Índice
A residência de Radiologia tem uma rotina intensa tanto em atuação quanto estudos. A especialidade médica utiliza raio-X, ultrassom, ressonância magnética e uma série de outros métodos para enxergar possíveis problemas no corpo, e é muito interessante para quem está em busca de conhecimentos amplos sobre diferentes áreas e, ao mesmo tempo, quer atuar com boa qualidade de vida.
Como mostra a Demografia Médica no Brasil 2018, feita pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). o país conta com 12.233 especialistas (3,2% do total de especialidades). No ano anterior, 1.290 médicos cursavam a residência de Radiologia, que possíai 1.776 vagas autorizadas. Do total de recém-formados, 5,2% optam por essa especialidade.
Descubra como é a rotina da residência de Radiologia com o depoimento que a Sanar Residência Médica recebeu de Lara Kertznan, que está no R1 de Radiologia no A.C. Camargo Cancer Center, em São Paulo.
Tem muita coisa que você precisa saber antes de escolher a residência em Radiologia. Saiba mais sobre a especialidade, a rotina e veja o que para seguir o mesmo caminho!
Por que escolher residência de Radiologia?
Formada na Escola Bahiana de Medicina no fim de 2019, Lara afirma que existia a possibilidade de ir para uma especialidade relacionada a Cirurgia. “Mas vi que poderia optar por um curso ‘intermediário’ entre cirurgia e melhor qualidade de vida. Por isso, escolhi Radiologia, que tem uma parte que permite realização de microprocedimentos cirúrgicos”, revela.
“Achei bem inovador, como no caso de procedimentos minimamente invasivos. Além disso, também me interessa bastante a área oncológica e o A.C. Camargo é uma instituição reconhecida nessa área”, complementa.
Lara também conta que escolheu a mudança de Estado por questões técnicas. “O programa de residência na instituição é antigo e, também, quis vir para São Paulo por causa dos recursos que existem aqui em relação a Radiologia. A especialidade exige tecnologias avançadas, por isso era importante estar aqui”, revela.
Como a residência é dividida
Com duração de três anos, a Residência em Radiologia tem acesso direto e carga horária de 60 horas semanais. A Matriz de Competências traz a seguinte divisão sobre o que se espera dos residentes em cada ano:
- R1: compreender e avaliar princípios básicos de física da formação da imagem em todas as modalidades, técnicas de arquivamento de imagens e sistemas de comunicação (PACS), e de informação hospitalar, controle de qualidade e gestão da qualidade, física da radiação, biologia da radiação e proteção radiológica, dominar anatomia e fisiologia da imagem normal, analisar e interpretar exames de Raios-x, Mamografia, Ultrassonografia e Tomografia computadorizada, entre outras;
- R2: avaliar e interpretar exames de Raios-x, Mamografia, Ultrassonografia, Tomografia Computadorizada, Ressonância Magnética, Densitometria Óssea e Medicina Nuclear; indicar e conduzir a investigação por métodos de imagem das doenças e síndromes mais prevalentes em cada sistema; dominar protocolos de exame apropriados para cada investigação; executar, orientar e supervisionar a equipe técnica/biomédica para a realização de exames utilizando princípios de otimização e segurança etc.;
- R3: domínio de competências para organizar e conduzir um serviço de imaginologia clínica, ambulatorial ou hospitalar, de maneira independente e eficaz; domínio da realização das intervenções guiadas por métodos de imagem mais comuns para cada sistema, entre outras.
Lara conta que a divisão da residência de Radiologia pode ser “por método de exame ou por área do corpo. No caso da minha residência, a divisão é por método, então no R1 o foco é maior em ultrassom, raio X, noções de mamografia, medicina nuclear e tomografia”, conta.
“No R2, tem mais atuação em tomografia, mamografia, ressonância e procedimentos guiados por ultrassom. No R3, o foco é em ressonância e intervenções guiadas por tomografia. Ao contrário de outras especialidades, vejo o R1 da residência de Radiologia mais leve do que os outros, pois no R1 você chega tão verde que não dá plantão, por exemplo. Dessa forma, você pode estudar mais e aumentar a sua base de conhecimento”, explica Lara “Quanto mais tempo você fica, mais responsável por plantões e exames se torna, como no caso de ultrassom de emergência. Assim, você vai aprendendo a configurar aparelhos e mexer em programas”, explica a residente.
Alinhando as principais expectativas
“Sinto que sou muito diferente de quando entrei para agora”, diz Lara Kertznan. “Ao longo desse ano, a residência de Radiologia me mostrou que você entra sem saber nada e que o primeiro dia é como o começo de uma nova faculdade. Dessa forma, apesar de acharmos que a curva de aprendizado é lenta, em um ano você evolui bastante e, depois, já pode dar plantões. Estou adorando, pois demanda saber muito bem a parte clínica e dar laudos que ajudam outras especialidades. Você como radiologista pode dar informações muito úteis para outros médicos e para o paciente também”, avalia.
Além disso, a residência em Radiologia é bem diferente do que Lara esperava. “Imaginava que ficaria no background, sem contato com o paciente, e vejo que o radiologista é fundamental na dinâmica médica e faz toda a diferença. Ao fazer ultrassom ou em outros serviços, você tem mais contato com pacientes porque eles estão ali no exame para você conversar.Ao mesmo tempo, você recebe outras especialidades e contribui com diagnósticos, perpassando por todas as áreas”, explica Lara.
O melhor da residência em Radiologia
“É um ambiente muito bom de se estar, no qual dá vontade de estudar e você tem essa possibilidade”, afirma Lara sobre o que acredita ser a melhor parte da residência em Radiologia.
“Além disso, posso ver a evolução do meu aprendizado e sei que poderei trabalhar como especialista em pouco tempo”, continua ela. “É importante ter envolvimento dessa forma, estudar o que você gosta, atuar com isso e ver o seu trabalho fazendo a diferença em outras especialidades e, também, na vida dos pacientes”.
O mais difícil
Lara acredita que o desafio da Radiologia é conseguir ser um bom clínico, para conhecer patologias e dar bons laudos. “Se você não consegue correlacionar as coisas, não vai adiantar. O desafios é propor o laudo, que é um documento oficial, da melhor forma possível. Afinal, é o laudo que decide cirurgias, tratamentos fitoterápicos e diz se o paciente precisa de uma operação ou não, por exemplo”, exemplifica a especialista.
“O desafio é se preparar, dar o laudo mais fidedigno possível para ajudar o paciente. Como estou em um centro de câncer, o meu setor faz muito laudo para definir continuidade ou não de quimioterapia e, nesse caso, os médicos só conseguem ver se o paciente responde ou não ao tratamento por meio das nossas imagens”, comenta Lara.
Expectativa de trabalho e emprego
O mercado de trabalho para Radiologia está em expansão e permite atuar tanto no setor privado quanto público, ou abrir o próprio negócio. O rendimento médio do radiologista é de R$ 6.307,48, com jornada de 23 horas semanais, diz o site Salário com base em dados oficiais.
Lara traz importantes reflexões sobre a atuação profissional e como quem faz residência em Radiologia pode se destacar. “Não podemos falar no mercado de Radiologia sem falar em Inteligência Artificial. A especialidade está passando por mudanças por causa disso. Também atuamos com ultrassom, em laudos tomográficos, telemedicina e subespecialidades como músculo, cabeça e pescoço, neuro, medicina intervencionista e outras”.
“Quanto mais você sair da toca e não ficar só laudando por imagem, quanto mais circular, melhor. Tenho pensado em Medicina Intervencionista para atuar em procedimentos minimamente invasivos, como por exemplo biópsia guiada por tomografia. É uma área muito em alta que me atrai bastante”, opina.
Conclusão sobre a rotina da residência de Radiologia
“A importância da Radiologia é a interface da clínica com a anatomia, do que o médico pode ver que está acontecendo dentro do paciente, é uma evolução da Medicina”, opina Lara sobre a residência de Radiologia. Isso faz superar quaisquer desafios relacionados a carga horária ou à ansiedade em busca de aprendizado.
Aliás, ela tranquiliza quem pensa em fazer a especialidade, mas está com receio. “Fique tranquilo, pois você vai conseguir aprender. A evolução acontece. Se quer ser um bom radiologista, vá além de aprender a ver a imagem, pois o mais difícil é traduzir a imagem para um contexto clínico que ajude médicos. Não foque apenas em medir e ver imagens: extrapole isso para agregar valor aos laudos. Nenhum robô de Inteligência Artificial faz isso, e é por isso que o médico radiologista é tão importante”, analisa Lara.
Posts relacionados:
- Rotina da residência em Clínica Médica
- Rotina do residente de Infectologia
- Rotina do residente de Neurologia
- Rotina da residência de Pediatria
- Rotina do residente de Ginecologia e obstetrícia
- Rotina do residente de Dermatologia
- Rotina do residente de Anestesiologia
- Rotina do residente de Cirurgia do Aparelho Digestivo
- Rotina do residente de Cirurgia Vascular
- Rotina do residente de Ortopedia e Traumatologia
- Rotina do residente de Cardiologia
- Rotina da residência em Pneumologia
- Rotina do residente de Nefrologia
- Rotina do residente em Gastroenterologia
- Rotina do residente em Oncologia
- Rotina da residência em medicina de emergência