar Milena Cerezoli:
“Chamam o pneumologista muito para interconsulta em ambiente hospitalar e também para atuar como pneumologista geral. Quero me subespecializar em broncoscopia por conta de uma questão pessoal, mas também porque os exames para elucidação diagnóstica nessa área são regulares. A ideia é complementar a minha atuação e, se houver indicação de exames, também poderei oferecer esse serviço”, diz Sofia Martin.
Conclusão sobre a rotina da residência de Pneumologia
A rotina tem carga horária cansativa, mas fazer a residência de Pneumologia aumenta as possibilidades de atuação profissional, conta Sofia.
“Às vezes, na Clínica Médica temos dificuldade em escolher uma especialidade. Porém, na Pneumologia a atuação é ampla e você pode estar em vários ambientes. Para quem gosta de Clínica Médica, também traz muitos diagnósticos diferenciais”, explica.
Dessa forma, Sofia está bem feliz com a escolha pela residência. “Sinto uma realização pessoal porque a residência em Pneumologia me fez ser uma melhor clínica e, ao mesmo tempo, me deixou preparada para atuar nas especificidades de doenças pulmonares e outras”, revela.
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